Antes de Paiva, Ramón Diaz e Álvaro Pacheco falharam não só pelos maus resultados, mas também pela postura “passiva” da equipe diante de adversidades. Consciente desse problema, Paiva deu o primeiro passo para afastar o pessimismo ao organizar taticamente a equipe, especialmente defensivamente, com jogadores extremamente combativos em cada disputa de bola.
No início do primeiro turno do Brasileiro, o Vasco sofreu 19 gols em oito rodadas, tendo a pior defesa da competição na época. Embora ainda esteja entre as quatro defesas mais vulneráveis – 17ª colocação, com 34 gols em 23 jogos – a comissão técnica conseguiu implementar um estilo de jogo que valoriza a marcação para criar transições rápidas no contra-ataque. Destaque para o volante Hugo Moura, que marcou dois gols nos jogos contra o Furacão, seu ex-clube, e passou de descartado para titular absoluto com o técnico.
Outro fator que explica, de certa forma, a transformação do Vasco é o conhecimento de Paiva sobre os jogadores que subiram recentemente para o time principal. Antes de assumir, ele era o treinador da equipe sub-20, o que o diferencia por ter uma melhor noção de como aproveitar a base. Isso fica evidente com a participação dos jovens Rayan, Leandrinho, JP e Estrella, que está se recuperando de uma lesão no joelho direito, e que passaram a ter mais oportunidades e destaque nesta temporada.
Além disso, é natural que uma sequência de vitórias faça com que os jogadores se sintam mais confiantes para arriscar jogadas ou executar movimentos sem hesitação por causa da pressão da torcida. Embora a liderança mental vá além das funções em campo, a compreensão de Paiva sobre a importância de cada setor do clube mostra que as reviravoltas nos resultados são consequências desse processo.
“A gente tem tomado mais gols do que gostaríamos antes de marcar. Mas acho que o que realmente importa é a nossa capacidade de nos controlarmos. Existe um trabalho psicológico, multidisciplinar, que é feito por todos os jogadores dentro de campo para conseguirmos virar o jogo”, destacou Paiva na entrevista coletiva após mais uma virada contra o Athletico-PR.
Das cinco viradas do Vasco sob seu comando, três aconteceram em São Januário (duas vezes contra o Athletico-PR e uma contra o São Paulo), o que mostra uma reconexão entre a equipe e a torcida cruz-maltina. As outras duas, contra Bragantino e Criciúma, fora de casa, tiveram um sabor amargo, já que os adversários empataram no fim das partidas.
Como mandante, o Vasco ocupa a 8ª posição geral, com 66% de aproveitamento. Longe de seus domínios, cai para a 18ª posição, tendo apenas duas vitórias e 21% de aproveitamento. A disparidade de desempenho sugere que a solução para os problemas realmente esteja em casa, ao mesmo tempo que serve de alerta, caso as reviravoltas deixem de acontecer.
“É uma equipe que sofre gols, mas não se desmorona como acontecia com outros treinadores. Paiva trouxe calma na maneira de trabalhar, com organização e estudo, além de acreditar que os jogadores poderiam render muito mais do que estavam apresentando”, analisa Conrado Santana, comentarista de futebol do Grupo Globo. “É ótimo ter um alto número de viradas, especialmente para a torcida do Vasco, que canta isso na arquibancada, mas ao mesmo tempo, isso significa que é preciso melhorar o desempenho no início das partidas”.
Em busca de garantir o oitavo jogo consecutivo sem derrota, a equipe de Paiva visita o Vitória neste domingo, no Barradão, às 18h30, pelo Brasileiro.
Fonte: Extra