– Nossos jogadores mostraram grande intensidade, lutando por cada vitória, acelerando o jogo e buscando um estilo vertical, embora tenhamos pecado em algumas finalizações, principalmente no primeiro tempo. Tivemos total controle do jogo, mantendo a posse de bola e colocando o adversário na situação que desejávamos, mas eles estavam muito bem organizados defensivamente. Não é fácil penetrar na defesa do Vasco; já tínhamos sentido isso no Carioca. Criamos muitas oportunidades, e o goleiro deles foi o destaque da partida. Devemos deixar o resultado de lado e considerar o que fizemos em campo. Acredito que a equipe fez uma grande partida, mesmo cometendo alguns erros, considerando a qualidade do adversário. Em minha opinião, merecíamos mais – analisou Filipe.
Ele destacou o mérito do Vasco diversas vezes, enaltecendo também o goleiro Léo Jardim. No confronto, o Flamengo fez 15 finalizações, com sete delas a gol, mas Léo Jardim foi excepcional, realizando quatro defesas difíceis.
– O mérito é dividido. Tanto do goleiro quanto do treinador que organiza bem a defesa. No primeiro tempo, conseguimos entrar bem na área do Vasco, mas, na hora da finalização, não estávamos precisos. Além disso, finalizamos menos jogadas no tempo certo. O Vasco defende bem e lê as jogadas com eficiência, então tivemos menos tempo para finalizar. Esse é o mérito do Vasco. No futebol, há dias em que isso acontece. É mais fácil jogar no contra-ataque, quando há mais espaço. Quando estamos atacando, temos mais resistência para enfrentar – explicou Filipe Luís.
Filipe Luís em Vasco x Flamengo — Foto: André Durão
O Flamengo chegou a 11 pontos no Brasileirão e permanece na liderança, mas pode ser ultrapassado por Palmeiras e Fluminense, que jogam no domingo. O próximo compromisso do time de Filipe Luís será na terça-feira, contra a LDU, pela Libertadores, em Quito, Equador.
– Não costumo dar recados para a torcida; prefiro que a equipe mostre sua resposta em campo. Jogar na altitude não é fácil. Manter uma pressão alta é complicado, pois você rapidamente perde o fôlego e não consegue se recuperar. Você sobe para atacar e depois não consegue voltar. Contudo, precisamos fazer uma grande partida para alcançar a vitória – destacou o treinador sobre o próximo jogo.
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Sobre o empate
– Claro que esperava vencer, mas sabemos que um clássico nunca é fácil. Há fatores emocionais e o apoio da torcida que influenciam muito. Isso torna o jogo muito mais intenso e agressivo. É uma sensação ruim, pois o Flamengo entra em campo sempre com a intenção de vencer. Da minha parte, eu realmente queria ter vencido.
Por que não utilizou Luiz Araújo no segundo tempo?
– Optei por colocar Plata como centroavante. Com a entrada do Pedro, reposicionei o Plata para sua posição habitual. No momento, deixei uma substituição para o final, mas decidi que o Allan nos proporcionaria mais ritmo, velocidade e estabilidade na circulação da bola. O Nico já estava diminuindo o ritmo, então fiz essa troca. Quando percebi que o jogo estava começando a escapar, decidi trazer o Allan para reestabelecer o controle e pressionar o Vasco em sua área. Conseguimos criar duas chances, mas o Léo Jardim fez defesas impressionantes.
Faltou algo nas finalizações?
– Não, não acredito nisso. Vi que, quando estávamos com a bola, os jogadores estavam bem e não estavam perdendo posses. Dentro da área, o Gerson teve três boas oportunidades de marcar. A finalização não foi a ideal. O Pedro e o Cebolinha também tiveram suas chances. Mas não percebi que o time estava mal na posse de bola. Mantivemos confiança e solidez, com poucas oportunidades de contra-ataque para o Vasco. Claro, eles conseguiam sair algumas vezes com perigo, mas não senti que eles estavam em vantagem nesse aspecto.
Léo Jardim foi o destaque no clássico entre Vasco e Flamengo — Foto: André Durão
O que pediu a Bruno Henrique e Pedro?
– O Bruno Henrique não teve uma oportunidade clara. Em algumas ocasiões, o Wesley foi à linha de fundo, mas a bola não chegou até ele. Quando um jogador cumpre o que o treinador pede, independentemente do resultado, fico satisfeito. O Pedro é a estrela da equipe quando está em campo, e precisamos construir o jogo ao redor dele. Cada jogador tem seu estilo, e minha tarefa é adaptar o jogo a isso. Quando ele estiver totalmente em forma, certamente nos ajudará muito. Ele jogou 30 minutos hoje; é bom que ele vá ganhando ritmo e se adequando ao nosso modelo. Não tenho dúvidas de que ele será muito útil para nós.
O que explica o empate sem gols: substituições, movimentação ou execução técnica?
– Se o Pedro tivesse marcado o gol, não estaríamos conversando dessa forma. Quando algo não dá certo, a responsabilidade cai sobre o treinador. Poderia ter feito mais.
