Inovação
No planejamento inicial, uma fábrica do Sul do Brasil sugeriu duas maneiras de revelar o design: através de luz neon ou quando a camisa ficasse molhada. A primeira opção foi descartada rapidamente, pois não teria uma funcionalidade prática durante o jogo.
Com a decisão pela água tomada, a equipe partiu para a concepção do layout. A ideia inicial era que um logotipo fosse revelado, mas logo a proposta dos trechos da “Resposta Histórica” surgiu, que celebrará seu centenário em 2024. Devido ao tamanho extenso do texto, foi escolhida uma seleção das partes mais relevantes.
Inicialmente, ponderou-se revelar a faixa diagonal por meio das palavras do famoso documento. No entanto, devido às limitações do tecido, decidiu-se por bordar a faixa e mostrar os trechos no restante da camisa.
Por fim, foram realizados testes com os tecidos, considerando a eficácia da revelação e a funcionalidade da tecnologia no contato com a água.
Após nove meses de trabalho e mais de 20 reuniões com a Kappa, fornecedora de material esportivo, toda a criação e execução foram desenvolvidas pelo Departamento de Criação do Vasco, responsável também pelas camisas 1 (preta) e 2 (branca) desta temporada.
Além da curiosidade, a tecnologia da camisa também dificulta a falsificação, embora essa não tenha sido uma prioridade no início do projeto.
Lançada na semana passada, já são mais de 35 mil peças vendidas, de acordo com informações do UOL na última terça-feira (29).
Jogadores aprovam a camisa
Os atletas do Vasco foram apresentados à história e curiosidades da nova camisa, recebendo total aprovação do elenco.
Vegetti e Hugo Moura, por exemplo, fizeram questão de garantir suas peças. Ambos estavam suspensos durante o jogo contra o Bahia e, por isso, não puderam usar o uniforme.
O goleiro Léo Jardim preferiu o modelo preto, que usou na partida contra os baianos. O clube, no entanto, planeja alternar entre os modelos, com os jogadores de linha usando o manto escuro e o goleiro vestindo o bege.
O que foi a Resposta Histórica?
Em 1924, o então presidente do Vasco, José Augusto Prestes, escreveu uma carta se retirando da nova liga que estava sendo formada no Rio de Janeiro. O motivo? Não aceitar a exclusão de jogadores pobres e negros do elenco, em desacordo com a solicitação dos fundadores.
Para fazer parte da nova associação (AMEA), o clube teria que eliminar 12 jogadores, com critérios que incluíam analfabetismo e a condição social dos atletas. O grupo era composto por negros e brancos de origens mais humildes. O Cruz-Maltino, portanto, decidiu se desfiliar e competir em uma liga alternativa.
A carta continha palavras que ressoam até hoje:
“Quanto à condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Direção do C.R. Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa”, diz uma parte do documento.
“São esses doze jogadores, jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o ato público que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta bravura cobriram de glórias. Neste sentido, lamentamos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A. Queira V. Exa. aceitar os protestos da maior consideração de quem tem a honra de subscrever”, concluía a carta.
Fonte: UOL
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