O Vasco oficializou nesta terça-feira a mudança no cargo mais alto de sua SAF: Luiz Mello deixou o cargo de CEO e deu lugar a Lucio Barbosa. Um movimento que encerra uma passagem de quase 3 anos de Mello no cargo, com erros e acertos, mas fortemente ofuscada por polêmicas internas e externas.
O executivo foi contratado para essa mesma posição de CEO ainda na “era associativa” do futebol cruz-maltino, em janeiro de 2021, na gestão Jorge Salgado. Antes, já era nome benquisto na gestão Campello. Com grande bagagem no mercado corporativo, topou a primeira experiência em um clube.
Mello foi um nome importante na transição do futebol à SAF após o acerto com a 777 Partners. Foi o período em que conquistou grande confiança dos empresários americanos, mas que começou a minar seu dia a dia em São Januário. Em agosto do ano passado, quando foi anunciado como CEO da SAF vascaína, virou alvo.
O movimento de transição do associativo à SAF feito por Mello foi muito mal recebido entre os vice-presidentes, que enviaram carta e ameaçaram saída generalizada se o movimento não fosse revisto. Salgado tentou argumentar com a 777 Partners na época, mas a decisão foi mantida. A partir dali, o CEO nunca mais seria visto com os mesmos olhos e suas decisões seriam fortemente contestadas pela ala associativa, hoje dona de 30% do futebol do Vasco. Não foram poucas as manifestações de ex-funcionários, dirigentes e ex-dirigentes do Vasco, em aberto ou em círculos mais fechados, satisfeitos com a saída do executivo nesta terça-feira.
Internamente, Mello fez parte de um importante trabalho de reestruturação de setores como o jurídico e o financeiro. Com a entrada dos aportes da 777, o clube voltou a pagar seus funcionários em dia e passou a oferecer uma melhor estrutura trabalhista e de benefícios. Mello também intermediou as crises com o Consórcio Maracanã, e foi peça importante para alinhar a ideia de clássicos “50 a 50” entre Vasco e Flamengo neste Brasileiro.
Mas o próprio rival rubro-negro seria pivô da polêmica mais forte envolvendo o nome do executivo. Acusado de ser sócio-ativo do Flamengo, Mello virou alvo de denúncia de conselheiros em junho, que pleiteavam a anulação de seu termo de posse. Na época, ele se defendeu em entrevista ao site ge: “Alguém em sã consciência acredita mesmo que vou tomar de propósito uma decisão que prejudique o Vasco porque antes torcia para outro clube?”
Todavia, com a crise vivida pelo futebol no clube, nada adiantou: o caos se estendeu para o cenário externo. Mello e Paulo Bracks, diretor de futebol, viraram os principais alvos da fúria dos cruz-maltinos, que vêm há semanas pedindo as saídas dos dois. Houve até ameaças de morte ao executivo, que passou a evitar fazer manifestações e aparições públicas sem que houvesse grande necessidade.
No fim das contas, o futebol é o grande negócio do Vasco, e pesou no trabalho do executivo. O investimento de mais de R$ 100 milhões num elenco que hoje ocupa a lanterna do Brasileirão com apenas duas vitórias em 15 jogos, as cobranças públicas em pagamentos de negociações de reforços e em outras questões como a de Andrey ajudaram a colocar fim na passagem da primeira grande aposta da 777 Partners.
Quem assume o cargo interinamente é Lucio Barbosa, diretor financeiro e que esteve presente em boa parte do processo de solidificação da SAF vascaína. Ainda não há previsão certa para a contratação de um novo CEO — entre as possibilidades, está a de manter Barbosa até o fim do ano. Uma mudança que vem com o objetivo de apaziguamento e celeridade em processos: o principal, é claro, é evitar a tragédia que seria um novo rebaixamento do Vasco
Fonte: O Globo
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