Em 2012, após conquistar a Copa do Brasil e ser vice-campeão do Brasileirão, o Vasco se cruzou com o Granate nas oitavas de final da CONMEBOL Libertadores. A decisão só ocorreu nos pênaltis, depois de dois jogos intensos — primeiro no Rio de Janeiro e, posteriormente, em Buenos Aires.
Para alegria dos torcedores vascaínos, o time avançou às quartas de final. No entanto, os jogadores recordam bem das dificuldades enfrentadas até conseguir a classificação, que veio após 10 cobranças de pênaltis.
Em uma entrevista exclusiva à ESPN, o volante Rômulo, que atuou nas duas partidas, descreveu o confronto como um dos mais difíceis de sua carreira, reforçando a tensão que tomou conta do time após a definição da disputa nos pênaltis.
Na partida de ida, realizada em São Januário, o Vasco venceu por 2 a 1, resultado que se repetiu em Buenos Aires. Contudo, depois de Nilton abrir o placar para os cariocas, o Lanús virou o jogo, levando a decisão para a marca da cal.
“É muito complicado jogar lá (no estádio do Lanús), a pressão da torcida é enorme. Fizemos o gol com o Nilton, um belo chute de fora da área, e depois tomamos a virada. Foi um momento de grande pressão, mas nossa equipe se portou bem, tanto no ataque quanto na defesa”, recordou.
“Conseguimos nos organizar (após os gols do Lanús), conversamos, chamando todos para se ajudar, e assim levamos a partida para os pênaltis e saímos classificados.”
Nos pênaltis, Felipe, Juninho Pernambucano, Carlos Alberto, Renato Silva e Alecsandro foram os escolhidos pelo técnico Cristóvão Borges e conseguiram 100% de aproveitamento. Rômulo comentou que até aqueles que não bateram, incluindo ele, sentiram a tensão durante as cobranças.
“Foi uma disputa de pênaltis muito nervosa na minha carreira. Cada pênalti era uma apreensão, pensando se eu iria bater ou não. Graças a Deus, conseguimos a classificação e comemoramos muito na casa deles.”
Romero foi quem falhou na única cobrança do Lanús, ao carimbar o travessão, e logo em seguida Alecsandro converteu e garantiu a vaga do Vasco. Rômulo lembrou que, naquela época, a eliminação foi sentida pelo Lanús, que acreditava em conquistar o título da Libertadores.
Quando Vasco e Lanús foram sorteados no mesmo grupo na atual Sul-Americana, a torcida argentina comemorou a oportunidade de revanche. Rômulo tentou explicar essa rivalidade que surgiu há 13 anos.
“Eles estavam muito animados. Aquele time deles era muito forte e eles acreditavam que poderiam ser campeões. Nós os eliminamos, o que deixou uma marca. Passamos para a próxima fase e isso é significativo para qualquer jogador.”
Atualmente, o destaque do Lanús é Toto Salvio, mas naquela época o grande nome era Mauro Camoranesi, argentino naturalizado italiano e campeão do mundo com a seleção italiana em 2006. Rômulo recordou como foi enfrentar o astro.
“O Camoranesi já estava em fase final de carreira, mas ainda tinha muita qualidade, embora com um pouco menos de mobilidade. Era um jogador sensacional.”
‘O Vasco não pode cair nessa’
Atualmente no Retrô-PE, Rômulo, de 34 anos, continua acompanhando o Vasco e deu conselhos à equipe de Fábio Carille, incluindo o alerta para não entrar na ‘catimba’ dos argentinos.
“Sabemos que os argentinos têm essa característica de buscar ganhar com o contato físico. O Vasco não pode se deixar levar por isso; tem jogadores experientes. O futebol deve ser jogado; precisamos evitar provocações, algo que eles fazem muito bem. Eles tentam colocar a torcida contra o árbitro, criando um clima hostil, mas o Vasco tem um bom time e jogadores que podem superar tudo isso e obter um bom resultado.”
Rômulo também acredita que o Vasco pode conquistar o título da Sul-Americana, algo que o time de 2012 não conseguiu, ao ser eliminado nas quartas de final pelo Corinthians, que se tornaria campeão.
“O Vasco tem mostrado um futebol mais consistente e está fazendo um bom trabalho ofensivo desde o início. Com o trabalho de Carille, eles devem melhorar ainda mais, especialmente com o retorno de jogadores que estavam se recuperando de lesão. Acredito que vão longe na Sul-Americana, estou torcendo muito por isso.”
‘Poderia mudar totalmente a história’
Sobre a Libertadores de 2012, Rômulo relembrou o crucial confronto contra o Corinthians, onde o Timão avançou à semifinal com um gol de Paulinho no Pacaembu. Diego Souza teve uma grande oportunidade, mas Cássio fez uma defesa espetacular.
“Aquele gol perdido poderia ter mudado a história do Vasco e da competição. Embora não houve reclamações dos jogadores com o Diego nos vestiários após o jogo”, disse Rômulo.
“O Corinthians estava jogando bem, fizemos uma boa partida, mas em um descuido em um escanteio, tomamos o gol que decidiu a partida. Aquele momento marcante foi a bola que Diego Souza deixou passar; Cássio teve uma rara felicidade na defesa, o que os colocou na fase seguinte e, eventualmente, os levou ao título.”
“Marcar um gol contra eles seria crucial, pois a torcida começaria a pressioná-los, e nossa equipe estava em um ótimo momento. Aquele lance foi crucial, Diego teve a chance de pensar. Ele tentou tirar do goleiro, e Cássio teve uma grande defesa.”
“Após o jogo, parabenizamos Diego, porque ele fez o que acreditava ser o certo. A incrível defesa de Cássio permitiu que eles seguissem adiante na Libertadores, culminando com o título.”
Fonte: ESPN