Ainda bem jovem e cheio de sonhos, Diego Minete utilizou lápis de cor e canetinha para desenhar os passos de seu destino. Na criação de sua mãe, Patrícia, estão registradas camisas do Vasco, chuteiras e até sua família, ressaltando a importância das raízes na formação do caráter.
Aos 15 anos, Minete já não é mais visto apenas como um garoto com sonhos, mas sim como uma promessa do time de base do Vasco. Neste sábado, às 10h, em Xerém, ele entra em campo em busca de mais um troféu na disputa contra o Fluminense pela final da Copa Rio Sub-15.
Recentemente convocado para integrar a seleção brasileira sub-15, substituindo Fabrício Prado, do Internacional, Minete mostrou seu potencial nos treinos realizados na Granja Comary, onde marcou o gol da vitória por 1 a 0 no jogo-treino contra o Botafogo. Essa foi a primeira convocação da geração 2009, garantindo ao atacante do Vasco um lugar na lista de jogadores divulgada na última quarta-feira para a Copa 2 de julho, na Bahia, que ocorre entre os dias 2 e 13 de julho.
Com a convocação para os treinamentos na Granja Comary, Minete, que veste a camisa 9, não pôde participar do jogo de ida da final da Copa Rio, vencido por 4 a 1 pelo Vasco no Nivaldo Pereira. Ele é o artilheiro da competição com 15 gols e estará de volta ao time no jogo deste sábado.
– Eu estava dormindo. Meu pai me acordou, dizendo que alguém desejava conversar comigo. Era o gerente da base do Vasco. Ele me informou que deveria arrumar minha mala para ir à Granja Comary. Perguntei: “O que farei lá?”. Então ele revelou sobre a convocação e que já estavam me aguardando. Eu e meu pai (Cleber) começamos a chorar – relatou Minete, cuja carreira é gerida pelos mesmos agentes responsáveis por Rayan, Andrey e Talles Magno, todos revelados pelo Vasco.
– Foi a realização de um sonho de infância. Fiquei muito contente em estar lá. Enquanto nos aproximávamos, à noite, avistei um grande símbolo do Brasil no gramado, visível de longe. Muito imponente – acrescentou.
Alcançar esse feito não foi simples. Sua jornada teve início em Venda Nova do Imigrante, cidade pequena do Espírito Santo, e nos municípios vizinhos, como Domingos Martins. Seus pais atuavam no comércio, como representantes de vendas.

Após participar de alguns torneios locais, teve a chance de passar por testes no Flamengo. Viajou para o Rio de Janeiro com seu pai e foi aprovado. Aos nove anos, mudou-se para Vargem Pequena, próximo ao Ninho do Urubu, e integrou o clube por oito meses, sem conseguir se adaptar. Foi então que surgiu o convite do Vasco, alterando completamente seu percurso.
Atuando sempre como centroavante, Minete destacou-se por sua capacidade de marcar gols e velocidade. Canhoto, acumulou artilharias. Recentemente, foi eleito o melhor jogador na conquista da Nike Premier Cup, em São Paulo. Seus objetivos estão claros na porta do armário de seu quarto, onde troféus e premiações são exibidos em um altar.
– Sinto-me muito feliz, pois isso é o sonho de muitos. Saí de uma cidade pequena e tenho a oportunidade de jogar em um clube renomado. O início foi desafiador, meu pai passava muito tempo longe. Adaptar-se aos treinos e à cidade foi complicado. Ao chegar no Vasco, comecei bem e logo me tornei titular – explicou.
Atualmente, Patrícia dedica-se integralmente a Minete, enquanto Cleber continua a trabalhar como representante e alternar entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
– Tivemos que nos ajustar a tudo isso. Não é simples ser mãe de um atleta, abrir mão de uma cidade com poucos habitantes, tranquila e sem criminalidade, em busca do sonho dele. Mas encaramos com positividade. Somos uma equipe. Faço tudo que posso em relação à alimentação. Atuo como psicóloga, coach e nutricionista. É uma série de funções – comentou Patrícia.
Minete deverá assinar seu primeiro contrato profissional em janeiro, ao completar 16 anos. Conforme as regulamentações da Fifa, o vínculo pode durar no máximo três anos nesse momento. Somente aos 18 anos o jogador poderá ter um contrato de cinco anos. Alcançar esse patamar representa a concretização de um desejo do avô Ezoil.
– No passado, meu pai teve a chance de realizar testes aqui no Rio e até fora do estado, mas começou a trabalhar muito jovem e não teve condições. Por isso, não pôde seguir adiante, já que meu avô não podia deixar o emprego. Agora, meu avô me diz que chegou minha vez de realizar o sonho dele e de meu pai – revelou Minete, que também conta com um tio que jogou profissionalmente, Cleiton Gladiador, com passagens por Portuguesa-SP, Guarantinguetá e Ypiranga-RS, entre outros clubes.
Fã do Real Madrid e de Cristiano Ronaldo, o jovem enxerga na determinação do português uma inspiração para evoluir cada dia mais. Atualmente, ele realiza treinos individuais para aprimoramento físico, além dos treinamentos no Vasco. Na busca por gols, ambos mostram grande semelhança. Além disso, com cidadania italiana, Minete também se vê em campo com as camisas de Milan ou Juventus.
– Me identifico com ele. No início, ele não era um craque. Mas, de tanto treinar, tornou-se um – observou Minete, que também se encanta em São Januário com as estátuas de Roberto Dinamite e Romário.
Poderia ser eu – brincou.
Fonte: ge