Tentar encaixar Payet no time titular do Vasco tem feito o técnico Ramón Díaz testar algumas alternativas a cada jogo. A escolhida na noite desta quinta-feira, no entanto, não deu certo. O Gigante da Colina perdeu a boa coletividade encontrada desde a chegada do treinador argentino e ofereceu muitos espaços ao organizado Colorado.
A novidade não é exatamente uma surpresa. O esquema foi utilizado no segundo tempo do empate com o Bahia e durante alguns minutos do primeiro tempo contra o América, mas o jogo contra o Internacional teve outras demandas. E o funcionamento da estratégia tática escolhida prejudicou muito a equipe. O Inter, dentro do que já está acostumado a fazer, foi superior em boa parte do duelo.
Escalações
Ramón Díaz repetiu a escalação da derrota para o Flamengo, mas mudou a disposição tática. Montou um triângulo no meio-campo, com Payet atrás da dupla de ataque Gabriel Pec-Vegetti. Marlon Gomes e Rossi continuaram fora por lesão. Já Eduardo Coudet não teve desfalques para montar sua equipe ideal.
O jogo
Bastou o Internacional abrir o placar com Maurício antes dos 20 minutos, aproveitando passe genial de Alan Patrick após desarme de Renê em Paulinho no campo de ataque, para o Vasco confirmar que a alteração tática feita por Ramón Díaz e ilustrada acima não funcionou.
O Cruzmaltino até tinha chegado com perigo em duas ocasiões, ambas a partir de rápidas trocas de passe pela direita e a verticalidade empregada por Paulo Henrique, um dos poucos a se destacar no primeiro tempo, mas não conseguia ter a volume de jogo esperado dentro de São Januário. Parte disso ocorreu devido à mudança.
Com o triângulo no meio, os movimentos ofensivos da equipe, já automatizados no 4-3-3, não aconteceram da mesma forma. Gabriel Pec esteve sempre muito centralizado. Praxedes e Paulinho não tiveram as oportunidades de infiltração provocadas pelos pontas entre lateral e zagueiro adversário. As dobradinhas e as jogadas rápidas pelos lados não surgiram.
Payet tentou buscar o lado direito e conseguiu alguns bons passes ao receber a bola naquela região, mas não houve coordenação para criar as oportunidades de forma efetiva e aproveitar a situação. Se com a bola a situação já estava complicada, tudo piorou defensivamente após o gol.
Primeiro porque o Colorado começou a ter mais posse de bola. Aproveitou o nervosismo e a desorganização dos donos da casa. O Vasco não conseguia se movimentar com agilidade para pressionar o adversário. Visivelmente desorganizado, deixava os laterais sozinhos no combate e abria espaços pelo centro do campo.
Renê conseguiu dar passes para Aránguiz, Johnny e Alan Patrick dominarem o jogo. Wanderson e Bustos, sempre bem abertos, se destacaram, e Enner Valencia chegou perto de ampliar o placar. Teve um gol mal anulado. Léo Jardim também fez boas defesas em finalizações do equatoriano.
Nos últimos minutos do primeiro tempo, já tarde demais, Ramón Díaz mudou o Vasco para o 4-3-3 tradicional. Dessa vez, com Payet na ponta-esquerda e Pec na direita. A mudança teve impacto positivo no início do segundo tempo. O time recuperou sua forma natural de atuar em São Januário e criou perigo duas vezes em dez minutos. Rochet e Vitão evitaram o empate.
O Inter parecia encurralado e passou a apostar em lançamentos longos para chegar ao ataque. Em uma dessas jogadas, Léo e Payet vacilaram em duelos com Enner Valencia e Bustos, e o equatoriano deixou Medel para trás antes de ampliar o placar.
O centroavante colorado ainda desperdiçou duas grandes chances de marcar mais gols antes do Vasco se recuperar de um novo abalo emocional. Com ímpeto e várias bolas alçadas na área, o time carioca pressionou. Viu o Inter repetir um padrão de comportamento das últimas partidas nas últimas semanas.
O Colorado abriu mão da posse de bola. Tentou apenas defender o resultado protegendo a área, e quase se deu mal. Alex Teixeira marcou um belo gol de cabeça após cruzamento de Erick Marcus, e se não fossem as expulsões de Paulinho e Erick Marcus nos acréscimos, os cariocas poderiam ter empatado.
Fonte: Blog do Rodrigo Coutinho – Globo Esporte