Algum tempo após o diretor esportivo Paulo Bracks revelar que o Vasco tinha negociação avançada com um jogador importante, o ge descobriu que se trata do francês Dimitri Payet, de 36 anos, sem clube desde que saiu do Olympique de Marselha, em julho. Ele está próximo de defender o Vasco da Gama, que contará com um astro que possui um histórico de gols, controvérsias e uma vida pessoal muito interessante.
Da loja de vestuário aos gramados
Apesar de ser francês, Payet nasceu em Saint-Pierre, na Ilha de Reunião, território ultramarino francês na África, próximo a Madagascar e às Ilhas Maurício. Desde cedo chamou a atenção por sua habilidade com a bola e jogou em clubes locais. Não demorou muito para ser contratado pelo Le Havre – e dispensado por eles – e posteriormente ter uma oportunidade no Nantes, onde sua carreira parecia que ia decolar.
O problema é que o meio-campista quase desistiu de seu sonho de se tornar jogador por causa do baixo salário. Ainda no time B do Nantes, ele passou a receber uma remuneração de jogador amador, que mal era suficiente para se sustentar. Para complementar sua renda, Payet começou a trabalhar como vendedor em uma loja de roupas.
Nesse período, o objetivo de Payet era juntar dinheiro para retornar à Ilha da Reunião e abandonar o futebol. Porém, seu desempenho no Nantes o levou à equipe principal, seu salário aumentou e sua carreira começou a deslanchar. Ele passou por Saint-Étienne, Lille e Marselha, onde deixou de ser apenas uma promessa e se tornou um craque.
Tanto que foi vendido por 15 milhões de euros para o West Ham, na Inglaterra. Sua primeira temporada na Premier League foi de muito destaque. Em 38 jogos pelo clube inglês em 2015/16, ele contribuiu para 26 gols – marcou 12 e deu 14 assistências. Lá, ele acumulou gols e (muitas) controvérsias antes de retornar ao Olympique de Marselha, onde se tornou um ídolo.
Considerando suas duas passagens pelo time francês, Payet disputou 326 partidas, marcou 78 gols e deu 95 assistências. Ele deixou o clube em julho deste ano após não renovar seu contrato. Em sua despedida, ele se emocionou e disse que não aceitou o cargo oferecido pela comissão técnica porque ainda queria continuar sua carreira como atleta.
Recusado pela segunda divisão e “melhor que Zidane”
Antes de brilhar no Olympique de Marselha, Payet chegou a ser rejeitado por equipes da segunda divisão da França. Aos 16 anos, ele foi dispensado pelo Le Havre por ser considerado “muito pequeno, pouco habilidoso para a segunda divisão francesa e desmotivado”. Isso quase o fez recusar o Nantes, clube que ele defendeu anos depois.
“Eu não queria nem ouvir falar em voltar para a França. Fiquei bastante traumatizado com o fato de ser dispensado após quatro anos no Le Havre. Argumentei sobre isso com meu pai e ele insistiu para eu aceitar”, disse ele ao jornal britânico Daily Mail.
Anos depois, ele passou de um jogador rejeitado para ser comparado ao maior nome de seu país: Zinedine Zidane. Isso se deve, em grande parte, ao seu estilo de jogo, seu domínio de bola e controle no meio-campo. Claro, ele não levava essa comparação a sério e ria das brincadeiras feitas pelos torcedores.
Controvérsias do craque envolvem até Neymar
Payet também é conhecido por seu temperamento difícil e já se envolveu em algumas polêmicas ao longo de sua carreira. Em 2016, após se destacar na Eurocopa, ele despertou o interesse de grandes clubes europeus e tentou forçar sua saída do West Ham, que não o liberou.
A postura firme do clube inglês em não abrir mão do jogador francês gerou uma crise dentro do elenco, chegando ao ponto do então técnico Slaven Bilic parar de escalá-lo. Isso o tornou alvo dos torcedores, que realizaram diversos protestos contra sua atitude. Após meses de trocas de farpas entre o jogador e a diretoria, ele foi vendido para o Olympique de Marselha por 25 milhões de libras (cerca de R$ 98 milhões).
A situação ficou tão insustentável que o West Ham teve que trocar às pressas o painel de seu estádio, removendo a imagem de Payet e colocando a de Andy Carroll no lugar. Segundo o clube londrino, havia o temor de que o local fosse vandalizado.
Na França, o astro não poupou alfinetadas a Neymar. No infame jogo entre PSG e Olympique de Marselha, no qual o brasileiro afirmou ter sido chamado de “macaco” pelo zagueiro Álvaro González, Payet apoiou o companheiro nas redes sociais.
Ele postou uma montagem com Álvaro González segurando um cachorro com o rosto de Neymar. Mesmo após o desdobramento do caso, a imagem não foi apagada.
Em outra partida, dessa vez entre Olympique de Marseille e Lyon, Payet foi atingido por uma garrafa arremessada por um torcedor, que posteriormente foi condenado a seis meses de prisão. No entanto, a polêmica ocorreu com o presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas.
Após a agressão, o mandatário tentou reiniciar o jogo, que acabou sendo suspenso. Ele foi suspenso por dez jogos por seu mau comportamento e, de acordo com o L’Equipe, Payet queria “acertar as contas” com o presidente por causa de suas declarações, mas se conteve.
Euro e Cristiano Ronaldo geram “trauma”
Payet não esconde que uma das maiores decepções de sua carreira foi o vice-campeonato da Eurocopa de 2016, disputada na França. Ele foi o grande destaque daquela seleção, fez um gol em sua estreia no torneio e teve várias atuações de destaque. No entanto, foi derrotado na final por Portugal, que venceu por 1 a 0, com um gol de Éder.
Em uma entrevista ao jornal “L’Équipe”, o meio-campista disse que seus filhos são fãs de Cristiano Ronaldo, mas os proibiu de pronunciar o nome do astro português por algumas semanas após a derrota na final da Euro.
“Eu tenho filhos, então entendo como é a imagem dos jogadores de futebol. Eles são fãs de Ronaldo e Messi. No entanto, desde a Eurocopa de 2016, eles não podem pronunciar o nome do Ronaldo (risos)”, brincou Payet.
Inclusive, o meio-campista chegou a ser perseguido por fãs de Cristiano Ronaldo por ter se envolvido na jogada que resultou na lesão do astro português nos primeiros minutos da final. Payet também acabou se machucando no joelho esquerdo e teve que deixar a partida chorando. Ele pediu desculpas pelo incidente.
“Não, foi apenas uma jogada, é isso. Foi para recuperar a posse de bola. E se o machuquei, não foi intencionalmente. Não faz parte da minha natureza ser uma pessoa má em campo”, afirmou Payet.
Indicado para o Prêmio Puskás
Dimitri Payet foi um dos finalistas do Prêmio Puskás de 2023, que premia o gol mais bonito do ano. Ele competiu com Richarlison. Seu gol foi marcado pelo Olympique de Marselha nas quartas de final da Liga Conferência contra o PAOK.
No entanto, o vencedor foi o jogador polonês amputado Oleksy, que combinou uma habilidade atlética excepcional, criatividade e capacidade de marcar um lindo gol de voleio pelo Warta Poznan contra o Stal Rzeszow, em junho do ano passado. Veja os gols abaixo.
Fonte: Globo Esporte