As receitas provenientes de bilheteria e operações em estádios também tiveram um aumento de 33%, totalizando quase R$ 900 milhões, enquanto as receitas geradas por sócios e as atividades sociais dos clubes subiram 20%, ultrapassando a marca de R$ 1 bilhão pela primeira vez. Já as receitas oriundas dos direitos de transmissão televisiva registraram um acréscimo de 8%, totalizando R$ 3,2 bilhões, com destaque para o aumento dos clubes que retornaram da Série B para a Série A.
Impacto da Liga Forte União (LFU)
Segundo o relatório da Sports Value, foram identificadas diversas irregularidades contábeis na contabilização dos montantes recebidos pelos clubes que fazem parte da Liga Forte União (LFU), uma das entidades responsáveis pela negociação dos direitos de transmissão.
“A movimentação financeira para os clubes através da LFU ultrapassou a marca de R$ 1,8 bilhão somente em 2023. Foram acordados contratos de 50 anos, envolvendo 20% dos ganhos futuros provenientes de direitos televisivos, um valor considerável que deveria ser registrado de acordo com o regime de competência. Isso significa que valores superiores a R$ 211 milhões, em alguns casos, foram erroneamente contabilizados como receitas operacionais referentes ao ano de 2023”, afirma o documento.
Devido aos valores provenientes da LFU, os clubes apresentaram elevados superávits em 2023. Os vinte principais times, em conjunto, alcançaram superávits de R$ 922 milhões, em contraste com os déficits de R$ 34 milhões registrados em 2022. Entretanto, sem as transferências originadas pela LFU, muitas equipes teriam encerrado o ano com resultados negativos.
Dos vinte clubes analisados, onze possuem vínculos com a LFU. O Cruzeiro, que não divulgou seu balanço dentro do prazo estipulado para o estudo, não foi incluído na análise. Athletico-PR, Fortaleza e Internacional, por exemplo, utilizaram os recursos recebidos para reduzir parte de suas dívidas.
“Esta situação está gerando uma distorção significativa. É bastante lamentável, pois a intenção de criar uma liga era proporcionar equidade e equilíbrio, e esse influxo de recursos extraordinário acabou impactando as finanças de clubes que são bem administrados”, declara Somoggi.
Aumento nos gastos
Pela primeira vez, o relatório também evidenciou um aumento nos custos operacionais dos vinte clubes em uma proporção semelhante à das receitas. Em 2023, as associações e Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) tiveram um incremento de 20% nos gastos, totalizando conjuntamente R$ 6,9 bilhões.
Entre os valores mais expressivos, o Flamengo registrou despesas no montante de R$ 849 milhões, seguido por Palmeiras (R$ 697 mi) e Corinthians (R$ 672 mi), coincidentemente, os três clubes com as maiores receitas também.
Confira o ranking das finanças no ano de 2023:
O Clube de Regatas do Flamengo encerrou o ano de 2023 com receita líquida de R$ 1,4 bilhão, mantendo-se como a agremiação com maior faturamento do futebol brasileiro pelo quinto ano consecutivo. Abaixo, segue a classificação:
1. Flamengo: R$ 1.374,0 bilhão
2. Corinthians: R$ 936,7 milhões
3. Palmeiras: R$ 908,9 milhões
4. São Paulo: R$ 680,8 milhões
5. Athletico-PR: R$ 510,7 milhões
6. Red Bull Bragantino Ltda.: R$ 488,4 milhões
7. Fluminense: R$ 480,8 milhões
8. Grêmio: R$ 467,1 milhões
9. Atlético-MG SAF: R$ 439 milhões
10. Santos: R$ 424,4 milhões
11. Internacional: R$ 423,4 milhões
12. Botafogo SAF: R$ 388,1 milhões
13. Vasco da Gama SAF: R$ 363,5 milhões
14. Fortaleza SAF: R$ 258,5 milhões
15. América-MG SAF: R$ 187,9 milhões
16. Bahia SAF: R$ 176 milhões
17. Cuiabá SAF: R$ 139,8 milhões
18. Ceará: R$ 132,1 milhões
19. Coritiba SAF: R$ 99,2 milhões
20. Goiás: R$ 98,0 milhões
Fonte: Exame