O êxtase em São Januário com o tento de Payet que garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o América-MG nos acréscimos foi seguido por um discurso incisivo do treinador Ramón Díaz na coletiva de imprensa. Demonstração de uma abordagem ambiciosa de um comandante que recebeu a responsabilidade de reerguer a equipe em uma possível reviravolta que parecia improvável na batalha contra o rebaixamento.
O técnico argentino assumiu o clube em julho com apenas 9 pontos conquistados em 14 rodadas, em meio a uma temporada que sinalizava uma queda iminente. Naquela ocasião, havia a clareza no departamento de futebol, liderado por Paulo Bracks: após o desastroso período sob o comando de Maurício Barbieri, a escolha do novo treinador seria crucial, uma situação que não permitia margem para erro.
Foi nesse contexto que “Don Ramón” começou a exercer influência. O clube se empenhou em atender todas as demandas possíveis do treinador, que esteve envolvido, juntamente com seu filho e auxiliar Emiliano, em várias negociações. Chegou a dialogar diretamente com os atletas para persuadi-los a abraçar o projeto que desejava implementar. Um estilo de gestão que ele já adotava ao longo de sua carreira.
A estratégia foi tão bem-sucedida que hoje o cruz-maltino vislumbra de maneira realista a possibilidade de salvação: são nove triunfos, quatro igualdades e seis reveses em 19 jogos, um aproveitamento de 54,3% que mantém o Vasco fora da zona do descenso. Mesmo nos momentos de oscilação, como na sequência de duas dolorosas derrotas para Flamengo e Internacional, o trabalho de Ramón não foi contestado internamente.
Situação divergente dos concorrentes na luta contra a queda, que passaram por mudanças de treinadores de julho para cá. Renato Paiva (Bahia), Vagner Mancini (América-MG), Pepa e Zé Ricardo (Cruzeiro), Paulo Turra e Aguirre (Santos) estão entre os que deixaram seus postos.
Essa estabilidade também contribuiu para Ramón conquistar ainda mais a confiança do elenco. Conhecido pela capacidade de alternar entre um otimismo atencioso e uma exigência elevada, o técnico resgatou jogadores como Zé Gabriel, Maicon e Paulo Henrique, em um grupo que acreditou na possibilidade e “abraçou a causa do Vasco”. Isso proporciona discursos como o proferido no último domingo.
– No futebol, para salvar uma equipe, é necessário atuar bem, é preciso interpretar de outra forma, é preciso ter outro ritmo, outra dinâmica e outra pressão. Estamos trabalhando há bastante tempo e a equipe falhou, por isso estou bastante preocupado. Porque, mesmo com a vitória, a luta ainda não terminou — destacou o treinador.
O Vasco retorna aos gramados na quarta-feira da próxima semana, em um confronto direto contra o Cruzeiro, partida adiada da 33ª rodada, em Belo Horizonte.
Fonte: Extra