O Vasco reuniu representantes da associação, SAF, poder governamental e das comunidades próximas a São Januário para fazer um apelo pela reabertura do estádio, que continuou fechado nesta quarta-feira após decisão do Tribunal de Justiça do Rio. No campo, os presentes estenderam uma faixa com o pedido de liberação da Colina.
Falaram em discurso público Jorge Salgado (presidente da associação), Lucio Barbosa (CEO da SAF), Carlos Fonseca (presidente do Conselho Deliberativo), Vânia Rodrigues (presidente da Associação de Moradores da Barreira do Vasco) e Marcelo Rocha, presidente da Astovas, associação de torcidas organizadas do cruz-maltino.
A reunião pública também contou com a presença de deputados, vereadores e membros da Secretaria Municipal do Trabalho, que divulgaram um estudo detalhado sobre os impactos nas comunidades próximas devido ao fechamento de São Januário.
“Criamos um grupo de parlamentares em defesa do Vasco. Estamos tentando agendar uma reunião com o procurador-geral de justiça e o promotor Rodrigo Terra (do Ministério Público), levando representantes do Vasco para que possamos conversar. Por que não fazer um acordo? Precisamos quebrar o gelo de alguma forma. Nosso papel é político. Queremos mostrar que não é apenas um problema político, é um problema da cidade”, declarou o vereador Paulo Pinheiro (PSOL-RJ).
“É triste ver esse estádio fechado, prestes a completar 100 anos. Desde que me entendo por gente, venho aqui há mais de 40, 50 anos. Nunca houve uma situação como essa. Apesar da tristeza, faz parte da nossa história a nossa luta”, afirmou Salgado, enfatizando o cumprimento da penalidade esportiva.
Sinal para o Ministério Público
Lucio se dirigiu diretamente a Rodrigo Terra, que classificou o discurso do Vasco como “vitimismo”. Terra está envolvido nas negociações de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que pode reverter a decisão de fechar o estádio. O promotor defende a implementação de um sistema de biometria na entrada e uma revisão na infraestrutura nos arredores da Colina.
“Gostaríamos de estar falando sobre o Campeonato Brasileiro. Não acredito em coincidências, não há acaso. Há pouco tempo, estávamos comemorando os 100 anos das Camisas Negras. Nossos avós, nossos pais passaram por isso, agora passamos por isso. Podemos perder uma batalha, mas não a guerra”, disse Lucio, garantindo que há um trabalho forte nos bastidores para reabrir o estádio do Vasco.
“Confiamos na justiça. Tenho certeza de que o sr. Rodrigo Terra vai refletir e teremos diálogo […] A segurança dentro do estádio já está organizada, já atende aos requisitos. Estamos trabalhando na reestruturação das áreas ao redor. É algo que sempre precisa evoluir”, acrescentou o CEO, revelando que está havendo cooperação com a Ferj, a CBF e até a comissão de arbitragem nessa reestruturação.
O presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Fonseca, também falou diretamente ao Ministério Público. Segundo ele, está em andamento a implementação do sistema de biometria, mas é um trabalho longo.
Ação segue para o STJ
Gisele Cabrera, diretora jurídica do Vasco, contou que já havia planos para a implementação da biometria antes mesmo da decisão judicial, e que o sistema atual de entrada comporta a tecnologia. Ela também informou que o próximo passo do cruz-maltino é recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça e detalhou mais sobre a assinatura do TAC.
“Não há na ação civil pública a indicação do que seria necessário. Temos a Lei Geral do Esporte, o regulamento dos campeonatos e o Vasco atende a todos os requisitos. Se for algo legal que possamos implementar e se não houver tratamento injusto, nós faremos.”
Fonte: O Globo