No ano de 2023, o argentino reascendeu o sentimento da torcida cruzmaltina com seus gols e a marcante comemoração do ‘pirata’, porém, em um passado recente, sua carreira como artilheiro esteve prestes a ser interrompida.
Em uma entrevista exclusiva à ESPN, Vegetti revelou que durante o deslocamento de seus pais para acompanharem sua assinatura do primeiro contrato profissional, pelo time do Villa San Carlos, um acidente de carro deixou seu pai em estado grave, levando-o a repensar sua continuidade no futebol.
“Tivemos um acidente de automóvel, onde meu pai correu risco de vida, minha mãe teve ferimentos leves. Foi um momento difícil, era para ser um momento de felicidade plena, mas foi muito complicado para mim e para minha família. São experiências que nos fazem amadurecer como seres humanos. A princípio, sim (pensei em desistir do futebol). Ocorreram situações que foram moldando meu caminho. Mas quando algo assim acontece, surgem dúvidas e pensamentos”, compartilhou Vegetti, antes de mencionar a saudade que seus pais sentem ao vê-lo de longe.
“Estão felizes, mas com muitas saudades, tanto eu quanto meu filho. Para os pais, quando o filho está bem, eles também ficam bem.”
Vasco de regresso às competições sul-americanas
Com 16 gols em 32 partidas desde sua chegada ao Vasco, Vegetti se tornou uma das apostas da torcida para novas conquistas. O atacante planeja grandes feitos em 2024.
Após um ano de 2023 no qual o clube carioca escapou do rebaixamento na última rodada, ao vencer o Red Bull Bragantino por 2 a 1 em São Januário, nesta temporada, o goleador almeja a classificação para uma competição sul-americana.
“O objetivo é jogo a jogo. Eu, internamente e pessoalmente, desejo que o Vasco retorne aos cenários internacionais. Seria algo grandioso. Requer muito trabalho, será um ano desafiador. O Campeonato Brasileiro é uma competição apaixonante, uma das mais disputadas do mundo. Quero que o Vasco esteja de volta aos cenários internacionais. Se me perguntarem, desejo ser campeão de tudo. Copa do Brasil, Brasileirão, disputar a CONMEBOL Libertadores. É preciso manter a calma, focar no trabalho. Acredito que devemos garantir uma vaga em um torneio internacional. É um desejo pessoal, mas estamos próximos de alcançar esse objetivo.”
Após anos alternando entre a Série B e a Série A, a torcida vascaína testemunhou o declínio das glórias do passado e a chegada de momentos difíceis. No entanto, Vegetti ressaltou o trabalho nos bastidores para resgatar a posição merecida pelo clube e proporcionar suporte e estrutura àqueles que entram em campo em busca da felicidade dos torcedores cruzmaltinos.
“Sabemos que é necessário mudar a mentalidade da torcida, precisamos alterar o pensamento cultivado ao longo de muitos anos. Nós somos responsáveis por escrever essa história. Realizamos um bom trabalho no ano passado, com 22 jogos próximos do G4. Devemos continuar nesse caminho, estamos em construção. É perceptível a melhoria no Centro de Treinamento dia após dia. As pessoas querem que permaneçamos tranquilos. Tudo isso demanda tempo, mas já mostramos que o Vasco será outro. Desejamos vencer tudo, ser campeões, não perder jogos, mas o caminho exige paciência. Sabemos que a torcida está de olho, e nós trabalhamos incansavelmente aqui dentro. Ao término da temporada, esperamos alcançar os objetivos que traçamos.”
Confira abaixo outras declarações de Vegetti em exclusividade à ESPN:
Já conhecia o Rio de Janeiro? O que gosta de fazer fora das quatro linhas?
“Estive de férias aqui há uns quatro, cinco anos. Gosto de ficar em casa, tomar chimarrão, aprecio um churrasco. Passar tempo com meu filho, jogar bola, já que ele quer jogar o tempo todo. Preciso estar sempre pronto. Quando não está na escola, ele quer jogar bola. Seja em casa, fora de casa, no campinho do condomínio.”
