Com o anúncio da contratação de Eduardo Coudet pelo Internacional e as chegadas de Ramón Díaz e Bruno Lage, ao Vasco e ao Botafogo, respectivamente, o Brasileirão terá, pela primeira vez na história, mais técnicos estrangeiros do que brasileiros. No total, serão 11 gringos comandando times na divisão principal do país.
O primeiro na era dos pontos corridos foi o uruguaio Darío Pereyra, que comandou o Grêmio e o Paysandu, em 2003. No entanto, foi com as chegadas de Jorge Jesus ao Flamengo e Jorge Sampaoli ao Santos, ambos em 2019, que a tendência de contratar treinadores de fora do país aumentou consideravelmente.
Em um período de 16 anos, entre 2003 e 2018, apenas 17 técnicos de fora do país haviam passado por clubes da Primeira Divisão. O sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, com as conquistas do Brasileirão e da Libertadores, mudou esse panorama e gerou um movimento no futebol nacional: a preferência pela contratação de treinadores estrangeiros. Entre 2019 e 2023, já foram 37 técnicos gringos em clubes da Série A.
Inclusive, dois estrangeiros detém, atualmente, os trabalhos mais longevos em times do Brasileirão: Abel Ferreira, no Palmeiras, desde novembro de 2020; e Juan Vojvoda, que comanda o Fortaleza, desde maio de 2021. Dos 11 estrangeiros empregados, sete são de Portugal e quatro da Argentina. Athletico-PR e Coritiba, no momento, trabalham com treinadores interinos.
Além do líder, Botafogo, outros cinco times treinados por técnicos estrangeiros figuram na metade de cima da tabela do Brasileirão. São eles: Flamengo (2º), Palmeiras (6º), Bragantino (7º), Fortaleza (9º) e Cruzeiro (10º).
As chegadas de Coudet e Ramón Díaz também encurtaram a distância dos argentinos em relação aos portugueses no topo do ranking dos países com mais treinadores que atuaram no Brasileirão. Bruno Lage é o 16º português a comandar uma equipe do torneio desde 2003. Os argentinos aparecem logo atrás, com 13.
Paulo Cesar Vasconcellos, comentarista dos canais Globo, afirmou que acredita que a preferência por treinadores estrangeiros se deve à tentativa dos dirigentes de evitarem críticas, tendo em vista os diversos casos de sucesso. Como uma espécie de “cala-boca”.
– Há clubes que contratam técnicos que nasceram fora do Brasil por convicção e há outros que contratam por medo da pressão de trazer um técnico brasileiro. Você tem dirigentes que, por entenderem que a contratação de técnicos brasileiros, diante do cenário que se formou, vai lhe trazer muitos desgastes, optam por treinadores estrangeiros.
A tendência também atingiu a CBF. Recentemente, a entidade anunciou que conta com a chegada de Carlo Ancelotti para comandar a seleção brasileira. O treinador italiano tem contrato com o Real Madrid até o dia 30 de junho de 2024 e informou que pretende cumpri-lo. Ou seja, ao que tudo indica, o treinador só ficará à disposição do Brasil a partir de 1º de julho do ano que vem.
– O técnico brasileiro, hoje, já é visto com ressalvas antes de começar o trabalho, e essa situação, de certa forma, se consolidou ainda mais na medida em que a CBF decidiu que não há ninguém no Brasil capaz de dirigir a seleção brasileira, exceto por um período de interinidade, que é o caso de Fernando Diniz- completou PC.
Fonte: Globo Esporte