No penúltimo dia do especial de 25 anos da conquista da Copa Libertadores, o Site Oficial vai falar sobre o líder daquela conquista: Antônio Lopes. O “Delegado” chegou ao Vasco em 1996 para sua quarta temporada como treinador e começou a formar o time mais vitorioso da história do clube.
– Aquele grupo começou a ser formado quando cheguei, no fim de 96. O elenco da época era muito fraco. Começamos uma reformulação e dispensamos vários jogadores daquele time. Em 97, contratamos jogadores de equipes menores, como Odvan, do Americano, e Nasa, do Madureira. Mesmo sem dinheiro, buscamos jogadores experientes que estavam em baixa em seus clubes, como Evair e Mauro Galvão. Alguns jogadores da base, como Felipe, Pedrinho e Maricá se destacaram e o time começou a jogar bem. Em 97, ganhamos o Brasileirão e em 98 a base já estava pronta. Edmundo foi vendido e Evair era dono do passe, escolheu sair. Contratamos Donizete e Luizão e eles se saíram muito bem. Aliás, eles fizeram os gols decisivos nas finais, foram os protagonistas. Era um time muito bom – explica Lopes.
A campanha não foi fácil. No caminho, o Vasco enfrentou apenas grandes equipes. Na fase de grupos, teve Grêmio, Chivas e América (MEX). O time oscilou, mas melhorou e conseguiu se classificar. Nas fases eliminatórias, enfrentou os três últimos campeões da competição: Cruzeiro (campeão em 97), Grêmio (campeão em 95) e River Plate (campeão em 96). Lopes destaca que o time cresceu a cada jogo naquela Libertadores.
– A Libertadores é um campeonato muito difícil, você só enfrenta clubes campeões. É muito complicado. Fomos melhorando a cada jogo, a primeira fase foi bem difícil. Perdemos os dois primeiros jogos, mas nos recuperamos e conseguimos passar. Só enfrentamos pedreiras, Cruzeiro, Grêmio, River Plate, equipes já experientes, que eram os três últimos campeões da competição, e isso fortaleceu nosso time, que fez grandes jogos e passou de fase em fase com muita seriedade – diz Lopes.
Cobranças em Donizete e Luizão
Conhecido por ser um treinador rigoroso, Lopes teve dificuldades com a nova dupla de ataque do Vasco. Os primeiros desafios surgiram logo no início da competição, principalmente porque o treinador exigia que a marcação começasse pela dupla, que demorou a aceitar.
– Tive dificuldades com Lopes no começo. Ele cobrava muito para voltarmos e marcar. Os primeiros jogos na Libertadores não foram bons. Dei uma entrevista, ele ficou chateado e decidiu que não me queria mais. A equipe me segurou. Jogamos contra o Grêmio em São Januário, eu fiz um dos gols, fui muito bem naquele jogo e no fim deu tudo certo – relembra Donizete.
Para Luizão, a missão foi um pouco mais “fácil” de entender. Na época, o cartão amarelo não resultava em suspensão, então o camisa 9 do Vasco usava sua força para marcar:
– Acho que nós fomos os primeiros atacantes a marcar a saída de bola mesmo. Eu já fazia isso um pouco no Palmeiras com o Vanderlei, mas com Lopes, ele era bem chato. Se não fizéssemos, ele nos matava. Naquela época, o cartão amarelo custava 100 dólares, não nos suspendiam, eu batia mesmo.
A relação do artilheiro com o treinador não parava por aí. Luizão conta que era sincero com Lopes sobre suas escapadas pelas noites cariocas:
– Nunca menti para Lopes. Nossa relação era boa. Quando eu ia para a balada, eu falava, ele tentava descobrir se eu tinha ido ou não. Sempre fomos muito verdadeiros, amigos. Gosto muito dele.
A icônica camisa de linho
Companheira de Antônio Lopes até hoje, Dona Elza, esposa do treinador, também teve um papel importante naquela conquista. Presente no dia a dia em 98, ela reunia as esposas dos jogadores e, sempre que possível, reunia os jogadores para fortalecer a união da equipe. Principalmente no final. Além disso, Dona Elza tinha outra função essencial: deixar a camisa verde de linho da sorte de Lopes sempre pronta.
– Ela sempre teve uma ótima relação com as famílias dos jogadores. Sempre se envolvia. Eu aprovo isso e dava resultados. Ela sabia de algumas coisas antes de mim e até me ajudava a resolver alguns problemas. Quanto à camisa, ela cuidava dela com carinho. Eu sempre a usava nos jogos e ela já a lavava para que eu pudesse usar de novo no próximo. Sempre fui muito supersticioso, então acreditava na camisa. Ela trouxe muita sorte para o Vasco – conclui Lopes.
Agradecimento do ex-jogador
– Lopes foi o treinador mais importante da minha carreira. Eu era meio irresponsável, não no sentido de sair, porque nunca fui de sair, mas no sentido de treinar mais duro, cuidar melhor de mim. Eu, naquela época, precisava de alguém com pulso firme como o Lopes – Felipe
Obs: Algumas entrevistas desta matéria foram realizadas em 2018, quando completou 20 anos da conquista
Fonte: Site Oficial do Vasco