Os sócios do Vasco decidem, nesse sábado, o futuro presidente do clube para o triênio 2024-2026. Leven Siano e Pedrinho são os candidatos na disputa. Ambos foram entrevistados pelo ge.
Nessa sexta-feira, eles participaram de uma conversa ao vivo. Pedrinho tinha confirmado presença, mas na quarta-feira, por meio de sua equipe de imprensa, desmarcou a participação alegando “imprevisto na agenda”. Ele enviou suas respostas por escrito.
Dentre outros tópicos, o postulante da chapa “Sempre Vasco” explicou a motivação por trás de sua mudança de comentarista para candidato à presidência do clube, discorreu sobre a influência da diretoria atual em sua administração, caso seja eleito, o que está em jogo sem o controle do futebol e como planeja se relacionar com a 777, já que a associação ainda retém 30% das ações da SAF.
Tema de grande interesse para os vascaínos, a reforma e ampliação de São Januário também foi abordada. Pedrinho detalhou seus planos para a obra e revelou se tem a intenção de dar seguimento ao projeto elaborado pela diretoria atual.
Confira a entrevista na íntegra
ge: Sua formação está relacionada ao futebol. O Vasco transferiu seu futebol. Você deixou de atuar como comentarista para concorrer a um cargo voluntário. Por que decidiu apresentar-se como candidato?
Pedrinho: Estou realizado pessoal, financeira e profissionalmente. No entanto, o que mais me comove é que os problemas do Vasco nunca foram resolvidos. São pelo menos 20 anos de deterioração. Este era o momento oportuno para eu tomar essa decisão. Estou pronto e com uma equipe excelente e parceiros sólidos. A hora é essa e a oportunidade está aí. As pessoas depositavam em mim a possibilidade de uma reviravolta política no Vasco, em todos os aspectos. Temos todas as condições de tornar o clube forte novamente. Temos pela frente a oportunidade de modernizar São Januário e as outras sedes. Enfim, o desafio que me propus foi trazer de volta o Vasco que vivi.
Qual será a contribuição de ídolos como Edmundo e Felipe na gestão?
Atualmente, Felipe é técnico do Volta Redonda. Este é seu compromisso profissional atual e tenho certeza de que fará um excelente trabalho. Edmundo é um dos principais líderes do grupo que represento. Foi ao ver o Vasco em uma situação ruim em 2013 que ele iniciou nossa trajetória na política do Vasco. Ele sempre esteve conosco e nos auxilia diariamente, como por exemplo, abrindo portas para diversas reuniões relevantes com grandes empresários vascaínos, mas ainda não discutimos seu papel na gestão. Gostaria muito de tê-lo ao meu lado devido a tudo o que ele representa.
Sua chapa conta com membros do grupo político do atual presidente, Jorge Salgado. Caso seja eleito, ele terá alguma influência em sua administração?
Nenhuma. Estivemos em chapas diferentes em 2020. Ele não foi eleito com o meu voto. Mas a democracia é isso. É por isso que há eleições a cada três anos. Na outra chapa, temos ex-integrantes das gestões de Campello, Eurico, Salgado e MUV…
O maior desafio do presidente do Vasco hoje é a sobrevivência do clube associativo. Como tornar o clube forte e autossustentável? O que fazer com as outras modalidades?
A criação de novas fontes de receita é essencial, assim como atrair e reter o maior número possível de sócios estatutários. Vou defender junto à Vasco SAF a manutenção dos benefícios dos sócios estatutários em relação aos ingressos, e também pretendo ampliá-los além do valor no ingresso. Há o desejo de resgatar milhares de sócios que deixaram de pagar suas mensalidades. Vamos revigorar a vida social do Vasco e trazer o vascaíno de volta para a sua casa. Temos um grande potencial comercial inexplorado nas sedes do Calabouço e Lagoa, por exemplo.
Em relação às modalidades olímpicas e paraolímpicas, vamos integrá-las em nosso conceito social, ou seja, usaremos a força do esporte e do Vasco para promover uma grande transformação social na região. Estamos em conversas com grandes parceiros para entrar nesse projeto como patrocinadores, leis de incentivo, direitos de nome dos espaços, e outras iniciativas. Vamos buscar resultados nos esportes de alto rendimento sem esquecer da legitimidade que o Vasco possui em liderar as mudanças sociais além dos limites de São Januário.
Apesar de não ter o controle do futebol, o clube possui 30% das ações da SAF e duas cadeiras no Conselho de Administração. Como pretende exercer essa participação?
