O Vasco da Gama negou ter relação com a escola de samba União Cruzmaltina, que decidiu ter como enredo, em 2024, a história do ex-governador Sérgio Cabral. Uma postagem publicada nas redes sociais do clube associativo, desvinculado da parte esportiva desde a criação da SAF, alega ainda que o evento ocorrido no último domingo, em uma das sedes do Vasco, foi feito sem o conhecimento do clube.
“O Club de Regatas Vasco da Gama vem a público reiterar que não tem qualquer vínculo ou ligação com a Escola de Samba ‘União Cruzmaltina’ e suas atividades”, pontua o comunicado. “Com relação ao evento realizado esse fim de semana na Sede do Calabouço, que contou com a participação da escola de samba, o CRVG informa que o salão foi alugado por um sócio do clube, sem que fossem informados o objetivo e os participantes”, prossegue o texto.
O clube também informou que vai agir para impedir que novos episódios do gênero aconteçam nas dependências institucionais. “O CRVG esclarece ainda que está tomando as medidas administrativas para evitar que eventos dessa natureza voltem a acontecer em suas instalações”, diz a nota oficial.
O encontro na Sede Náutica do Calabouço, no Centro do Rio, contou com a presença do próprio Cabral. Tanto ele quanto o filho, o ex-deputado Marco Antônio Cabral, publicaram fotos da feijoada. O jornalista Sergio Cabral, pai do ex-governador, também compareceu à solenidade. Toda a família é formada por torcedores do Vasco.
“Tendo o meu avô Cabral, como referência, meu pai sempre acompanhou a trajetória do clube até os dias de hoje. Muito além do futebol, a luta contra o preconceito seja ele qual for, sempre esteve presente na história do Vasco e do Sergio Cabral”, publicou Marco Antonio no domingo.
Na semana passada, em entrevista ao GLOBO, o presidente da União Cruzmaltina — também composta por torcedores do clube —, Rodrigo Brandão, adiantou que o enredo traria a trajetória do ex-governador, “desde a infância, passando pelo jornalismo e adentrando em sua vida pública”. O dirigente classifica Cabral, que saiu da cadeia em dezembro do ano passado, como “um dos maiores políticos da história do nosso país” e o “melhor governador” que o Rio já teve.
— Quem acha que estamos brincando se enganou. A escola admira a história de Sérgio Cabral Filho e saíra em defesa dele — afirmou Brandão ao GLOBO.
Sérgio Cabral deixou a unidade prisional da Polícia Militar na noite de 19 de dezembro de 2022, após passar 2.223 dias — ou pouco mais de seis anos — atrás das grades. Ele seguiu para um apartamento da família em Copacabana, onde passou a cumprir prisão domiciliar. O imóvel tem vista privilegiada para a praia e é dez vezes maior do que a cela de oito metros quadrados em que estava até então.
Cabral foi alvo de 24 condenações, a maior parte por corrupção, e acabou submetido a penas que somam mais de 400 anos de prisão O ex-governador foi acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina. “Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro… É um vício”, disse ele ao depor na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, em 2019.
— Todos sabemos que a operação Lava-Jato foi um equipamento utilizado para denegrir a imagem do ex-governador — opinou Brandão, presidente da União Cruzmaltina.
A escola disputa a chamada Série Prata, espécie de terceira divisão do carnaval carioca, e se apresenta na Avenida Ernani Cardoso, em Cascadura, na Zona Norte do Rio. O enredo foi batizado como: “De degrau em degrau, a descoberta de um novo Cabral”. O ex-governador decidiu que participará do desfile.
Fonte: O Globo