O grupo associativo não divulgou o balancete referente a 2023. O prazo expirou na terça-feira. Procurado pelo ge para esclarecer o atraso, Carregal Sztajnbok respondeu às perguntas e criticou a SAF. O responsável jurídico entende que a 777 “despende excessivamente sem clareza de objetivos” e afirmou que há apreensão no associativo quanto ao futuro da SAF.
Procuradas para responder às críticas, a SAF do Vasco e a 777 Partners preferiram não se manifestar.
– Em termos simples, estão realizando esforços inúteis. Todos sabem que essa estratégia não enfrenta a origem do problema. A obrigação nunca será paga. Em suma, a situação é lamentável. E, pior, continua crítica levando em consideração o aporte deste ano e o do próximo, que será o último. Ainda assim, a Vasco SAF permanece no vermelho. Estamos bastante preocupados com o futuro da Vasco SAF – afirmou Carregal.
– Temos boas práticas de SAFs no Brasil que estão enfrentando a dívida e reduzindo o passivo rapidamente. O Bahia, do City, é um exemplo. Se você elimina a dívida, o que entra para a SAF entra limpo, no caixa, para investimento. Este é o primeiro passo significativo em direção ao equilíbrio financeiro. A Vasco SAF, conforme evidenciado no balanço, está longe disso.
A gestão de Pedrinho corre o risco de sofrer sanções por não ter publicado o balanço financeiro dentro do prazo estabelecido pela Lei Geral do Esporte. Desde 1998, a legislação brasileira impõe deveres contábeis a ligas esportivas, entidades e clubes. Em caso de não conformidade, pode haver até a destituição do presidente.
Em comunicado nas redes sociais do clube associativo, a direção do Vasco atribuiu a responsabilidade pelo atraso à gestão do ex-presidente Jorge Salgado, que teria sido ocasionado pela redução do quadro de funcionários do setor financeiro do clube – algo que, segundo a administração de Pedrinho, teria dificultado a obtenção de informações e documentos para elaboração do balanço.
Salgado respondeu às alegações da diretoria de Pedrinho e afirmou que “não pode concordar com a lamentável tentativa de se criar uma narrativa fictícia para transferência de responsabilidades”. Ambas as versões estão presentes na reportagem divulgada pelo ge mais cedo.
Das cerca de R$ 700 milhões de dívida que a SAF assumiu do clube, R$ 210 milhões foram quitados até o momento – R$ 90 milhões em 2022 e R$ 120 milhões no ano passado. Considerando atualizações e correções registradas no resultado financeiro da empresa, a diminuição líquida da dívida é de R$ 60 milhões. Um dos principais desafios é reduzir o custo desta dívida. Isso implica em renegociar para obter descontos, diminuir juros e prolongar prazos.
O volume de despesas e o custo operacional da SAF foram pontos criticados pela gestão de Pedrinho. O vice-presidente jurídico do CRVG mencionou o parecer do Conselho Fiscal da SAF e da auditoria para reforçar que a Vasco SAF “corre risco de falência”.
– Está bastante evidente que estamos sentados sobre uma bomba-relógio. O Conselho Fiscal da SAF e a auditoria independente foram muito claros acerca do risco de falência da Vasco SAF. Não sou eu quem está afirmando isso. São especialistas. A Vasco SAF está em uma situação delicada, com um custo operacional extremamente elevado. Está havendo gastos excessivos sem clareza de objetivos, sem planejamento – declarou o VP jurídico.
– A administração da Vasco SAF vai de encontro às diretrizes estabelecidas na lei da SAF. Não há gestão profissional, governança, transparência ou investimentos em infraestrutura – até o momento, não temos um Centro de Treinamento adequado. A lei da SAF foi criada para, além de reestruturar clubes em dificuldades financeiras, trazer gestão profissional para o futebol. A 777 está indo na direção oposta.
O ge mostrou, na terça-feira, que a SAF está convencida de que três pilares fundamentais para a autossustentabilidade estão sendo cumpridos: aumento de receitas, racionalização de custos (ter controle das finanças – quanto entra, quanto sai -, algo que antes não existia) e redução de dívidas.
Fonte: ge