Após mais quatro meses, o Vasco está fora da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro 2023! O mais surpreendente é que isso ocorre na noite em que a equipe teve, indubitavelmente, sua pior atuação nos dez jogos sob o comando do técnico Ramón Diaz. Em outros momentos, o time não encontraria as soluções e a força psicológica para buscar a vitória.
A expulsão de Iago Maidana no final do primeiro tempo foi decisiva para alterar os rumos de um jogo que estava muito complicado para os cariocas. Algumas adaptações na reta final da partida acabaram sendo determinantes para a construção do gol da vitória.
Escalamentos
Fabian Bustos decidiu tirar o zagueiro Éder e o jovem Rodriguinho da equipe. Mateus Henrique foi o desfalque. O argentino Burgos entrou na defesa e Rodrigo Varanda ganhou a titularidade. Juninho jogou na ala-direita.
Já Ramón Diaz manteve o time que goleou o Coritiba, mas alterou a tática. Em vez do 4-3-3, optou por um meio-campo em formato de losango, como já havia utilizado no segundo tempo contra o Bahia. Payet atuou centralizado, como meia por trás de Rossi e Vegetti, pelo menos nos primeiros 20 minutos.
A partida
O domínio do América no primeiro tempo chamou a atenção. Se apenas a frieza dos números for analisada, as 14 finalizações do Coelho contra nenhuma tentativa de arremate do Vasco surpreendem. Isso é reflexo de um plano de jogo muito bem executado com e sem a posse de bola, que transformou Léo Jardim no destaque da partida antes do intervalo.
O goleiro do Vasco evitou a derrota da equipe, que esteve muito longe da intensidade e do funcionamento apresentados nas últimas rodadas. O ambiente de São Januário foi muito favorável na quinta-feira, assim como os espaços concedidos pelo Coritiba, mas o próprio Vasco deixou de fazer coisas que vinha realizando.
Uma delas é a mobilidade para criar linhas de passe desde a saída de bola e rapidamente utilizar as várias triangulações pelos lados. Payet começou pelo meio e isso fez com que o time insistisse muito em avançar pelo setor congestionado. Ramon Diaz corrigiu isso, deslocando o camisa 10 para a esquerda depois dos 20 minutos, mas nem assim as coisas fluíram.
O América conseguia marcar bem a partir da intermediária ofensiva. Varanda bloqueava um Zé Gabriel impreciso e inseguro. Felipe Azevedo e Mastriani abordavam os zagueiros. Juninho e Nicolas avançavam a marcação quando a bola chegava aos laterais. O trio de zaga e a dupla de volantes mostraram boa coordenação para acompanhar os movimentos e não dar espaços.
O Coelho apostava em ligações diretas para Vegetti, competia mais para ganhar a “primeira” ou “segunda” bola, e acelerava nos ataques verticais. Martinez e Varanda rapidamente apareciam na área para finalizar. Felipe Azevedo e Mastriani venceram duelos importantes nas jogadas ofensivas. Nicolas e Juninho foram agressivos.
Porém, um lance nos acréscimos do primeiro tempo mudaria os rumos da partida. Iago Maidana foi expulso ao acertar o rosto de Vegetti com o cotovelo. A solução de Bustos foi montar um esquema 4-4-1 no segundo tempo. Varanda passou a recompor pela direita do meio-campo e Felipe Azevedo pela esquerda.
Payet esteve muito abaixo do nível de energia e concentração ideal para um jogo tão intenso em Belo Horizonte. Ele foi substituído no intervalo, assim como Praxedes. Gabriel Pec e Sebastian Ferreira entraram e o Vasco atuou basicamente num 4-2-4. A equipe ocupou a área com a dupla de centroavantes.
O Coelho fez exatamente o que o manual de jogar com um jogador a menos instrui. Fechou-se perto da própria área, negando espaço ao Vasco, que encontrou dificuldades para furar a defesa adversária. O time trocava passes de um lado para o outro, tentando evitar a tentação de cruzar bolas para os dois jogadores altos na área.
Jair entrou no lugar de Zé Gabriel e aumentou a habilidade de passe do Gigante da Colina, melhorando a articulação. Bustos modificou o esquema para três zagueiros após a entrada de Éder. Javier Méndez também entrou do banco para fortalecer a marcação do América.
Vegetti, quando conseguia se livrar da excelente marcação de Ricardo Silva, era perigoso no jogo aéreo. Ele chegou a acertar uma cabeçada na trave em um dos muitos bons cruzamentos de Lucas Piton. Mas o gol da vitória veio dos pés de Jair.
Ramon colocou Gabriel Pec na ponta esquerda nos últimos minutos e o time ganhou profundidade nesse setor. O camisa 11 sofreu a falta que foi bem cobrada por Paulinho e finalizada por Jair nos acréscimos. Um gol duro para o América, que resistiu bem, mesmo com um jogador a menos, e ainda incomodou nos contra-ataques.
Fonte: ge