“Não tem como o Vasco ser rebaixado”.
No dia 3 de setembro de 2023, após o empate de 1 a 1 entre o Vasco e o Bahia em Salvador, Ramón Díaz declarou isso. O time estava na 18ª posição na tabela do Brasileirão, com 17 pontos e menos da metade do campeonato pela frente. Naquele momento, parecia que poucas pessoas acreditavam nisso, além dele.
Depois de repetir isso várias vezes em entrevistas coletivas, a frase se tornou uma espécie de promessa. Não importa que o time estava com apenas nove pontos quando ele assumiu, que os adversários eram difíceis, que havia pouco tempo entre os jogos, que o gramado era ruim… você prometeu que o Vasco não seria rebaixado, Ramón.
Nos piores momentos do time no campeonato, era nisso que o torcedor do Vasco se segurava.
Na noite desta quarta-feira, três meses após o jogo contra o Bahia, Ramón Díaz cumpriu sua promessa. No entanto, durante os 90 minutos da vitória por 2 a 1 sobre o Bragantino em São Januário, muitos duvidaram. O desfecho poderia ter sido menos emocionante. Não dava para só esperar pelo apito final e pela festa na Barreira?
O Vasco dependia apenas de si para escapar do rebaixamento, o que trazia tanto otimismo quanto calafrios aos vascaínos. Em resumo, o Bragantino não estava disputando mais nada neste Brasileirão. E o Bahia, concorrente direto, enfrentaria a forte equipe do Atlético-MG – como a probabilidade de um rebaixamento era baixa, pouco se falava no Santos antes do início da rodada.
Para o jogo mais importante do ano, aquele que definiria o destino do próximo ano, Ramón Díaz fez mudanças radicais na escalação e tirou dois jogadores que até então eram considerados intocáveis: Zé Gabriel, que tinha sido titular em 21 dos 23 jogos sob o seu comando; e Paulinho, titular em 20 partidas. A maioria das reações diante da escalação, independentemente de serem positivas ou negativas, sempre concluíam com: “… bom, mas o Ramón deve ter um plano”.
Geralmente é apenas quando a partida começa que se percebe que tudo é possível, são 11 jogadores contra 11 e qualquer coisa pode acontecer. O Vasco poderia abrir 3 a 0 no primeiro tempo, assim como o Bragantino poderia marcar um gol inesperado. Ou o Bahia fazer 1 a 0 no Galo, já pensou? Ou o Santos marcar um gol. Ou tudo isso junto.
Para aliviar essa agonia, a torcida do Vasco começou a cantar alto. O barulho era ensurdecedor em São Januário nos primeiros minutos da partida.
O jogo começou com a torcida cantando muito alto. Lindo de assistir #trcolinapic.twitter.com/dpYdBId0uE
— Tébaro Schmidt (@tebaroschmidt) 7 de dezembro de 2023
O jogo começou com a torcida cantando muito alto. Lindo de assistir #trcolinapic.twitter.com/dpYdBId0uE
Com seis minutos, Marlon Gomes se machucou sozinho em um lance pela direita do ataque. Aos 24, com dores, precisou sair para a entrada de Paulinho. Quem entrou em campo não foi o Paulinho dos jogos recentes, com atuações decepcionantes e futebol pobre. Foi o Paulinho das primeiras partidas com a camisa do Vasco, atuante em campo, o jogador que rouba a bola e completa as jogadas.
Aos 28, ele interceptou um passe no meio de campo, carregou até a entrada da área, aguardou a passagem dos seus companheiros, escolheu a melhor jogada, ajeitou para a perna direita e finalizou com força. A bola desviou em Luan Cândido no meio do caminho e balançou as redes. Paulinho, que há quatro minutos estava no banco de reservas, marcou seu primeiro gol pelo clube. Não poderia ter sido em momento mais oportuno.
No entanto, o Bragantino estava determinado a encerrar de forma honrosa a excelente campanha que fez no Brasileirão e em nenhum momento facilitou as coisas para o Vasco. Pelo contrário, terminou o primeiro tempo com mais posse de bola e assustou duas vezes em chutes de Helinho de fora da área. No início da segunda etapa, o time de Bragança Paulista surpreendeu São Januário ao empatar a partida com Léo Ortiz.
Nesse momento, a situação era simples: como o Bahia virou o jogo contra o Atlético-MG, o Vasco estava sendo rebaixado. O torcedor, que nunca esquecerá o triste jogo contra o Vitória em 2008, contra o Athletico em 2013, contra o Coritiba em 2015 e a vitória com sabor de derrota sobre o Goiás em 2020, pensou no pior.
Como resposta, Ramón Díaz lançou… Serginho? Será realmente possível? O atacante que havia participado de apenas oito jogos neste Brasileirão e que ficou seis rodadas sem sequer entrar em campo de repente se tornou a solução?
Calmem-se. Ramón Díaz tem um plano.
Com menos de 10 minutos em campo, o camisa 70 foi lançado no ataque e causou a expulsão do zagueiro Realpe, que recebeu o cartão vermelho após a intervenção do VAR. Mais tarde, quando a tensão dominava São Januário, ele apareceu no meio da área para completar de cabeça o cruzamento de Paulo Henrique e marcar certamente um dos gols mais importantes de sua carreira.
No final das contas, o Vasco não caiu. Ramón Díaz já sabia.
Fonte: ge
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