A equipe do Vasco sob o comando de Rafael Paiva está se consolidando. Durante o empate em 1 a 1 contra o Botafogo, no sábado à noite, o time se mostrou sólido na defesa, porém não demonstrou criatividade suficiente no ataque para buscar um resultado mais positivo em São Januário. Este é um aspecto que o técnico interino precisa focar em melhorar.
Em seu território, o Vasco controlou adequadamente o jogo e cercou o Botafogo, que teve momentos favoráveis no confronto e, apesar de possuir maior qualidade técnica e um elenco mais capacitado, não conseguiu se sobressair de forma significativa em relação ao adversário. Com poucos dias de treino entre um jogo e outro, Paiva acertou ao solidificar a defesa cruzmaltina.
– Conseguimos aprimorar a organização defensiva, atuando de forma compacta e com uma defesa reforçada, não apenas mantendo a linha baixa, mas também pressionando mais à frente. Considero isso como um avanço significativo – avaliou o interino.
Indubitavelmente, houve progresso em comparação ao desempenho apresentado pelo Vasco sob o comando do treinador anterior, Álvaro Pacheco. Porém, ainda são necessárias melhorias. O Botafogo concedeu espaços que a equipe da casa não soube aproveitar. O goleiro John Victor teve uma atuação tranquila.
O primeiro tempo foi marcado por baixo nível técnico, com muitas faltas, e ambas as equipes contribuíram para este cenário. O Botafogo teve maior posse de bola, porém não conseguiu ser efetivo devido à sólida atuação defensiva do oponente. O Vasco desarmou com eficácia, venceu a maioria dos duelos e protegeu bem a sua área. Por outro lado, não foi capaz de aproveitar as transições, finalizando apenas uma vez ao gol, com Hugo Moura chutando muito acima da meta alvinegra, aos 22 minutos.
Paiva ousou na formação tática ao explorar a lateral esquerda – uma medida para contornar a ausência de David, suspenso, e reforçar a marcação nas pontas botafoguenses. Isso surtiu efeito, porém, ofensivamente, Lucas Piton não se destacou na função de ponta e teve pouca contribuição no primeiro tempo.
Além da consistente atuação defensiva, o retorno de Payet foi uma boa notícia para o Vasco. O jogador francês entrou em campo mais cedo do que o previsto para substituir Estrella, lesionado. Embora ainda sem ritmo e intensidade ideais, o camisa 10 demonstra qualidade quando está com a bola nos pés. Apesar de não criar oportunidades claras de gol, ele ajudou a organizar o meio-campo e distribuir bons passes. Após sumir em parte do jogo, Payet voltou a aparecer no segundo tempo, mas foi substituído aos 14 minutos, saindo visivelmente insatisfeito.
O Vasco teve sorte em não perder um jogador durante a partida. Hugo Moura cometeu uma entrada dura em Tchê Tchê, atingindo o adversário com a sola da chuteira na perna, porém o árbitro optou por seguir o jogo – motivo de muitas críticas por parte do Botafogo.
Além do retorno de Payet após cinco jogos ausente por lesão, a atuação de JP se destacou. Escalado como titular no lugar de Mateus Cocão, suspenso, o volante correspondeu às expectativas e foi o melhor jogador do Vasco. Com elevado índice de acerto nos passes, boa marcação e ocupação de espaços, contribuiu de forma decisiva.
O técnico interino promoveu mudanças na marcação durante o segundo tempo, o que resultou em uma melhora na postura da equipe vascaína. Contudo, a saída de Payet comprometeu a criatividade da equipe. O time tentou adotar uma postura mais ofensiva, porém isso acabou abrindo espaços para o Botafogo. O rival soube aproveitar essa brecha. Em uma cobrança de escanteio, Bastos se beneficiou da marcação frouxa de Léo Jardim e de sua falha, este que anteriormente havia feito uma bela defesa em chute de Cuiabano, para marcar aos 27 minutos.
A evolução do Vasco também passa pela mentalidade. A equipe não se entregou, o que reflete um ponto relevante no trabalho de Rafael Paiva. Foi assim nas partidas contra São Paulo e Bahia, reagindo após sair em desvantagem, e também diante do Botafogo.
O confronto caminhava para uma vitória do time alvinegro, entretanto, o Vasco conseguiu algo que vinha sendo difícil: uma bola para Pablo Vegetti. O centroavante havia desperdiçado uma oportunidade anterior, após cruzamento de Paulo Henrique, mas não falhou na segunda chance.
A assistência foi de Piton, que retornara à lateral esquerda. O cruzamento é uma habilidade do jogador, e a precisão de decisão de Vegetti é o ponto forte do Vasco. Por isso, é crucial que a bola chegue ao argentino em mais situações durante a partida, sendo necessário aprimorar o repertório ofensivo.
Rafael Paiva enfrenta como desafio o curto espaço de tempo para os treinamentos. O técnico interino conseguiu rapidamente consolidar a defesa, agora precisa acertar o último passe.
– Tenho enfatizado bastante, e os jogadores sabem disso, a importância do refinamento no terço final do campo, a fim de gerar mais oportunidades de gol, não apenas com cruzamentos, mas também com infiltrações, tabelas, transições… É um processo em construção, estamos no caminho certo. Os atletas têm plena consciência de que estamos evoluindo, porém agora precisamos concluir este refinamento final – ressaltou o treinador.
O Vasco terá três dias para se preparar para o próximo compromisso, na quarta-feira, diante do Fortaleza, às 20h, novamente em São Januário.
Fonte: ge