Em encontro realizado na última sexta-feira, o presidente do Vasco, Pedrinho, por intermédio do setor jurídico do clube, requereu à 777 Partners a certeza de que a empresa efetuará o investimento programado para setembro deste ano. A solicitação pegou os executivos americanos de surpresa.
A exigência foi comunicada pelo time por meio de comunicado enviado ao jornal “O Globo”. Tentamos contato com Pedrinho e sua equipe, porém optaram por não se manifestar.
– Diante das notícias que indicam uma aparente instabilidade financeira da 777, tendo em vista o atraso no último investimento e o empréstimo concedido pela SAF (sem a devida aprovação do Conselho Fiscal e sem o conhecimento do clube) para uma empresa do grupo americano, o Departamento Jurídico do Vasco enviou uma notificação exigindo que a 777 apresente uma garantia de sua capacidade financeira para cumprir com o compromisso de pagamento da terceira parcela estipulada em contrato, no valor de R$ 270 milhões – explicou o clube em comunicado.
O pedido de esclarecimento foi motivado por um acontecimento no segundo semestre do ano passado, quando o presidente do clube ainda era Jorge Salgado. Na ocasião, a 777 atrasou o investimento previsto em contrato para a SAF. O montante, aproximadamente R$ 100 milhões, deveria ser creditado na conta do clube até 5 de outubro (durante o período de carência).
Nos últimos instantes do prazo, na noite de 5 de outubro, a empresa informou ao Vasco que havia realizado parte do depósito, comprometendo-se a efetuar o restante nos dias seguintes, cumprindo o prometido. Contudo, o atraso causou desconforto a Salgado, que cogitou notificar a 777. Contratualmente, o clube teria condições de adotar medidas para recuperar 51% das ações e reassumir o controle do departamento de futebol pelo simbólico valor de R$ 1 mil.
A atuação recente foi recebida de maneira negativa por integrantes da 777, os quais se mostraram surpresos com o tom considerado agressivo do comunicado. A empresa entende que não é obrigada a oferecer garantias, pois o contrato já estabelece as datas dos depósitos, configurando um compromisso formal.
O clube possui entendimento distinto e não encara a notificação como uma afronta, mas, diante das frequentes notícias veiculadas na imprensa internacional sobre os problemas financeiros da 777, considera relevante uma “demonstração” de solidez financeira e liquidez. Isso, inclusive, para que a agremiação possa vislumbrar cenários futuros com clareza.
Há uma inquietação por parte da equipe de Pedrinho em relação às receitas do Vasco, as quais, conforme fontes ouvidas pelo ge, não têm apresentado melhora: “A SAF gasta recursos e não corresponde. Tudo indica que o investimento previsto para setembro estará totalmente comprometido”.
Até o momento, a SAF tem cumprido suas obrigações financeiras com o Vasco. Em entrevista ao ge no domingo, o proprietário da 777, Josh Wander, declarou que a empresa tem honrado os salários pontualmente e quitou “mais de R$ 100 milhões em dívidas, montante superior ao planejado para este momento”. Desde que se tornou SAF, o clube investiu mais de R$ 250 milhões em reforços.
O investimento contrasta com os resultados negativos em campo, algo que desagrada a Pedrinho e seus colegas. A falta de uma reforma abrangente no centro de treinamento, obrigação da 777 prevista em contrato, também irrita os dirigentes do clube.
Segundo apuração da reportagem, a 777 não compreende o motivo da desconfiança do clube e acredita que o conflito prejudica o desempenho no futebol. Além de Josh Wander, Nicolas Maya e Johannes Spors também estiveram reunidos com Pedrinho na sexta-feira. A postura dos estrangeiros foi de buscar a conciliação, porém deixaram claro que a diretoria do clube não terá a palavra final no departamento de futebol.
– O que nos une é o amor pelo Vasco, e isso deveria sobrepor qualquer discordância que possamos ter. Considero como aliado qualquer pessoa que deseje o melhor para o Vasco. Espero que nossas equipes possam colaborar em conjunto, respeitando, ao mesmo tempo, o papel de nossa equipe liderada por Lúcio Barbosa, que é quem toma as decisões definitivas – afirmou Josh Wander em entrevista ao ge.
Fonte: ge