Ramón Díaz pode ser denunciado com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), referente a “Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, gênero, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. Caso seja condenado, o técnico pode pegar uma suspensão de cinco a dez partidas, além de pagar uma multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil.
Após a derrota para o Red Bull Bragantino, ao ser questionado sobre a arbitragem da partida, Ramón Díaz aproveitou para criticar a atuação do VAR no confronto anterior com o Grêmio, ocorrido no último domingo. Durante sua fala, ele proferiu um comentário considerado machista acerca da árbitra Daiane Muniz (FIFA-SP). Mesmo tendo se retratado cerca de trinta minutos depois da coletiva, alegando ter sido mal interpretado, o impacto de suas palavras já estava estabelecido.
– A respeito dos árbitros, há limites para o que podemos dizer. Com o VAR, em nossa última partida em casa, uma senhora, uma mulher, interpretou um pênalti de forma diferente. O futebol é outro. Principalmente quando se trata de o VAR ser decidido por uma mulher. Acho que é bastante complexo, devido à dinâmica e à velocidade do futebol, com decisões tão rápidas. Hoje não temos certeza sobre a arbitragem de um pênalti em nosso ataque. Se foi ou não um pênalti – declarou Ramón Díaz em entrevista coletiva no estádio Nabi Abi Chedid.
Especialista comenta sobre possibilidade de punição a Ramón Díaz
Para analisar a possibilidade de Ramón Díaz ser penalizado pelo STJD, a Trivela conversou com Fernanda Soares, especialista em direito esportivo. Segundo a advogada, a eventual punição dependerá da interpretação do Tribunal sobre a intenção do treinador ao proferir tais palavras.
– Para que essa sanção seja aplicada, o tribunal precisa concluir que Ramón Díaz teve a intenção de praticar tal ato discriminatório, ou seja, que suas palavras demonstram um pensamento discriminatório em relação ao gênero da árbitra de vídeo. Isso nem sempre é simples, pois não é fácil determinar as intenções das pessoas – afirmou Fernanda Soares à Trivela, acrescentando.
– Caberá ao tribunal decidir se sua fala foi discriminatória ou se ele simplesmente se expressou de forma inadequada durante a entrevista – complementou a advogada.
Ramón Díaz e o Vasco se retratam por declaração machista
Após a partida contra o Red Bull Bragantino, Ramón Díaz abordou a performance da árbitra Daiane Muniz (FIFA-SP), responsável pelo VAR na vitória do Vasco sobre o Grêmio no último domingo. Na ocasião, o time carioca ficou indignado com um pênalti não assinalado em Galdames após falta de Rodrigo Ely, do Grêmio, durante o segundo tempo. O árbitro Flávio Rodrigues de Souza (FIFA-SP) não revisou o lance no monitor.
Cerca de trinta minutos após o término da coletiva no estádio Nabi Abi Chedid e diante da repercussão negativa de seu comentário machista, Ramón Díaz procurou os jornalistas presentes e se desculpou pela declaração inadequada. Pouco tempo depois, o Vasco também se manifestou nas redes sociais lamentando as palavras do treinador.
— Se houve uma má interpretação de minha declaração, gostaria de me retratar. Meu intuito era destacar que uma única pessoa não deveria ter tanta influência em decisões importantes, como as do VAR no futebol. Se houve um mal-entendido, peço desculpas, pois não foi minha intenção — afirmou Ramón Díaz.
Retratação de Ramón Díaz poderá influenciar desfecho do caso
O pedido de desculpas feito por Ramón Díaz poderá impactar a situação do treinador. Em um caso ocorrido em 2021, o Botafogo foi julgado por cânticos machistas da torcida e acabou multado em R$ 10 mil. Durante uma partida contra o Brusque no estádio Nilton Santos, torcedores alvinegros proferiram ofensas à assistente Katíuscia Mendonça.
Após o jogo, o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, entregou uma carta de desculpas à assistente ainda no campo. O clube foi denunciado com base no artigo 243-G e poderia sofrer até mesmo a perda de pontos, porém, acabou apenas multado em R$ 10 mil. Durante o julgamento, um dos auditores mencionou o pedido de desculpas da agremiação.
Fonte: Trivela