O problema não são os 30%, mas sim quem representa esses 30%. É crucial ter dentro deste Conselho alguém que entenda de futebol, que conheça os valores e a história do Vasco. Quando a 777 adquiriu 70% da SAF, ela não assumiu apenas um clube de futebol, mas sim sua história, seus títulos, e o principal: sua torcida. O Vasco é futebol, o negócio da Vasco SAF é futebol, por isso, alguém do Conselho precisa entender de futebol. Nada fará sentido se não tivermos um futebol competitivo. Acredito que essa seja a união perfeita e não podemos perder essa oportunidade.
Qual é a sua avaliação do modelo atual da SAF e do primeiro ano de gestão da 777 Partners? Qual será sua relação, se eleito, com o sócio majoritário da SAF do Vasco? Notícias do exterior sobre a atuação da 777 foram divulgadas. Jorge Salgado admitiu preocupação com a imagem do grupo e com o atraso no depósito do segundo aporte, que foi feito mais de um mês após o prazo estipulado. Isso também te preocupa?
Claro que me preocupa. Acreditamos no diálogo e na participação ativa para ajustes do interesse do Vasco. O resultado esportivo ficou abaixo das expectativas. É esse resultado que orienta o clube. Quase 50% do aporte foi realizado e não avançamos em estrutura (CT e estádio) nem desempenho esportivo. Certamente, vou me envolver no planejamento do futebol, mesmo que não tenha a palavra final. Eles desejam retorno, e esse retorno só acontecerá se o desempenho em campo melhorar.
Eles sabem que posso ajudar, tanto que queriam me pagar por essa ajuda. Acha que não aceitarão essa ajuda agora? A representatividade fora de campo também deixou a desejar. Pretendo contribuir com a minha experiência no futebol e credibilidade. Também trago o meu 1º VP, Paulo Salomão, ex-presidente do STJD, para preencher a lacuna da representatividade fora de campo. A base da relação será o diálogo, mas sem esquecer da fiscalização e da defesa dos interesses do Vasco.
Fala-se em revisitar o contrato da venda da SAF do Vasco e até retomar o controle do futebol das mãos da 777. Isso é possível, na sua opinião?
Sou a favor do que for melhor para o Vasco. O vascaíno precisa conhecer os direitos e as obrigações do contrato atual. Respeitaremos a Justiça, que determina sigilo para algumas cláusulas, porém podemos alinhar com a 777 uma forma de dar transparência ao contrato. Minha função inicial é fiscalizar e dar transparência ao contrato e à relação com a 777 dentro da Vasco SAF. Somente após tomarmos ciência do contrato poderemos avaliá-lo.
Você é favorável ao modelo atual de votação do Vasco, com votos on-line? Seu concorrente questiona esse modelo.
O vascaíno já vivenciou a urna 7, o golpe da Lagoa e até ameaças físicas. Eu, por exemplo, fui ameaçado de morte. Para mudar isso, tomei a iniciativa de cumprimentar meu adversário no último jogo em São Januário, o que causou surpresa para as pessoas ao redor. Gostaria de lembrar que o grupo que represento é responsável pela conquista das eleições diretas e pelo voto através do celular ou do computador. Defendo o processo e o modelo que sejam seguros e democráticos. Respeito o Estatuto, que é claro sobre as eleições híbridas. No Vasco, o voto na urna de maneira presencial é um retrocesso e vai contra a história do clube. As eleições do Vasco devem ser a comemoração da democracia vascaína.
Você pretende concretizar a reforma de São Januário? A aprovação assinada pelo prefeito Eduardo Paes é exclusiva para o projeto apresentado pela atual diretoria. Qual é o projeto ideal? Como conseguir a verba necessária?
A reforma é um anseio de toda a comunidade vascaína. Para concretizá-la, precisamos de recursos financeiros. Conto com o apoio e a parceria de José Lamacchia, fundador e proprietário da Crefisa, que manifestou interesse em adquirir os naming rights do estádio. Esta receita complementa o potencial construtivo, o que foi uma excelente notícia. Quanto à exclusividade ou não, precisamos conversar com a Prefeitura para entender todas as possibilidades.
O diálogo é fundamental para que possamos ter um estádio que represente o Vasco, sua identidade, seus valores e que encha de orgulho os vascaínos. Acredito que o melhor projeto é aquele que dê voz ao vascaíno, aquele com o qual o vascaíno se identifique, que combine receitas e ganho esportivo, junte tradição com modernidade, que seja confortável para os torcedores, mas que mantenha a atmosfera vascaína. Já passou da hora de sairmos das apresentações de maquetes. Temos um projeto com viabilidade financeira e será uma das nossas prioridades na gestão.
Fonte: ge