O atacante Vegetti teve um 2023 intenso. Após ser o goleador do Campeonato Argentino pelo modesto Belgrano no primeiro semestre, ele ingressou no Vasco em agosto, durante o pior momento da temporada do clube. No entanto, em seu primeiro jogo, mostrou sua qualidade ao marcar o gol da vitória sobre o Grêmio, iniciando a arrancada para sair da zona de rebaixamento, que só terminou na última rodada. Vegetti foi um dos destaques dessa recuperação no segundo turno do Campeonato Brasileiro. Após toda essa luta para sair da zona do Z4, o argentino conversou com a Trivela sobre seu começo no Vasco, onde deseja “se estabelecer” para viver dias ainda melhores no futuro.
Contratado no início de agosto, nos últimos dias da janela de transferências, Vegetti rapidamente conquistou a vaga no time titular e se tornou o principal atacante do Vasco na batalha contra o rebaixamento. Em 21 jogos, ele marcou dez gols e deu uma assistência, sendo o artilheiro do clube no Brasileirão. Durante esse período, a equipe conquistou 33 pontos, o que foi fundamental para permanecer na Série A. Após o apito final da partida contra o Red Bull Bragantino, Vegetti não conteve a emoção e caiu no gramado de São Januário, visivelmente emocionado.
“Foi um sentimento de dever cumprido e alívio. Eu até mesmo dei uma entrevista ainda no campo, dizendo que lutar contra o rebaixamento é muito mais difícil e desgastante do que lutar pelo título. O Vasco precisou correr muito atrás, pois começou o campeonato pontuando muito pouco. Tinha apenas três vitórias quando cheguei. O grupo se fechou e passamos por meses de muita pressão, mas também de crença no nosso potencial. Colhemos o que plantamos e, graças a Deus, o Vasco permaneceu na elite”, afirmou Vegetti à Trivela.
Quando Vegetti chegou ao Vasco, o time estava na 19ª colocação do Brasileirão, com apenas 12 pontos. A partir de então, cada jogo se tornou uma “final” para o clube. No entanto, Vegetti não se intimidou com essa pressão e rapidamente se tornou a esperança da torcida para evitar o rebaixamento. Para ele, o bom momento que viveu na Argentina foi essencial para manter o ritmo no Vasco.
“Chegar a um clube do tamanho do Vasco já é uma grande responsabilidade. E isso se intensifica numa situação de risco, aumentando a pressão para minimizar erros. Mas sempre fui movido por desafios e nunca fugi de nenhum. Felizmente, vinha jogando na Argentina, e não senti o ritmo de jogo. Também me adaptei rapidamente ao grupo, o que foi fundamental para manter minha regularidade desde os primeiros jogos”, disse o argentino.
Início difícil na carreira e desafio no Brasil
Aos 35 anos, Vegetti vive seu melhor momento na carreira. No entanto, até chegar aqui, o argentino batalhou muito, inclusive passando por clubes praticamente amadores das divisões inferiores do futebol argentino. Ele iniciou a carreira no Union Santo Domingo, de Santa Fé, na Argentina. Mesmo sem passar por categorias de base, ele se destacou e recebeu uma oportunidade no Villa San Carlos, da terceira divisão local. Foi somente aos 23 anos que Vegetti assinou seu primeiro contrato profissional, com o próprio San Carlos, clube que ajudou a garantir o acesso para a segunda divisão.
Após uma passagem breve e pouco expressiva pelo Rangers de Talca, do Chile, Vegetti passou por clubes mais renomados na Argentina, como o Colon, também de Santa Fé e clube de sua infância, e o Gimnasia y Esgrima, que disputam a primeira divisão do futebol local. No entanto, não teve o mesmo destaque. As passagens apagadas na elite do futebol argentino o fizeram voltar para as divisões inferiores. Ele atuou pelo Boca Unidos e, posteriormente, pelo Instituto. Vegetti voltou a mostrar seu faro de artilheiro e foi contratado pelo Belgrano, em 2020. No clube de Córdoba, enfim, teve uma passagem mais duradoura e se tornou um ídolo.
Para Vegetti, toda essa trajetória foi importante para se tornar o jogador que é hoje, artilheiro e querido pela torcida do Vasco.
