Vasco, a tua grandeza é a tua narrativa. Frase ecoada todos os dias por milhões de torcedores fanáticos. Como se isso não bastasse, o clube se tornou um gigante no início do século passado em sua batalha contra o preconceito no futebol e a sua trama ainda foi repleta de conquistas e momentos inesquecíveis. E no ano do centenário do Gigante da Colina, uma das maiores equipes nos 125 anos do clube estabeleceu um feito histórico.
Sim, o Vasco já havia vencido a América. Em 1948, o Gigante da Colina conquistou o Campeonato Sul-Americano de Clubes, o primeiro torneio da América do Sul criado para determinar o melhor time do continente. No entanto, surgiu a Copa Libertadores em 1960, criada com o mesmo propósito do seu antecessor e para escolher um adversário para os campeões europeus na Copa Intercontinental. Era um título que ainda não estava na coleção de tantas glórias do time do Vasco. E ele veio justamente no ano do centenário, há 25 anos. É hora de recordar!
Os fundamentos de um time imortal
O Vasco montou um time poderoso no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Desde a equipe campeã brasileira no ano anterior à conquista, em 1997, até a que conquistou novamente o título nacional em 2000, os heróis de 1998 ficaram marcados na história pela gloriosa conquista da América.
O técnico era Antônio Lopes, um autêntico símbolo desse período extraordinário do Vasco. Ele já havia vencido o Brasileirão pelo clube em 1997 e, no ano seguinte, veio por mais, alcançando a glória eterna. Além de ser um treinador de sucesso – campeão brasileiro pelo Corinthians e da Copa do Brasil pelo Internacional – ele era conhecido por seu estilo disciplinador. Antônio teve problemas com a dupla Leandro Donizete e Luizão no começo, exigindo que os dois voltassem para ajudar na marcação sem a bola, como conta Donizete:
— Tive dificuldades com o Lopes no início. Ele me cobrava muito para voltar e marcar. Os primeiros jogos na Libertadores não foram bons. Dei uma entrevista, ele ficou chateado e decidiu que não me queria mais. O pessoal segurou. Enfrentamos o Grêmio em São Januário, fiz um dos gols, me destaquei naquele jogo e no final deu tudo certo.
Donizete e Luizão, por sinal, são uma dupla histórica desse time. Eles foram responsáveis por 70% dos gols marcados pelo Vasco na competição – 12 de 17. Eles chegaram justamente em 1998: após a campanha do tricampeonato brasileiro em 1997, Edmundo foi jogar na Fiorentina e Evair, na Portuguesa. A diretoria contratou Luizão e Donizete foi convocado pelo dirigente Eurico Miranda, que foi até a casa dele para convencê-lo.
— Eu acho que nosso estilo de jogo, meu e do Donizete, para a Libertadores, se encaixou muito bem. A maneira de jogar, pressionar a saída de bola, atacar o zagueiro, tudo. Isso foi algo que contribuiu muito. Essa dupla combinou, junto com nossos companheiros, tivemos uma boa sintonia e conseguimos ajudar o Vasco a conquistar esse título tão importante. — disse Luizão.
Além de um ataque poderoso, uma defesa sólida também é fundamental para um time campeão. E o Vasco de 1998 também tinha uma: Mauro Galvão e Odvan. O primeiro, aliás, se tornou um símbolo de liderança como capitão. A experiência e a juventude combinadas em uma das melhores formações da história do Vasco.
E, para completar, o talento no meio-campo, que contava com jogadores como Felipe, Pedrinho e o ídolo imortal Juninho Pernambucano, que ficou gravado na história para sempre pelo seu gol contra o River Plate nas semifinais. Gol que é relembrado e celebrado até hoje pela apaixonada torcida vascaína:
“Vou torcer para o Vasco ser campeão, São Januário meu caldeirão. Vasco, tua grandeza é a tua narrativa, é relembrar o expresso da vitória. Contra o River Plate, incrível (gol de quem?), gol do Juninho, grandioso“
Além dos destaques, os heróis da campanha de 1998 serão eternamente lembrados. Na final contra o Barcelona-EQU: Carlos Germano, Vágner, Odvan, Mauro Galvão, Luisinho; Felipe, Nasa (Vítor), Juninho Pernambucano (Válber), Pedrinho (Alex); Luizão, Leandro Donizete.
A campanha histórica
A campanha do Vasco na Libertadores 1998 é uma das maiores da história da competição. Isso porque a equipe enfrentou apenas times grandes e com históricos recentes impressionantes.
Na fase de grupos, o Vasco começou perdendo os dois primeiros jogos para o Grêmio e o Chivas Guadalajara. No entanto, o time vascaíno conquistou duas vitórias e dois empates nos quatro jogos restantes para avançar para a próxima fase. A equipe liderada por Antônio Lopes terminou na segunda posição, com oito pontos, atrás do Grêmio, que fez 12.
No mata-mata, o caminho do Vasco foi ainda mais difícil, enfrentando times que haviam vencido a Libertadores em anos anteriores. Nas oitavas, duelo contra o Cruzeiro, campeão da América no ano anterior (1997). Após vitória por 2 a 1 no Rio de Janeiro, o empate em 0 a 0 na volta garantiu a vaga.
Nas quartas de final, o adversário era o Grêmio, que havia vencido a Libertadores em 1996. Nos jogos da fase de grupos, uma vitória para o Grêmio por 1 a 0 e uma para o Vasco por 3 a 0. Já no mata-mata, as partidas foram mais acirradas: os cariocas seguraram o empate no Sul em 1 a 1 e venceram no Rio por 1 a 0.
A próxima fase reservou o momento histórico. O adversário foi o River Plate, campeão da Libertadores em 1995. Donizete marcou o gol da vitória no primeiro jogo. Na partida de volta, no Monumental de Nuñez pulsante, os argentinos saíram na frente aos 25 minutos com gol de Sorín. No entanto, aos 35 minutos do segundo tempo, Juninho Pernambucano eternizou seu nome na história do Vasco ao cobrar a falta final que colocou o time da Colina na final.
Os jogos decisivos foram contra o Barcelona-EQU. O primeiro jogo foi no Estádio de São Januário, lotado com cerca de 35 mil pessoas: viram o Vasco sair na frente no confronto com uma vitória por 2 a 0 – gols marcados por Donizete e Luizão.
No segundo jogo, assistindo de casa pela televisão, o torcedor vascaíno já sabia que poderia comemorar o título depois de Luizão abrir o placar aos 24 minutos. De Avila empatou para o Barcelona-EQU 10 minutos depois, mas a celebração continuou com o gol de Donizete aos 45 minutos do primeiro tempo. Com o fim do jogo, o Vasco se sagrou campeão da América.
Vasco, a tua grandeza é a tua narrativa
Mesmo que o momento atual não seja favorável, o torcedor do Vasco sempre poderá olhar para a Cruz de Malta e relembrar os centenas de ídolos, títulos e momentos marcantes da equipe. E entre esses, o esquadrão de 1998 permanece na história do clube. Há 25 anos, hoje e sempre.
Fonte: Esporte News Mundo