Ao término da partida, o técnico analisou sua trajetória como interino do Vasco:
– Enfrentamos um cenário complicado. Nossa prioridade inicial foi resgatar a confiança dos jogadores. Enfatizamos a importância do equilíbrio e da organização defensiva. Conseguimos devolver a segurança aos atletas. Temos um grupo experiente, com jogadores líderes, mas era fundamental reconstruir a confiança. Conquistamos um resultado positivo contra o Fortaleza, que nos manteve vivos. Apesar da derrota diante do Athletico-PR, conseguimos resistir. Diante do Vitória, apresentamos evolução. Sabíamos que seria um desafio diante do Fortaleza, mas alcançamos nosso objetivo final, que era a classificação – considerou.
O novo técnico, Álvaro Pacheco, desembarcou no Rio no último domingo e, segundo Paiva, já contribuiu nos bastidores.
– Com relação a Álvaro, já tínhamos conversado com ele. Mesmo à distância, ele nos transmitiu confiança o tempo todo. É uma pessoa extremamente motivadora. Desde sua chegada, nos incentivou constantemente. Esteve presente na concentração e no vestiário. Conseguimos realizar uma transição tranquila para ele. Já está muito bem informado sobre toda a situação – relatou.
Diante do Fortaleza, o Vasco esteve em desvantagem no placar em duas ocasiões. Após o segundo gol dos visitantes, o técnico gerou irritação na torcida ao substituir João Victor e Galdames por Mateus Carvalho e Pumita. A reação negativa se deveu à decisão de manter Maicon em campo, mesmo após o zagueiro falhar nos dois gols do Fortaleza, levando a vaias por parte da arquibancada.
No entanto, o desfecho mostrou-se favorável para o treinador. Minutos após a alteração, Pumita fez jogada pela esquerda e serviu o segundo gol da equipe cruzmaltina, igualando o placar. Logo em seguida, Piton virou o jogo para o Vasco. Porém, nos acréscimos, Hércules empatou para o Fortaleza.
– Optei pela substituição de João Victor porque ele estava pendurado com um cartão amarelo e não poderia arriscar perder um jogador por expulsão. Com a pressão aumentando, sofremos algumas transições. A ideia foi justamente evitar o risco da expulsão e inserir Pumita, algo que já havíamos trabalhado durante a semana – justificou Paiva.
Além de planejar as estratégias para a classificação, Rafael Paiva teve que gerenciar, juntamente com os jogadores, as informações sobre a disputa entre a Associação e a SAF do Vasco, que enfrentam um impasse judicial.
– Nos reunimos com os atletas para abordar o assunto. No entanto, deixamos claro desde o início que o foco principal deveria ser o jogo; não poderíamos permitir que qualquer informação prejudicasse nosso desempenho em campo.
Paiva estava à frente da equipe Sub-20 do Vasco quando ocorreu a polêmica que resultou na saída conturbada do técnico Ramón Díaz do clube, após uma derrota para o Criciúma. No mesmo dia, ele foi nomeado interino. Após essa experiência no profissional, ele deverá retornar à categoria de base.
O novo técnico, Álvaro Pacheco, acompanhou a partida de um camarote do estádio e pôde avaliar as qualidades e fraquezas da equipe. A partir de agora, ele assume o comando com a responsabilidade de fazer o time evoluir e apresentar consistência, algo que ainda não foi observado nesta temporada.
A conquista da vaga proporciona um período de tranquilidade ao grupo. O próximo compromisso do Vasco será no dia 2 de junho, no clássico contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro.
Confira outras declarações do treinador:
Decisão sem Hugo Moura
– Levamos em consideração a semana, isso ficou muito claro desde o início para todos os atletas. Galdames e Sforza conseguiram proporcionar o equilíbrio desejado. Precisávamos de solidez defensiva, mas também de construção. Portanto, minha decisão foi baseada nesse princípio. Ambos estavam muito bem e optamos por mantê-los em campo.
Escolha e defesa de Maicon
– Transmitimos orientações para todos os jogadores. O que busquei reforçar coletivamente é que precisávamos jogar. Era necessário tentar construir as jogadas com qualidade. Sabíamos que essa opção envolvia riscos, principalmente para os defensores. Então… a pressão era grande, e acredito que tudo faz parte do jogo. Apesar dos erros cometidos, Maicon é um jogador extremamente consistente na defesa e forte no jogo aéreo. O Fortaleza é perigoso nas jogadas aéreas. A atuação de Maicon foi praticamente impecável neste aspecto. São decisões que precisam ser tomadas. Optar por um jogador que contribua mais na construção nos acarreta perdas na defesa. Maicon nos proporciona segurança defensiva e estamos buscando evoluir na criação. É um processo, acredito que tudo faz parte desse processo. O mais importante é que, de maneira coletiva, conseguimos superar as dificuldades e garantir a classificação.