“A maturidade foi me ajudando a me tornar um jogador melhor. Esse início da minha carreira foi me mostrando os caminhos corretos para cuidar do meu corpo, disciplina e foco. Acredito que ter uma carreira profissional não é simples. E uma trajetória estável e bem-sucedida é ainda mais difícil de conquistar. Felizmente, sempre tive uma cabeça boa, apoio da minha família e amigos. Assim, acredito que essa combinação de fatores me trouxe até aqui”, disse Vegetti, revelando um antigo desejo de jogar no Brasil.
“Sempre tive o desejo de atuar no Brasil. É um dos campeonatos mais disputados no mundo. Poder jogar na elite do futebol brasileiro é uma realização na carreira de qualquer jogador. Então, quando surgiu essa possibilidade em 2023, senti que era o momento correto para fazer essa mudança”, completou o atacante.
No entanto, a trajetória de Vegetti no Brasil quase começou longe do Rio de Janeiro. Durante a janela de transferências do meio de 2023, o América-MG, que também lutava contra o rebaixamento, fez uma proposta ao Belgrano antes do Vasco. O negócio não avançou, e o Cruz-Maltino acabou conseguindo a contratação do atacante.
“A proposta do América veio primeiro, foi uma oferta interessante que me agradou, mas o Belgrano não quis me liberar naquele momento. Mesmo querendo atuar no Brasil, respeitei a decisão. No entanto, quando veio a do Vasco, me fez pressionar para minha saída, até por tudo que o clube representa. Vi que seria uma oportunidade única. Felizmente, o acerto foi rápido e hoje estou muito feliz aqui”, disse Vegetti.
No Vasco, Vegetti trabalhou pela primeira vez com Ramón Diaz, que, segundo o próprio atacante, é uma “lenda” no futebol argentino. Para ele, “el pelado”, como é conhecido na Argentina, foi fundamental para o Cruz-Maltino escapar do rebaixamento.
“Ramon hoje é um profissional reconhecido mundialmente. Claro que na Argentina é uma lenda, tanto pelo que fez como jogador, e na sua caminhada como técnico. Ele e sua comissão foram vitais para que o grupo encontrasse o caminho para salvar o Vasco. Todos se fecharam e trabalhamos duro. É muito importante para qualquer jogador ter um comandante como o Ramon no dia a dia”, destacou Vegetti.
Vegetti fala em ‘criar raiz’ e futuro no Vasco
Ídolo no Belgrano, Vegetti encontrou no Vasco outra torcida apaixonada, que logo o adotou como um xodó em campo. Além dos gols, a luta do atacante em campo e a participação coletiva durante os jogos chamaram a atenção dos vascaínos, principalmente pelas muitas disputas aéreas vencidas por Vegetti. Rapidamente, sua celebração de “pirata”, em homenagem aos torcedores do Belgrano, também foi adotada pelos vascaínos. Questionado sobre a paixão das duas torcidas, Vegetti se disse impressionado com a energia dos vascaínos em São Januário, onde ele pretende “se estabelecer”.
“Brasileiros e argentinos são apaixonados por futebol. Cada um tem sua cultura, mas a paixão é algo universal. O Belgrano é um dos principais clubes da minha carreira, onde joguei por muito tempo e criei raízes. Algo que busco também no Vasco. Fico feliz com o carinho do torcedor, pois é importante saber do apoio que temos nas arquibancadas. E São Januário tem uma das atmosferas mais incríveis. A torcida do Vasco transforma o estádio em um caldeirão, e essa energia vai para dentro do campo. Fiquei impressionado com essa energia e paixão do torcedor vascaíno”, disse o argentino.
Após uma árdua disputa contra o rebaixamento, agora Vegetti projeta um Vasco competindo em situações diferentes em 2024. Confirme, ele espera resultados “muito melhores” na próxima temporada.
“Estou bastante otimista. Acredito que a diretoria fará uma análise profunda dos erros e acertos para que 2024 seja um ano muito mais positivo. Temos hoje um grupo de jogadores incríveis, com garra, e acredito que teremos reforços. Por isso, vejo que o Vasco terá sim um desempenho esportivo bem melhor na próxima temporada. Todos estão confiantes”, concluiu Vegetti.
Fonte: Trivela