A 777 Partners está concentrando seus esforços em recorrer – o que deve acontecer entre quarta e quinta-feira – com um agravo interno da decisão em segunda instância na Vara Empresarial do TJRJ. A não concessão de efeito suspensivo da liminar gerou mais preocupação aos americanos do que a própria decisão original do dia 15 de maio – por se tratar de uma instância superior e, também, por ter dado tempo para preparar argumentos contra o corpo jurídico do Vasco. A liminar foi concedida apenas com base na petição inicial dos advogados do clube de São Januário.
Na ação rejeitada, a 777 Partners alegava estar em dia com suas responsabilidades perante a entidade safista vascaína e criticava Pedrinho, presidente do Vasco, chamando-o de “garoto mimado” que tomou decisões baseadas em “desejos contrariados” relacionados à SAF.
Nos bastidores, surgiram divergências que vão desde a falta de consideração aos advogados do grupo de Pedrinho na disputa pela concessão do Maracanã – devido a uma suposta boa relação com o Governo do Rio de Janeiro – até a ausência de comunicações simples como a contratação e posterior demissão do então diretor de futebol Alexandre Mattos. No entanto, a principal justificativa do grupo de Pedrinho é a alegação de que a ação tornou-se necessária devido à deterioração da imagem da 777 Partners internacionalmente.
Os advogados do Vasco, em nome da diretoria de Pedrinho, devem solicitar a arbitragem à FGV até o dia 14 de junho – conforme estabelecido na decisão cautelar de primeira instância. A liminar do Vasco tem validade de 30 dias para a decisão final. Na arbitragem da FGV, cada parte indica um árbitro, sendo que essas escolhas podem ser contestadas por ambas as partes. Após essa etapa, ambas as partes chegam a um consenso para a escolha de um terceiro árbitro para o processo decisório.
Ambos os processos seguem em paralelo – tanto o recurso da 777 Partners e o possível avanço até a decisão final no TJ, quanto o pedido de arbitragem feito pelo Vasco.
A partir do início da arbitragem, os mediadores da FGV podem manter os efeitos das decisões anteriores nos tribunais do Rio ou reconsiderar o caso e devolver o controle da SAF vascaína para a 777 enquanto o caso é discutido. O prazo para a resolução da arbitragem é incerto, mas normalmente ultrapassa três meses. No clube, a perspectiva é que o desfecho possa se prolongar até o ano de 2024.
E quanto à venda? E às finanças?
Atualmente, a comunicação entre o Vasco e a 777 Partners é limitada – o controle da 777 ainda está com Josh Wander, que, apesar de ainda estar afastado da empresa, não assina as procurações de seus advogados nos litígios judiciais no Rio de Janeiro. Paralelamente, ainda não houve indicações de mudanças nas condições previamente estabelecidas em relação à possível venda. O preço proposto é de US$ 120 milhões, com prazo bastante restrito – até mesmo à vista – para o pagamento de apenas 31% das ações já adquiridas pela 777 Partners.
O grupo americano desejava vender apenas “o pacote” de clubes, e não apenas o Vasco, como parte do negócio. Por parte da diretoria de Pedrinho, há um canal de troca de informações com outros clubes insatisfeitos com a 777.
Até a ação preparatória para a arbitragem, em 14 de maio, havia conversas sobre uma possível negociação. Depois disso, apenas uma comunicação protocolar. Há a percepção de que não haverá negociações enquanto uma liminar conceder vantagem a uma das partes – o que favorece a diretoria de Pedrinho, mas também afasta investidores estrangeiros em meio à disputa judicial.
Na visão da diretoria de Pedrinho, após o susto inicial de potenciais compradores, existe a análise de que os investidores aguardam para compreender a verdadeira situação financeira da 777 e da SAF vascaína. Ao longo desta semana, essas condições podem se tornar mais claras com as conclusões do perito designado para analisar as contas da entidade safista vascaína.
Desde a separação com a 777, Pedrinho tem se envolvido mais no futebol nos últimos dias. Além de nomear Felipe como diretor técnico do futebol, o presidente tem mantido contato constante com Pedro Martins, que agora se reporta mais a Pedrinho do que a Lúcio Barbosa, diretor geral da Vasco SAF. Por decisão de Pedrinho, o CEO Lúcio está menos envolvido com o futebol atualmente.
Há preocupações em relação ao pagamento das contas – estima-se que, entre a alta folha salarial do futebol, os acordos para pagamento de dívidas do Regime Centralizado de Execuções (RCE), da Fazenda e outros compromissos, o Vasco tenha um custo mensal em torno de R$ 30 milhões -, mas a entrada de recursos de um novo patrocinador e as receitas das transmissões de TV podem ajudar o clube a se manter viável neste período.
Fonte: ge