frequentemente. Qual é a relação do senhor com a política? O senhor gosta de se envolver na política argentina? Como o senhor vê o país hoje?
– Eu sou da Argentina e quero que a Argentina esteja bem. No Brasil você pode ter o que quiser, tem de tudo. Eu me surpreendo porque no Brasil e em São Paulo tem de tudo, e na Argentina nos custa ter alguma coisa. É um grande país, mas temos que mudar a mentalidade. Sua forma de trabalhar, sua forma de ver o progresso, de ver que a indústria cresça, que as coisas sejam justas para todos, que todos produzamos para que todos possam viver melhor. Mas o Brasil e a Argentina são potências.
Javier Milei, presidente da Argentina, e Ramón Díaz, técnico do Corinthians — Foto: Reprodução
Mas não ficou claro pra mim. Aquela foto foi só um momento que o senhor teve ou há uma relação de amizade com o presidente Milei?
– Não, eu o conheci agora. Eu o conheci agora. Ele me chamou, queria me conhecer. Porque estava fora de país, queria conhecer. Fui e conversamos. Tivemos quase duas horas falando de futebol, de política, de como está o país, ter uma relação muito boa com o Brasil. Por quê? Porque aqui são 250 milhões de pessoas que têm o que comer, que têm trabalho. E essa relação, se há uma aliança entre o Brasil e a Argentina, a América do Sul pode ser uma potência. Se estão separados, já é mais difícil. Mas se o Brasil e a Argentina pudessem fazer uma aliança comercial, de trabalho, de organização, de tudo, a América do Sul poderia ser uma grande potência. Não devemos enviar nada aos europeus.
A gente falou muito do futebol brasileiro, e para encerrar a entrevista eu queria que contasse nesse período que o senhor está no Brasil, o que tem gostado também da nossa cultura. E aí pode ser da música, da gastronomia, da vida, pode ser de São Paulo, do Rio de Janeiro…
– São Paulo me encanta, me encanta quando vamos a um restaurante e todos pedem para tirar foto, falar de futebol, o que te está servindo. Sou do Corinthians. Tem muita paixão, como tem na Argentina também. Tem muita paixão e isso eu gosto. Que essa paixão existe para que os clubes sigam crescendo, cada vez melhor.
Ramón Díaz, técnico do Corinthians — Foto: Marcos Ribolli
Já que o senhor gosta tanto do Brasil, já acha o Pelé o maior de todos os tempos?
– No outro dia, eu comecei a ver no YouTube… Pelé. Estive duas horas olhando como cabeceava, como jogava na esquerda, como jogava na direita, os gols que ele fazia. Depois estive vendo duas horas Neymar. São grandes jogadores. Tem que ser feliz porque nasceram em um país que realmente gosta do futebol. Temos que ser agradecidos, os brasileiros e os argentinos, por ter tido o Messi e o Maradona. E aqui, por ter a Pelé, o Neymar, o Ronaldo.
– Temos milhões de jogadores que no mundo são reconhecidos futebolisticamente porque eles fizeram grandes coisas, grandes resultados, grandes pontos. Muito inteligente para se mover, para se definir, como cabeceia. Digam-me vocês o que, neste último período, Cristiano Ronaldo, que foi o europeu que competia com os sul-americanos. Mas depois, quase sempre, foram os sul-americanos que deram esse ressalto de grande qualidade.
Obrigado, Ramón.
– Muito obrigado pela entrevista, obrigado por me convidar. Quero mandar um salve a toda torcida do Corinthians, que seguramente o melhor está por vir. Vamos continuar crescendo, vamos continuar trabalhando. Gosto muito de onde estou. Vou continuar errando, mas também vou acertar alguns. Muito obrigado.
Ramón Díaz, técnico do Corinthians — Foto: Marcos Ribolli
Fonte: ge