A convocação veio cinco dias após o nascimento da segunda filha de Léo, Alice, que chegou no mesmo dia em que o goleiro ajudou o Vasco a se classificar para a terceira fase da Copa do Brasil, e nove dias antes de seu aniversário de 29 anos.
– Ele passou a noite no hospital esperando o nascimento da filha. Ele estava concentrado, foi para o hospital e depois voltou para o almoço. Estava com ele no Rio e o levei de volta para a concentração, porque era um jogo importante e ele se saiu bem, defendendo um pênalti e garantindo a classificação. Nesse mesmo dia, ele teve uma marca significativa ao comemorar o nascimento da filha. Em apenas cinco dias, tudo mudou para ele. Foi um período intenso e emocionante. Depois enfrentou um jogo difícil na semifinal do Carioca, onde se destacou. Foi uma semana muito positiva. A jornada ainda não acabou. Estamos vivendo a emoção dessa convocação – disse seu pai, Artur Jardim.
Início em Ribeirão Preto
O pai de Léo revelou que sempre foi o desejo do filho jogar como goleiro, apesar de ter começado atuando na linha no início de sua carreira. Seus primeiros contatos com a bola foram em uma quadra na Avenida Meira Júnior, em Ribeirão Preto.
– Ele começou aos seis anos, de forma recreativa, e nesse período atuava na linha. Mais tarde, migrou para a posição de goleiro e nunca mais saiu. Então decidimos levá-lo para o Botafogo-SP, pois ele estava levando o futebol mais a sério, mesmo sendo jovem. Porém, era necessário adquirir mais conhecimento. Optamos pelo Botafogo devido ao treinador de goleiros, Leandro Franco – relatou Artur.
Do Tricolor de Ribeirão Preto, Léo foi convidado para fazer um teste no Olé Brasil, um clube da região focado na formação de jovens atletas para o esporte, sob a direção dos irmãos Fabrício e Eduardo Zanello, este último ex-jogador do Atlético-MG nos anos 1990.
– O teste no Olé Brasil era para uma viagem que eles organizaram para a Coreia do Sul. Estavam recrutando alguns garotos e Léo acabou sendo aprovado. Ele teve que escolher entre permanecer no Botafogo ou mudar para o Olé, não podendo estar nos dois lugares. Optou por ingressar no Olé devido ao treinador de goleiros, Leandro Franco, que tinha formação no Botafogo – contou Artur.
Grêmio, Portugal e França
Com destaque no Olé Brasil, Léo Jardim despertou o interesse de grandes clubes do futebol brasileiro, a ponto de, em 2012, ser contratado pela base do Grêmio.
Iniciou sua jornada no sub-17 e logo progrediu para o sub-20, onde competiu na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014. Apesar da eliminação precoce na primeira fase, Léo Jardim foi promovido ao time profissional. Nesse período, também teve passagens pela Seleção Brasileira sub-20, após convocação de Alexandre Gallo.
– Após retornar a Porto Alegre, ele foi chamado para integrar a equipe profissional, participando da pré-temporada na cidade de Caxias. Ele iniciou bem, também fazendo parte da equipe sub-23, e mais tarde foi reserva de Marcelo Grohe, ao lado de Bruno Grassi. Léo ocupava a posição de terceiro goleiro – recordou o pai.
Sua estreia pelo time profissional do Grêmio ocorreu em um jogo da Copa do Brasil em outubro de 2016, contra o Palmeiras.
– Sua atuação foi positiva, o que o destacou mais. Em seguida, ele foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil pelo Grêmio. Nesse meio tempo, com Renato Gaúcho como técnico, chegou Paulo Victor, e Léo esperava consolidar sua posição no time principal. No entanto, surgiu o interesse do Rio Ave, de Portugal, e o Grêmio decidiu emprestá-lo – relatou Artur.
Mesmo chegando ao Rio Ave como reserva, Léo Jardim assumiu a titularidade devido à lesão do outro goleiro. Destacou-se como melhor em campo em diversas oportunidades e recebeu um prêmio do clube ao final da temporada 2018/19.
No ano seguinte, Léo foi transferido para o Lille, da França, mas a passagem foi breve, retornando a Portugal, desta vez para jogar emprestado no Boavista, porém logo retornando ao clube francês.
– Ele teve um desempenho destacado, jogando ao longo da temporada e auxiliando o Boavista em partidas decisivas, com defesas de pênaltis, o que resultou em seu retorno ao Lille. Ao disputar o torneio entre o campeão da Copa da França e o campeão francês, venceram o PSG por 1 a 0, e Léo começou a se destacar no clube. Em certo momento, ficou no banco e despertou o interesse do Vasco para retornar ao Brasil. Ele estava ansioso para voltar e decidiu aceitar a proposta – informou Artur.
Destaques no Vasco e convocação
Léo Jardim chegou ao Vasco em janeiro de 2023, com contrato válido até dezembro de 2025. No Campeonato Carioca daquele ano, o Gigante da Colina chegou à semifinal, sendo eliminado pelo Flamengo. Na Copa do Brasil, o clube foi eliminado na segunda fase, porém o goleiro não sofreu gols, já que a eliminação foi nos pênaltis contra o ABC após empate sem gols no tempo regulamentar.
No Brasileirão, teve papel fundamental para manter a equipe na primeira divisão nacional. Até o momento, já são 59 partidas defendendo as cores alvinegras.
– Acompanhamos toda sua trajetória desde o início e nunca planejamos que ele se tornasse profissional. Nunca foi uma imposição da nossa parte. Sempre esteve livre para decidir se não quisesse mais jogar futebol, poderia desistir e seguir outro caminho. Sempre lidamos com isso de forma tranquila. A maior responsabilidade por tudo que está acontecendo é inteiramente dele. Sempre foi muito focado, gostava de treinar, sempre teve esse interesse, largou tudo e seguiu em frente – comentou seu pai.
– Desde suas últimas atuações, notamos uma grande evolução, a responsabilidade que teve em manter o Vasco na primeira divisão, um clube de peso. Foi um ano de muitas lutas para ele, e começamos a nos acostumar a esperar por coisas boas. A alegria que sinto é indescritível. Léo sempre me acompanhou no futebol, assistindo a jogos, frequentando quadras esportivas, e há muitas pessoas torcendo por ele, dizendo que em breve estará na Seleção. Vamos nos acostumando com essa ideia, pois é o auge, o sonho de todo jogador. Tínhamos grandes expectativas, mas com os pés no chão, cientes de que tudo que está ocorrendo é grandioso, algo para poucos profissionais. É uma recompensa por todo o seu trabalho. Estamos extremamente felizes – afirmou Artur.
Para seu pai, Léo Jardim é motivo de orgulho não apenas pelas conquistas em campo, mas também pelas atitudes no dia a dia, sempre disciplinado e querido por aqueles ao seu redor.
– Agora se inicia uma nova fase. A convocação é significativa, mas vem junto a uma etapa mais desafiadora, pois ele precisará mostrar seu valor para agarrar essa oportunidade – concluiu o pai.
Fonte: ge
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