Logo após a confusão dentro e nos arredores de São Januário, em junho, durante o jogo do Vasco contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, o juiz de plantão do Tribunal de Justiça Especializado em Torcedores e Grandes Eventos, Marcelo Rubioli, enviou um relatório ao presidente do Tribunal de Justiça solicitando que os eventos fossem encaminhados ao Ministério Público para investigação.
No entanto, as palavras utilizadas pelo juiz causaram indignação aos residentes da Barreira do Vasco, região que circunda São Januário, bem como a diversos torcedores do clube. Em sua declaração, Rubioli alegou:
— Para contextualizar a completa falta de condições operacionais do local, tanto do lado de fora quanto do lado de dentro, observa-se que todo o complexo está cercado pela comunidade da barreira do Vasco, de onde frequentemente há ocorrência de tiros provenientes do tráfico de drogas local, o que gera um ambiente inseguro para chegar e sair do estádio.
E concluiu:
— São ruas estreitas, sem espaço para manobra, que sempre ficam cheias de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio.
Contrapondo as palavras do juiz, a Associação de Residentes da Barreira do Vasco (ARBV) emitiu um comunicado de repúdio, no qual afirma que há uma “visão distorcida da realidade” e que a interdição do estádio prejudica os comerciantes locais.
— Somos penalizados sem sermos ouvidos com base em uma perspectiva distorcida da realidade que trata todas as comunidades do Rio de Janeiro de maneira idêntica. Além disso, a ARBV entende que a interdição injustificada do estádio de São Januário traz prejuízos imediatos para todo o nosso comércio local, como bares, restaurantes, vendedores ambulantes estabelecidos em nossa comunidade, pois todos dependem em grande parte dos jogos para obter sustento, uma vez que há um fluxo de mais de 20 mil torcedores por partida — diz trecho do comunicado.
Após a declaração de Rubioli, o Ministério Público solicitou a interdição do estádio e obteve sucesso inicialmente. O Vasco apelou da decisão e conseguiu que os jogos continuassem a ser realizados no estádio, porém, sem a presença de público. Atualmente, o clube e o MP estão discutindo um Termo de Ajustamento de Conduta para que o estádio seja liberado novamente.
Fonte: Extra