Quando o Vasco derrotou Cuiabá e Bahia de forma consecutiva, quebrando um jejum de oito jogos sem triunfos, parecia que o time havia se reestabelecido na corrida pelo G-7, colando nos rivais da parte superior da tabela. Entretanto, após duas derrotas para Botafogo e Fortaleza, com atuações decepcionantes, o otimismo deu lugar à frustração. O desempenho do Vasco deixou a desejar.
A queda no rendimento não é um fenômeno recente. A partida contra o Bahia, onde o Vasco saiu vitorioso por 3 a 2, foi o primeiro sinal de um bom futebol em dois meses. Como um time que estava tão competitivo e que oferecia boas performances parou de fazer isso? Que fatores levaram à queda do rendimento do Vasco sob o comando de Rafael Paiva? O ge investiga essa questão.
Com a presença de David e Adson, o Vasco mostrava um bom desempenho. Assim que assumiu, Paiva confiou na dupla para compor o ataque ao lado de Vegetti e a combinação funcionou bem.
No confronto contra o São Paulo em São Januário, o Vasco fez 4 a 1, com ótimas atuações de Adson e David. A partir daí, o time consolidou uma formação sólida que praticamente não mudava: Léo Jardim, Paulo Henrique, João Victor (Léo), Maicon, Lucas Piton, Hugo Moura, Mateus Carvalho, Estrella (Payet ou JP), David, Adson e Vegetti.
O Vasco tinha um estilo de jogo firme e que estava se consolidando. Defendia-se em um 4-4-2, com o ataque se variando, mas sempre tendo Cocão na saída de bola com os zagueiros, e Hugo Moura e o meia central (Payet, Praxedes ou JP) oferecendo suporte por dentro, enquanto Piton e Paulo Henrique exploravam as laterais, fechando a frente com Adson, David e Vegetti juntos.
A formação do Vasco trouxe resultados positivos rapidamente. A única fase de instabilidade foi logo após quatro vitórias seguidas, quando perdeu para Atlético-MG e Grêmio e empatou com Atlético-GO jogando mal na Copa do Brasil. Contudo, depois disso, o time se recuperou e ficou oito jogos sem perder.
Entretanto, no duelo contra o Athletico Paranaense pelo Brasileirão, no sexto jogo dessa sequência invicta, Adson deixou o gramado reclamando de dores. Na semana seguinte, ele optou por se submeter a uma cirurgia para tratar uma fratura por estresse na tíbia direita e ficará fora até o fim da temporada. Um mês depois, David também saiu de cena, lesionando o ligamento cruzado do joelho esquerdo, com previsão de retorno somente em meados de 2025.
Nos 11 jogos que Adson e David jogaram juntos como titulares, dez foram sob o comando de Rafael Paiva, e o desempenho foi excelente. Porém, a performance do Vasco começou a decair com as lesões dos atacantes.
Aproveitamento do Vasco com e sem Adson e David
Ocasiões J V – E – D % Vasco com Adson iniciando como titular 22 11 – 7 – 4 60,6% Vasco com David iniciando como titular 31 11 – 9 – 11 45,1% Vasco com Adson e David como titulares 11 6 – 3 – 2 63,6% Vasco após lesão de Adson 15 5 – 4 – 6 42,2% Vasco após lesão de David 8 2 – 2 – 4 33,3%
Falta de opções
Durante grande parte da temporada, David e Adson não eram considerados indiscutíveis. David foi o que teve mais minutos em campo, enquanto Adson lutou para ganhar espaço com Ramón Díaz e foi utilizado como meia-esquerda com Álvaro Pacheco. Somente com Paiva eles se tornaram nomes incontestáveis do time.
Com as lesões, não só o desempenho caiu, mas a quantidade de finalizações criadas também despencou. Os dados são da Espião Estatístico.
Média de finalizações do Vasco por jogo na temporada
Finalizações do Vasco Média Temporada 11,3 Brasileirão 10,9 Com Adson e David titulares 12,5 Após último jogo de Adson 9,8 Após último jogo de David 10,5
O Vasco teve dificuldades para encontrar substitutos dentro do elenco. Com a lesão de Adson, a janela de transferências do meio do ano ainda estava aberta, e o clube já havia trazido Jean David e Emerson Rodríguez para aumentar a concorrência no ataque.
Após o desfalque de Adson, Maxime Domínguez foi contratado por possuir características semelhantes às de Adson. Contudo, nenhum dos três novos jogadores conseguiu se firmar no time principal.
Emerson Rodríguez foi o que mais jogou, mas não conseguiu mostrar desempenho para ser titular. O colombiano ainda teve problemas extra-campo, faltando a um treinamento antes do confronto contra o Botafogo, o que fez com que perdesse a confiança da comissão técnica.
Jean David teve algumas chances, mas em suas duas aparições como titular — em clássicos — teve atuações decepcionantes. Maxime Domínguez também teve oportunidades limitadas. Ambos viram seu espaço ser tomado por Puma Rodríguez, que foi improvisado no ataque.
É preciso mudar o repertório?
Frente à falta de opções, um debate surgiu entre os torcedores do Vasco. É hora de Rafael Paiva alterar o esquema para um ataque com três jogadores? Em coletiva após a derrota para o Fortaleza, o treinador mencionou a pausa para a data FIFA como uma oportunidade de implementar mudanças.
— Essa pausa será boa para tentar buscar soluções, pois já temos um jogo complicado contra o Inter, que está se destacando na competição. Vamos tentar entender o que precisa ser ajustado, seja na formação, seja nos jogadores, mas vamos buscar algo que funcione para o jogo contra o Internacional — afirmou Rafael Paiva após a derrota.
Antes das vitórias sobre Cuiabá e Bahia, o Vasco já estava dando sinais de uma fase ruim no Brasileirão. O time ficou oito partidas sem vencer e teve a pausa da data FIFA entre os confrontos contra Juventude e São Paulo para tentar corrigir erros antes da semifinal da Copa do Brasil. Uma tentativa de mudar a formação foi feita com a entrada de Coutinho e Payet juntos, mas não obteve sucesso.
A utilização dos dois atletas tem sido um desafio para Rafael Paiva. Coutinho, ainda em processo de readaptação, não rendeu o esperado, enquanto Payet teve uma atuação abaixo do que poderia contra o Botafogo após uma boa apresentação contra o Bahia. O jogador se queixou de dores e não participou do jogo contra o Fortaleza.
O Vasco deve usar até o dia 21 de novembro para planejar novos ajustes, além de trabalhar na recuperação de Payet e Coutinho, e preparar o retorno de Paulinho ao meio de campo, que deve estar disponível para a próxima partida.
A equipe de Rafael Paiva enfrentará o Internacional em São Januário, buscando uma reação após as duas derrotas consecutivas. O clube almeja uma vaga em uma competição internacional para 2025 e está atualmente na nona posição da tabela, com 43 pontos em 33 rodadas.