Disputa entre CRVG e SAF
– Os jogadores têm acesso a todas as informações, tentamos ser transparentes. Nos reunimos com os atletas para abordar o assunto. Contudo, ficou claro desde o início que o jogo era o foco principal; não poderíamos permitir que qualquer informação prejudicasse nosso desempenho em campo. Acredito que os atletas deram a resposta necessária em campo. A equipe estava muito concentrada, determinada e com a vontade de classificar. Acompanhamos todas as informações, mas não podemos perder de vista o mais importante: nossa concentração e foco no jogo. Respeitamos o jogo e o adversário. Portanto, concentramo-nos na partida, na competição, na importância de avançar de fase, e no final deu tudo certo.
Interinidade: oportunidade ou risco?
– Estou muito feliz com a oportunidade. Sabemos que atuar em um clube tão grandioso como o Vasco envolve uma grande pressão; isso faz parte da nossa profissão. Na base já enfrentamos uma certa pressão, mas não se compara à pressão no profissional. Devemos estar alinhados com nossas convicções. Sentia-me confiante quanto às minhas crenças em relação ao jogo. Faz parte da paixão da torcida vaiar, afinal, a torcida é apaixonada. Mas o peso de xingar ou vaiar é o mesmo na hora do gol, da vitória ou da classificação. Portanto, a intensidade é a mesma. O futebol é apaixonante, e a torcida demonstra isso, o que nos motiva também. Devemos estar preparados. Sinto-me muito feliz, não aliviado.
Cartão de visitas para Álvaro
– Ele nos agradeceu no vestiário. Pacheco é apaixonado também e acredito que tenha sentido toda essa vibração, emoção e o que representa o Vasco. Portanto, creio que tenha sido uma excelente primeira impressão para ele em um jogo desse nível e nessa fase. Ele agradeceu. Agora estamos passando o bastão para ele. Tenho certeza de que fará um excelente trabalho.
Emoção do confronto
– O jogo foi emocionante. Encerrei um discurso no vestiário destacando a importância daquele momento, por termos vivenciado todas essas emoções. Principalmente, por ter vivido e vencido, por avançar de fase. É isso que torna o futebol tão apaixonante; são todos esses momentos em uma partida. Costumo dizer que em uma partida há vários jogos, momentos em que você está melhor, pior, leva um gol, faz um gol. Creio que hoje o jogo foi exatamente isso, com alternância de momentos. Alternância de quem estava melhor, pior, quem marcava os gols. Estou muito feliz por ter vivido esse dia, essa noite, essa qualificação. Portanto, estou extremamente empolgado e feliz.
Dificuldade em controlar o jogo
– Acabamos sofrendo mais do que esperávamos nas transições do Fortaleza. Conseguimos circular a bola pelos lados, mas falhamos em penetrar pelo meio. Não conseguimos envolver os volantes, os meias da forma que gostaríamos. O Fortaleza conseguiu neutralizar bem nosso jogo, exerceu uma pressão eficaz. A ideia era manter mais a posse de bola. Sabíamos que o Fortaleza tem transições muito rápidas e, se nos pegasse desorganizados, poderia nos prejudicar, pois é uma equipe que termina bem as jogadas pelas laterais. Buscávamos manter a posse justamente para minimizar a pressão do Fortaleza. Conseguimos, em alguns momentos, sair dessa pressão, mas ainda é um processo. Avançamos um pouco em relação ao que vinhamos tentando nas últimas partidas. Precisamos continuar trabalhando, acredito que através de Álvaro, poderemos evoluir nesse aspecto também. É um processo, percebo uma evolução desde o primeiro jogo contra o Fortaleza até esta partida. Ainda pequena, mas estamos caminhando para alcançar o nível satisfatório que almejamos.
Léo Jardim
– Treinamos cobranças de pênalti durante toda a semana. Certamente, preferiríamos ter vencido a partida no tempo regulamentar e evitado esse tipo de tensão envolvendo as penalidades. Mas nos preparamos adequadamente. Contamos com excelentes batedores de pênalti. Léo é um goleiro excepcional. Possui um nível de Seleção. Defende muitos pênaltis inclusive nos treinos. Todos confiavam que Léo faria a diferença. Fomos bem-sucedidos em todas as cobranças, muito bem executadas. O que treinavam, conseguiram colocar em prática na hora decisiva. Há, claro, a parte mental, mas a técnica também desempenha um papel fundamental. O que eles realizam nos treinamentos reflete nas partidas. Sempre torcemos pelo melhor para o Léo. Ele é um goleiro de alto nível e certamente terá muitos triunfos ao longo de sua carreira.
Fonte: ge