Já estava familiarizado com o Vasco?
“Já conhecia o Vasco. Nos últimos tempos, o Vasco não estava bem, o time enfrentava dificuldades, passando por momentos difíceis, com rebaixamentos. O Vasco é muito grandioso. Ao chegar, percebi que era ainda maior do que imaginava. Isso carrega uma responsabilidade maior e a necessidade de trabalhar ainda mais para corresponder à torcida. Trabalhar para colocar o Vasco no topo. É preciso estar em primeiro lugar, participar de competições internacionais. Atualmente, somos os responsáveis por essa missão. Com trabalho e paciência.”
Fundamental para a permanência na Série A em 2023
“Comentei ontem que, ao chegar aqui, não senti essa pressão. Vim com outra energia, buscando uma mudança na minha vida profissional. Cheguei com uma abordagem diferente, o que nos fez evoluir. Foi algo muito significativo (manter-se na primeira divisão). Nos jogos finais, sentimos a pressão, mas alcançamos o objetivo.”
Como foi conquistar rapidamente o coração da torcida?
“É muito bom quando um centroavante consegue se destacar rapidamente, marcando gol logo na estreia e proporcionando a primeira vitória após muito tempo. Foi muito importante para a confiança. Possuo vasta experiência e sei lidar com isso. Em qualquer clube, os fãs vão cobrar gols, afinal, o centroavante vive disso. Permaneço tranquilo e focado no trabalho.”
“O carinho recebido foi incrível. No Belgrano, onde eu estava antes, era muito querido, por muita gente. Ao vir para cá, buscava justamente tranquilidade. Chegando aqui, percebi a verdadeira magnitude do Vasco e fiquei surpreso. O carinho é surpreendente. E a responsabilidade também.”
Rivalidade com o Flamengo e ‘incidente’ com Fabrício Bruno em clássico
“O Flamengo é a maior rivalidade no Rio de Janeiro. Um clássico muito especial para disputar. Tanto no ano passado quanto neste ano, enfrentamos bons desafios nos clássicos e estamos preparados para encarar esse oponente. Será um grande ano para nós.”
“São situações que acontecem e ficam no campo. Ele (Fabrício Bruno) defende o clube dele com unhas e dentes, assim como eu defendo o meu. São coisas que acontecem durante o jogo. Ambos desejam a vitória, sempre com respeito. Somos colegas e tudo fica no campo quando apita o fim. Até moramos no mesmo condomínio. Naquele dia cruzamos, conversamos, ele é um grande jogador, inclusive na seleção brasileira. Temos muito respeito por ele. Durante o jogo, ocorrem incidentes devido às posições em campo, mas tudo certo.”
Comemoração do pirata: origem e agradecimento ao filho
“A celebração surgiu no primeiro jogo contra o Grêmio. Eu já a fazia no Belgrano. Como não pude me despedir da torcida em campo, quando marquei o primeiro gol, que foi muito rápido, foi a forma que encontrei para me despedir. Ela me representa, remete ao mascote do Vasco e foi abraçada pela torcida. Espero que possamos ver muitos piratas.”
“As crianças adoraram, meu filho vive empolgado com isso. Espero poder celebrar mais piratas. Ele está muito feliz no Brasil. Recebemos um tratamento muito especial em casa, fora dela, na escola. Minha esposa também. Há a rivalidade entre Brasil e Argentina, mas estou genuinamente feliz aqui.”
“Meu filho canta uma música que a torcida entoa para mim: ‘Uh, terror, Vegetti é matador’. Ele passa o tempo todo cantando isso. Ele gosta muito dos cânticos da torcida. Canta ‘Vasco, Vasco’. No Belgrano, ele sempre cantava também. O idioma é um desafio para entender, já que estou focado no jogo, então é complicado acompanhar. No entanto, as músicas são belas, a torcida é calorosa e apaixonada. Quando visitamos outros estados e vemos os estádios lotados, é incrível.”
Fonte: ESPN