Posicionamento do Arrascaeta
– Foi uma estratégia planejada. Estudamos e acreditávamos que isso poderia causar dificuldades para a defesa adversária. O Arrascaeta é taticamente muito aplicado, inteligente na ocupação dos espaços e gera vantagens táticas e qualitativas. Ele tem sido um jogador decisivo para nós, criando muitas jogadas.
Arrascaeta em Vasco x Flamengo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
Arrascaeta em Vasco x Flamengo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
Atualização sobre Ayrton Lucas, que foi substituído
– Ayrton parece ter sentido cãibras, já que estava sem jogar há bastante tempo. Estava voltando a ter sequência agora e acabou se sentindo mal. Isso é comum, especialmente em um clássico, que traz um componente emocional, e o jogador acaba ficando muito concentrado no jogo. Ele fez uma ótima partida, foi muito sólido em todos os aspectos, e é uma pena que tenha tido que sair.
Varela desempenhando bem
– O Varela é um jogador extremamente confiável; quando entra, sempre corresponde bem, seja na direita ou na esquerda. Em praticamente todos os jogos que atuou comigo, foi um dos melhores em campo. É difícil para mim deixá-lo de fora, porque é o tipo de jogador que todo treinador deseja ter, que coloca a equipe em primeiro lugar. Estou muito satisfeito com ele.
Possibilidade de voltar a jogar com três zagueiros no Flamengo?
– Sim, eu penso nisso com convicção. Um time que busca títulos deve ter a capacidade de dominar diferentes sistemas de jogo. Atualmente jogamos em um 4-4-2, mas frequentemente nos movimentamos para um 3-4-3. Durante os jogos, essa dinâmica existe, e nossos jogadores compreendem bem essas mudanças. Hoje, houve várias ocasiões em que estávamos em um 3-4-3 e criamos a vantagem posicional que queríamos. Com certeza, considero essa possibilidade de usar três zagueiros. Posso escalar Léo (Ortiz), Léo (Pereira) e Danilo, ou utilizar laterais como zagueiros, como Varela, Alex Sandro ou Ayrton Lucas, dependendo do que a partida exigir. Eu sempre observo o adversário e elaboro meu plano de jogo com base nisso, podendo utilizar 3-4-3, 3-5-2, ou 4-4-2. O importante é que os jogadores conhecem bem esses sistemas.
Léo Ortiz em Vasco x Flamengo — Foto: André Durão
Tempo de descanso após o jogo contra a LDU
– A folga é para os jogadores; desde que me tornei treinador, não tenho esse privilégio. Não percebi ninguém da minha equipe mal no jogo de hoje, e não concordo com a ideia de que alguns jogadores estavam abaixo. Não marcamos gol, mas não é correto afirmar que “esse jogador foi mal”. Jogar a cada três dias é exaustivo, e lesões podem ocorrer. Sem um intervalo de pelo menos quatro dias, a situação se complica. O jogador que atua hoje se recupera amanhã, mas depois tem que se preparar para o próximo jogo logo em seguida. A longo prazo, isso se torna complicado, mas é uma situação comum a todos. Precisamos nos adaptar. Depois do jogo de terça-feira, (o Flamengo só volta a jogar) no domingo, assim, os jogadores terão um dia para passar com a família e repor as energias. Isso é importante para eles.
Críticas da torcida ao Michael
– O que a torcida deseja e o que Zico menciona é que é preciso ter raça. Caso a habilidade não apareça, tem que compensar com dedicação. O Michael se entrega mais do que ninguém, sempre dá o melhor pelo time e corre por todos. Ele pode fazer melhores passes, mas hoje ele foi fundamental criando oportunidades, como as que ele proporcionou para o Gerson e o Arrascaeta. Tenho certeza de que o lateral do Vasco teve dificuldades em defendê-lo. É verdade que faltou o último passe, mas isso pode evoluir ao longo da temporada. Estamos sempre em processo de evolução. Aprendemos a cada jogo. O Michael gosta de ficar após os treinos para aprimorar suas finalizações, e isso continuará até o fim da carreira dele. O único caminho é aprender com os erros e corrigir.
Utilização de Matheus Gonçalves
– Conto com ele. Embora não tenha tido muitos minutos recentemente, ele possui um perfil bem diferente dos jogadores que estão atuando. Como estamos jogando com um meia (Gerson) por dentro, temos o Plata e o Luiz Araújo que também jogam nessas posições. A concorrência é forte, e não encontrei oportunidades para escalá-lo. O Matheus tem muita qualidade, e sei que ele pode render muito mais para nós ainda.
Quais lições a sequência de jogos traz?
– Não vejo lições específicas. Utilizo os jogos como guia para entender onde precisamos evoluir como equipe. Cada partida nos oferece elementos de aprendizado. Não se trata de lições a serem extraídas; é focar no próximo jogo. Vamos nos concentrar na LDU.
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Fonte: ge