– Enfrentamos a melhor equipe. A que conquistou a Copa do Brasil. É mais difícil vencer a Copa do Brasil do que a Libertadores.
A declaração de Ramón Díaz após o empate sem gols contra o São Paulo, no último sábado, resume bem o que foi o jogo em São Januário. O Vasco mostrou respeito ao atual campeão da Copa do Brasil, mesmo que o adversário não tenha demonstrado sua superioridade, e a partida terminou semelhante ao placar de 0 a 0 ou até mesmo de 1 a 1. Ou seja, as equipes parecem ter jogado para empatar.
O São Paulo, campeão da Copa do Brasil ao derrotar o Flamengo há 15 dias, não tinha a intenção de vencer no confronto contra o Vasco. O time dominou a posse de bola no primeiro tempo, com mais de 60%, mas sem ameaçar o Vasco. Circulou a bola sem um objetivo claro.
O time de Ramón Díaz não parecia estar contando com isso. Cedeu a posse de bola ao Tricolor e se fechou defensivamente para esperar o avanço do time visitante. O resultado foi um jogo em que nenhuma das equipes quis se arriscar para obter a vitória.
Para o São Paulo, que não tem pretensões no Campeonato Brasileiro e já garantiu uma vaga na Libertadores, o empate fora de casa foi satisfatório. No entanto, para o Vasco, correr riscos será necessário para melhorar sua posição na tabela.
O jogo tinha tantas características de empate que, até os 37 minutos do primeiro tempo, apenas o Vasco havia finalizado uma vez, aos 2 minutos, com Vegetti chutando por cima do gol de Rafael. O São Paulo só conseguiu chegar ao ataque 35 minutos depois, em uma defesa de Léo Jardim após uma boa falta cobrada por Wellington Rato. No final do primeiro tempo, Wellington Rato teve outra chance em uma cobrança de pênalti, mas parou no goleiro. Aos 48 minutos, o goleiro do Vasco apareceu novamente ao salvar um chute cruzado de Lucas Moura.
A marcação do pênalti é questionável? Sim. Falta critério na arbitragem brasileira? Sem dúvida. Mas, independentemente disso, é justo dizer que uma equipe poderia ter vencido no primeiro tempo. E o fato de Léo Jardim ter sido o destaque do Vasco mostra que a equipe da casa não teve coragem suficiente.
Para manter a justiça do jogo, o Vasco, que não se arriscou no primeiro tempo, merecia marcar um gol no segundo tempo. Lembra da partida com cara de empate?
A mudança na postura do Vasco ocorreu com a troca de posições dos pontas – Pec na direita e Marlon Gomes na esquerda – o time passou a jogar mais pelo meio e teve três finalizações em 10 minutos. Na melhor chance, Paulinho serviu Pec com um passe que quebrou a linha defensiva do São Paulo, e o atacante acertou a trave com um chute cruzado. No rebote, Praxedes finalizou para fora, mesmo com Rafael já batido no lance.
Pelo menos até os 15 ou 20 minutos do segundo tempo, o Vasco ainda tentou pressionar o time de Dorival. Mas o cansaço começou a ser sentido. Ramón Díaz não conseguiu manter o ritmo com as substituições, principalmente ao colocar Mateus Carvalho no lugar de Paulinho (depois revelou que o meia não estava 100% antes do jogo). Novamente, a equipe recuou e foi o São Paulo que terminou o jogo ocupando o campo de ataque. Mas sem perigo, para manter a justiça dos 90 minutos.
Além do pênalti perdido por Wellington Rato e da bola de Gabriel Pec na trave, ainda é possível imaginar que o jogo poderia ter terminado de outra forma? No imaginário, sim. O segundo tempo trouxe um pouco mais de emoção para os mais de 20 mil torcedores presentes em São Januário.
Aos 32 minutos, Payet roubou a bola no campo do São Paulo, avançou em direção ao gol, mas em vez de chutar, driblou o goleiro Rafael. A não finalização do francês fez com que a torcida imaginasse um desfecho diferente para a noite de sábado, que acabou mais quente fora das quatro linhas.
A lição é que, ocasionalmente, o Vasco pode adotar uma postura cautelosa como a de ontem, diante do campeão da Copa do Brasil de 2023, em algumas partidas. Mas a equipe, que ainda pode voltar para a zona de rebaixamento ao final da 26ª rodada, precisará se arriscar mais nos 12 jogos restantes. O próximo confronto será novamente em São Januário, mas apenas no dia 18 de outubro, contra o Fortaleza.
Tempo suficiente para recuperar a essência vibrante do Vasco sob o comando de Ramón Díaz. Um time que combina muito mais com a energia vinda das arquibancadas no último sábado.
Fonte: ge