As receitas de 31 dos 40 times que participam das Séries A e B do Campeonato Brasileiro alcançaram a marca de R$ 11,1 bilhões no último ano. Este valor representa um crescimento de 274% na arrecadação total entre os anos de 2014 e 2023.
Em comparação ao ano anterior, as receitas dos clubes aumentaram em 39%, saindo de R$ 8,4 bilhões para R$ 11,1 bilhões. Estes números foram obtidos através de um levantamento anual realizado pela EY, uma empresa de consultoria e auditoria britânica especializada no panorama financeiro dos clubes brasileiros.
É importante ressaltar que não foram considerados neste estudo os clubes Cruzeiro, CRB, Ituano, Juventude, Londrina, Mirassol, Novorizontino, Sampaio Corrêa e Tombense, pois não haviam divulgado suas demonstrações financeiras até a conclusão da pesquisa.
Segundo Pedro Daniel, diretor executivo de esportes da EY, um ponto relevante a ser destacado é que as cinco maiores receitas em 2023 (Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Athletico-PR e Fluminense) representam 42% do total arrecadado.
O executivo acrescenta ainda que o Flamengo é o único clube que, pelo terceiro ano consecutivo, atingiu a marca de receita total acima de R$ 1 bilhão, apresentando um faturamento recorde.
Dos R$ 11,1 bilhões totais, R$ 8,7 bilhões correspondem à receita sem considerar as transferências de jogadores realizadas pelos clubes brasileiros em 2023.
Segundo Pedro, esse tipo de receita teve um crescimento de 238% nos últimos dez anos, com um aumento de 43% entre 2022 e 2023.
Direitos de transmissão
Na análise das receitas provenientes de direitos de transmissão e premiações, destaca-se que em 2023 os clubes integrantes da Liga Forte União (LFU) venderam parte de seus direitos comerciais do Campeonato Brasileiro das temporadas de 2025 a 2074 (50 anos), impulsionando o crescimento destas receitas em relação ao ano anterior.
Neste contexto, 40% do valor concentrou-se em apenas cinco clubes (Fluminense, Flamengo, Internacional, Botafogo e Athletico-PR).
O Tricolor Carioca, por exemplo, aumentou suas receitas provenientes de direitos de transmissão e premiações em 256%, impulsionado também pela conquista da Libertadores, o que rendeu ao clube R$ 129 milhões.
Matchday
As conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores acarretaram em um aumento de 60% e 106% nas receitas de bilheteria para São Paulo e Fluminense, respectivamente, em comparação com 2022.
Já o Atlético-MG teve um crescimento de 26% com a inauguração de sua nova arena, a Arena MRV.
Endividamento
Em relação ao endividamento, a EY analisa três aspectos: endividamento líquido, empréstimos e tributário. No último ano, o Botafogo foi o clube que apresentou o maior endividamento líquido, correspondente a 11% do total dos clubes e o único a ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão.
Em conjunto com Corinthians, Atlético-MG, Vasco e São Paulo, o endividamento líquido desses cinco clubes representa 44% do total.
De acordo com Pedro, enquanto as dívidas tributárias cresceram em 7%, os empréstimos e o endividamento líquido total apresentaram uma redução de 23% e 9%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Em valores absolutos, a queda no endividamento líquido corresponde a aproximadamente R$ 900 milhões, movimento também influenciado pelas receitas provenientes das vendas de participação na LFU.
Por outro lado, Flamengo, Atlético-MG, Internacional, Coritiba, Sport e Fortaleza reduziram suas dívidas em 75%, 48%, 21%, 12%, 40% e 80%, respectivamente, em relação a 2022.
No que diz respeito ao endividamento tributário, o Corinthians liderou o ranking, com um valor acima de R$ 600 milhões, seguido por Botafogo (R$ 443 milhões) e Fluminense (R$ 398 milhões).
São Paulo, Grêmio, América-MG e Ceará aumentaram suas dívidas tributárias em 4%, 15%, 12% e 17%, respectivamente. Por outro lado, Flamengo, Santos, Athletico-PR e Sport registraram quedas de 21%, 12%, 39% e 21% em seus endividamentos tributários.
Fonte: Máquina do Esporte