Cada detalhe é crucial em uma luta contra o rebaixamento, e o Vasco provou esse amargo sabor na tarde deste domingo, na Serrinha. Fez um primeiro tempo de bons momentos e equilíbrio, explorou bem os espaços cedidos pelo Goiás na segunda etapa, mas viu tudo desmoronar em questão de minutos, principalmente após a expulsão de Vegetti.
De fato, os cariocas já estavam sob pressão com bolas alçadas para Matheus Babi e tinham Léo Jardim como grande responsável pela vitória, mas estar com um jogador a menos em um momento tão crucial pesou muito. As duas equipes continuam na zona de rebaixamento e podem ver o Santos abrir quatro pontos em relação à “degola” se vencer o Corinthians.
Escalações
Armando Evangelista contou com o retorno de Lucas Halter na zaga. Sidimar foi para o banco. O restante da equipe foi o mesmo que já vinha sendo escalado. Hugo continuou na lateral e Sander permaneceu entre os reservas.
Ramón Diaz, por sua vez, fez várias alterações no Vasco. Montou um 4-2-3-1 e quatro jogadores foram deixados de fora: Paulo Henrique, Bruno Praxedes, Payet e Gabriel Pec. Maicon, Robson, Alex Teixeira e Serginho ganharam uma oportunidade. Paulinho foi o desfalque, Jair foi o substituto. Léo e Robson atuaram como laterais. Lucas Piton e Serginho jogaram nas pontas.
O jogo
Cautela! Os primeiros minutos na Serrinha revelaram toda a tensão das equipes na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Nem Goiás e nem Vasco avançaram sua marcação. Preferiram se posicionar de forma compacta em sua própria defesa, com muita concentração para evitar espaços próximos à área.
Neste duelo mental e estratégico, o Vasco ficou mais tempo com a posse de bola. Isso não significou necessariamente assumir o controle do jogo, mas pelo menos possibilitou a melhor chance de gol antes do intervalo. E ela surgiu na estratégia do uso da linha de fundo com Lucas Piton.
Quase todos os ataques do Cruzmaltino tinham como objetivo inicial encontrar Alex Teixeira infiltrando nas costas dos volantes do Goiás. Nas vezes em que o meia conseguiu dominar a bola, ele “conversava” com Vegetti e abria espaço para Piton em seguida. Vegetti obrigou Tadeu a fazer uma boa defesa depois de receber um cruzamento assim.
O Goiás respondeu com contragolpes rápidos depois de ajustar sua defesa à frente da própria área. Aproveitou alguns erros de passe e domínio da dupla de volantes do Vasco e acelerou com seus meias e atacantes. Allano e Guilherme tiveram chances de finalizar, mas não foram precisos.
No ataque, o Goiás avançava com seus laterais no campo ofensivo. Maguinho e Hugo atuavam praticamente como pontas bem abertos, permitindo que Palacios e Allano flutuassem pelo meio. Isso fazia com que Lucas Piton e Serginho recuassem bastante, enquanto Léo e Robson marcavam os pontas adversários. Havia poucas oportunidades para contra-atacar quando os cariocas roubavam a bola.
Outro detalhe importante para entender o contexto do jogo foi o clima em Goiânia. Sol forte e temperatura próxima dos 35ºC no gramado. Era difícil manter um jogo tão intenso e rápido.
As duas equipes fizeram alterações no intervalo. Léo e Serginho saíram no Vasco. Gabriel Pec e Bruno Praxedes entraram. Lucas Piton voltou para a lateral-esquerda e Alex Teixeira foi para a ponta direita. No Goiás, a mudança foi mais simples. João Magno saiu e Matheus Babi entrou. Substituição de centroavantes.
Além de ter uma referência ofensiva na área, o Goiás mudou bastante a postura no segundo tempo. Foi mais agressivo com a bola e assustou a meta vascaína duas vezes nos primeiros dez minutos. Porém, como aconteceu em outras partidas, não conseguiu manter a solidez defensiva, e o Vasco aproveitou.
Aproveitando os espaços para contra-atacar e com a presença de Gabriel Pec em campo, os cariocas se beneficiaram de um escanteio após uma rápida transição puxada por ele para abrir o placar. Vegetti marcou seu oitavo gol em 14 partidas ao completar um toque de Maicon.
Ramón Díaz decidiu colocar Payet e Cauan Barros nas vagas de Alex Teixeira e Jair. Gabriel Pec foi para o lado direito e o francês entrou na ponta esquerda. No Goiás, Raphael Guzzo, Dodô e Vinícius foram as apostas de Armando Evangelista nas vagas de Willian Oliveira, Guilherme e Palacios.
O Vasco cometeu muitos erros básicos em contra-ataques e foi muito pressionado pelo Goiás após os 30 minutos. Matheus Babi foi o alvo dos cruzamentos de Vinícius e Raphael Guzzo, que foram decisivos na melhora da equipe da casa.
Para piorar, a expulsão boba de Vegetti, aos 44 minutos, fez com que os visitantes perdessem qualquer capacidade de retenção da bola no ataque e de combater os ataques do Goiás. Léo Jardim não conseguiu fazer seu terceiro milagre na cabeçada de Babi e o centroavante empatou tudo nos acréscimos.
Com três rodadas sem vencer, o Gigante da Colina sentiu o gosto da vitória, mas não a concretizou em dois dos últimos três jogos. Observar como a equipe vai reagir a isso é crucial para avaliar suas reais chances de permanecer na elite.
Fonte: Blog do Rodrigo Coutinho – Globo Esporte