Uma parte do imprevisível no futebol surge através das histórias. Ontem, em São Januário, o Vasco até fez uma boa atuação, mas foi interrompido por uma dessas histórias. A dolorosa derrota por 4 a 2 para o Corinthians complicou a situação do cruz-maltino na luta contra o rebaixamento e manteve o jejum de 13 anos sem vitória sobre os paulistas. São 22 confrontos, com 14 vitórias do Corinthians e oito empates.
Puma e Vegetti balançaram as redes para o Vasco, enquanto Romero (duas vezes), Gabriel Moscardo e Giovane marcaram os quatro gols da vitória do timão.
O Corinthians alcançou 47 pontos e se distanciou completamente da zona de rebaixamento. Já o Vasco permaneceu com 42 pontos, com 52,2% de chances de cair para a série B, e precisa torcer por um tropeço do Bahia, que enfrenta o São Paulo hoje, para não retornar à zona de rebaixamento.
– É uma situação complicada, mas ainda restam duas partidas muito importantes. Muita coisa não funcionou – lamentou o chileno Medel.
A missão do Vasco é dramática. Além de torcer contra os rivais, tem dois jogos contra times do G6: Grêmio e Bragantino.
Desfalques fazem diferença
O time cruz-maltino passou boa parte do segundo turno com mais de dez jogadores pendurados. A ausência de diversos jogadores importantes ocorreu no que seria o jogo mais importante da temporada. Sem Maicon, Léo, Robson Bambu e Marlon Gomes, Ramón Díaz montou um Vasco mais ofensivo em São Januário, com as entradas de Payet, Jair e Puma Rodríguez no time titular. Uma formação que funcionou na construção das jogadas, mas demandava muita dedicação física na recomposição defensiva.
Em meio ao volume de jogo já tradicional pela intensidade imposta no início das partidas, o Vasco abriu o placar, mais uma vez, com Puma Rodríguez. O lateral, que já havia marcado um belo gol contra o Cruzeiro, voltou a ser titular e surgiu nas costas da defesa, como um atacante, para completar o cruzamento de Lucas Piton.
O efusivo grito de gol veio carregado de um alívio para toda a tensão que envolvia a partida. Porém, era apenas o começo da noite.
Do outro lado, havia um time que precisava se recuperar de uma derrota acachapante em casa (5 a 1 para o Bahia). Se não tinha conseguido impor-se tecnicamente, encontrou o empate na força de vontade, pouco tempo depois. Em uma bola mal afastada, que ficou rondando pelo alto, Romero foi mais astuto que a defesa e empatou a partida.
O clima em São Januário não esfriou e o Vasco continuou pressionando. Puma, em uma noite inspirada, teve oportunidades, assim como Gabriel Pec. O gol aconteceu através dos pés do uruguaio, mas com um toque final (de muita qualidade) argentino: um voleio de Vegetti, que marcou seu 10º gol em 19 partidas com a camisa do Vasco.
Contudo, se havia um problema evidente para o Vasco naquela noite, era o setor defensivo. Capasso e Medel não formavam uma dupla de zaga entrosada. Mais um gol de cabeça de Romero evidenciou isso, desta vez em uma cobrança de falta: o paraguaio mais uma vez apareceu livre entre os zagueiros após desvio de Lucas Veríssimo. Foi o seu quinto gol sobre o Vasco com a camisa do Corinthians.
O segundo tempo começou com o Vasco melhor em busca do desempate. Puma fez uma boa jogada e quase marcou. No entanto, foi o Corinthians, em um momento morno do jogo, que encontrou o gol, com Gabriel Moscardo. Um belo chute da entrada da área, no primeiro gol do volante como profissional.
Confusão no fim
A partir desse momento, os vários desfalques para o jogo começaram a pesar. Sem a opção de Marlon Gomes para trazer mais dinamismo e criatividade pelo meio, Ramón Díaz fez mudanças nas laterais e no ataque. A entrada de Paulo Henrique trouxe novo fôlego ao lado direito, mas faltou capricho no último passe. Enquanto isso, o Corinthians controlava o jogo.
Já sem inspiração, o Vasco tentava criar oportunidades em cruzamentos, mas a energia, tanto em campo quanto nas arquibancadas, já tinha se dissipado.
O Corinthians ainda marcou o quarto gol, com o jovem Giovane, que apareceu para finalizar uma bela jogada de Matheus Araújo, que passou como quis por Zé Vitor. O fim do jogo foi marcado por confusões em campo e nas arquibancadas, incluindo brigas entre torcedores e gritos de “time sem vergonha”.
Fonte: O Globo
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