Dimitri Payet possui características de um autêntico camisa 10, porém ao longo de sua trajetória raramente atuou de forma fixa pelo centro. Sempre teve grande influência ao avançar da esquerda para o meio, ou recebendo na área canhota, de frente para o gol adversário. Foi justamente explorando essa região do campo que o francês se destacou na vitória do Vasco sobre o Vitória em São Januário.
Os deslocamentos de David da esquerda para a área foram cruciais para equilibrar a ocupação de espaços da equipe e aumentar as opções de finalização perto do gol. Movendo-se lateralmente, Payet conseguiu se conectar mais vezes com Piton, como no momento do escanteio que resultou no primeiro gol, e encontrar uma maneira mais fácil de servir Vegetti, como no segundo gol marcado.
É claro que o francês necessita retornar pelo meio do campo, sem a necessidade de marcar o lateral-direito adversário, função desempenhada por David no jogo de domingo.
Escalações
O técnico interino Rafael Paiva contou com o retorno de Payet, escalando o francês ao lado de Sforza e Galdamés no meio-campo. Hugo Moura foi desfalque. João Victor atuou novamente na lateral-direita, enquanto Rossi ocupou a ponta do mesmo lado.
Léo Condé optou por deixar Zeca no banco. Willean Lepo entrou na lateral-direita. Camutanga formou a dupla de zaga com Reynaldo, substituto de Wagner Leonardo, suspenso. Alerrandro foi titular como centroavante. Janderson foi deslocado para a ponta-direita. O volante Willian Oliveira, titular previsto, sentiu-se durante o aquecimento e foi substituído por Luan Santos, ex-São Paulo.
O confronto
Ao ignorar a classificação do campeonato antes do início da partida, Vasco e Vitória deixaram claro, durante o primeiro tempo em São Januário, que se tratava de um confronto entre equipes que ocupam a zona de rebaixamento. Pouca originalidade. Muitos erros técnicos e decisões questionáveis próximas das áreas.
O clube carioca esteve ligeiramente superior. Iniciou a partida de forma intensa. Com David ativo e alternando posições com Payet, a equipe conseguiu criar uma oportunidade clara em contra-ataque. Willean Lepo interveio. Porém, a consistência necessária para impor um ritmo cativante de circulação de bola faltou. Mais assertividade na região próxima à área adversária.
O pivô de Vegetti foi explorado em alguns momentos e resultou em uma boa finalização de Galdamés de fora da área. João Victor também incomodou com um cabeceio perto do gol. Vegetti completou um cruzamento de Pitón no meio do gol. Lances ocorreram de forma espaçada, sem uma lógica coletiva ou estratégica evidente. Prevaleceu mais o ímpeto e a tentativa de impor-se.
Sforza tentava distribuir o jogo pelos lados, mas era vulnerável defensivamente. Em muitas ocasiões, distanciava-se de Galdamés no momento ofensivo. O Vitória soube aproveitar as oportunidades quando recuperou a posse de bola. Escapava facilmente da desorganizada tentativa de pressão pós-perda dos cariocas. Dudu explorou isso algumas vezes, porém o time baiano falhava na finalização dos contra-ataques.
Janderson era a principal válvula de escape pelo lado direito. Matheusinho movia-se da esquerda para o meio quando o rubro-negro estava com a bola. Sem ela, deslocava-se para marcar João Victor. Willean Lepo adotava uma “saída de três” alinhado aos zagueiros. Permitia a PK jogar em amplitude pelo lado esquerdo. Os espaços eram ocupados, porém a sintonia entre as peças não era constantemente eficaz.
Rossi foi substituído no intervalo por Adson na ponta-direita. No Vitória, Willean Lepo saiu machucado para a entrada de Zeca na lateral. A alternância de posicionamento entre David e Payet voltou a ocorrer com mais frequência no início do segundo tempo e logo resultou em três boas jogadas.
Uma delas originou o gol de cabeça de Maicon após um escanteio cobrado por Payet. Em outra, o francês fez um belo cruzamento para Vegetti marcar na segunda trave. O Vitória não conseguiu fazer uma marcação eficiente entre Janderson e Zeca naquela região. Rapidamente, viu-se em desvantagem no placar.
Léo Condé melhorou a capacidade criativa de seu time com as entradas de Iury Castilho, José Hugo e Jean Mota. Teve um ataque mais dinâmico e viu PK criar duas boas chances em avanços pela esquerda. Payet, ainda em processo de recuperação após a lesão no joelho, foi substituído aos 20 minutos, o que fez o time perder poder de retenção de bola no ataque. Passaram a oferecer perigo nos contra-ataques.
Adson e David se destacaram nesse tipo de jogada. Porém, pecaram na hora de finalizar. Sforza esteve próximo de marcar o terceiro gol em uma cobrança de falta que acertou o travessão. Teria sido útil para um desfecho mais tranquilo da partida.
Mesmo com Mateus Carvalho reforçando a marcação no meio-campo, o Vasco não conseguiu conter a agressividade apresentada pelo Vitória. Além disso, protegeu mal a área e permitiu que Iury Castilho, o destaque dos baianos, diminuísse a diferença dentro da pequena área aos 43 minutos.
A expulsão de Camutanga nos acréscimos aliviou um pouco a pressão do Gigante da Colina para manter o resultado. O desfecho do jogo reforçou a distância da equipe carioca em relação a uma performance minimamente consistente e confiável. Os três pontos conquistados retiraram o Vasco da zona de rebaixamento.
Fonte: ge