“A ampliação da Via Parque até a entrada da Linha Amarela, a criação de dois viadutos, a desobstrução da (Av. Prefeito) Dulcídio Cardoso, do lado mar, e uma nova rotatória na altura do Alfa Barra”, afirmou Dumbrosck.
É importante destacar que a Barra da Tijuca é uma das áreas que receberá o aproveitamento construtivo proveniente do estádio. O presidente do Vasco, Pedrinho, também esteve presente no encontro. Na ocasião, o dirigente ressaltou a relevância da modernização de São Januário.
“Há um impacto econômico na cidade do Rio de Janeiro. Quase um século atrás, dez mil torcedores se uniram para adquirir um terreno e construir um estádio, o maior da América Latina (naquela época)”, afirmou Pedrinho.
“Com a modernização do estádio, cada um dos presentes aqui é como um daqueles dez mil indivíduos que fizeram isso no passado. O estádio de São Januário possui um significado social para o Rio de Janeiro e para o mundo”, completou.
Esta foi a segunda audiência pública sobre o projeto. A primeira ocorreu em 15 de maio, na Câmara Municipal. A terceira e última está agendada para São Januário, sem data definida, para contemplar os moradores da Barreira do Vasco.
Fonte: O Dia
Vasco: moradores da Barra solicitam alternativas de mobilidade urbana como contramedida à transferência de aproveitamento construtivo de São Januário
A mobilidade urbana foi um dos principais tópicos discutidos em uma audiência pública acerca do projeto de lei complementar 142/2023, que propõe a transferência do aproveitamento construtivo do estádio do Vasco, São Januário, para outras áreas, realizada na quarta-feira (29) na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. Com a projeção de que a maior parte das construções vinculadas a essa iniciativa ocorra no bairro, resultando em maior adensamento urbano, os moradores cobram que o projeto esteja acompanhado de soluções para aliviar o trânsito.
Um dos presentes na reunião, o secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Luiz Arraes, anunciou ações nesse sentido, como uma nova convocação de licitação para a implementação do transporte aquaviário nas lagoas de Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, a ser publicada no Diário Oficial na próxima segunda-feira (3).
— Essa licitação foi aberta uma vez. Infelizmente, não houve interessados. Realizamos ajustes, a pedido do Tribunal de Contas. E na próxima segunda-feira, iremos republicá-la, no Diário Oficial. Até o momento, pelo interesse demonstrado por investidores e empreendedores dessa região, acreditamos que teremos sucesso na licitação. Esse será mais um meio de transporte público municipal, integrado ao Bilhete Único, com 16 linhas previstas e 29 estações. Uma concessão, com investimento em torno de R$ 100 milhões e uma demanda esperada de 80 mil passageiros por dia, facilitando a mobilidade na região — anunciou o secretário durante a reunião.
Outra iniciativa relacionada à mobilidade urbana apresentada por Arraes foi a introdução do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) nas zonas Oeste e Norte, em substituição ao BRT, que já está presente no Centro desde 2016.
— Estamos desenvolvendo um projeto, com apoio do BNDES, que deve ser concluído até julho e posteriormente licitado ainda neste segundo semestre, chamado de “veletização”. Essa proposta prevê a transição do modal rodoviário para o ferroviário, um sistema de alto desempenho. A ideia é que, a médio prazo, o BRT Transoeste e o Transcarioca sejam substituídos pelo VLT, utilizando a estrutura do BRT e implantando um sistema com maior capacidade e, evidentemente, uma frota mais adaptada a esse adensamento existente e previsto no projeto em discussão. O BNDES está detalhando esse estudo, que inclusive financiará os projetos (do VLT e do transporte aquaviário) — explicou o secretário.
Dentre as lideranças locais que vinham manifestando preocupação com os impactos do PLC 142/2023 na Barra da Tijuca, Delair Dumbrosck, presidente da Câmara Comunitária do bairro, destacou, durante a reunião, que alcançou um entendimento com Eduardo Paes: o órgão não irá criar obstáculos para o projeto, desde que o prefeito se comprometa a adotar medidas sugeridas pelos moradores locais para aliviar o tráfego na região.
— O PLC 142 trará impactos para nossa região, que já está completamente saturada. Portanto, alcançamos um consenso com o prefeito, para não criarmos empecilhos ao projeto do Vasco, que desejamos ver prosperar. Combinamos com ele um conjunto de obras, que inclui a extensão da Via Parque, partindo de trás do BarraShopping e indo até a entrada da Linha Amarela, com a construção de dois viadutos. Será uma via paralela à Avenida Ayrton Senna, conhecida pelo congestionamento às 16h, 17h. Outra proposta é a desobstrução da Avenida Dulcídio Cardoso, principalmente na região de praia, complementando o trecho faltante da via para liberar o tráfego como uma alternativa à Av. Lúcio Costa, do Jardim Oceânico até o Golden Green. Por fim, a construção de uma rotatória na Ayrton Senna, na altura do Alfabarra, evitando que seja necessário percorrer mais de 300 metros em direção ao Recreio para fazer conversão — relatou. — Esse entendimento foi benéfico para todos nós. Com isso, também saímos ganhando.
Segundo Dumbrosck, o prefeito terá participação em uma reunião na Câmara Comunitária em 19 de maio.
Conforme um estudo conduzido pela equipe do vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que também esteve presente na audiência, a Barra da Tijuca deve receber entre 41.730 e 102.240 metros quadrados de área em novos empreendimentos imobiliários a partir do projeto em análise. Se considerados apenas imóveis residenciais, aponta, serão de 360 a 900 novas unidades habitacionais, ou de 900 a 2.300 novos residentes no bairro.
Para que a região esteja preparada para o cenário projetado e evite pressão sobre os serviços de mobilidade urbana, o estudo endossa a reivindicação dos moradores, sugerindo a implementação de melhorias no transporte local, como a extensão do metrô da Barra até o Terminal Alvorada, a introdução de VLT ou monotrilhos e a ampliação do transporte aquaviário no complexo lagunar.
— Achei a reunião bastante produtiva. Não percebi manifestantes radicalmente contrários ao projeto. Vi, de modo apropriado, residentes locais preocupados com as contramedidas que a Barra necessita, especialmente em relação à mobilidade. A Barra cresceu consideravelmente nos últimos 20 anos, sempre entre os três principais lançadores de empreendimentos imobiliários na cidade, e o investimento em infraestrutura não acompanhou esse crescimento. Promessas feitas há muito neste sentido, como a da Via Parque, ainda não se concretizaram. Nesse sentido, sugeri durante a audiência que os recursos do Fundo de Mobilidade sejam priorizados nas áreas onde mais residenciais são lançados, as quais necessitam urgentemente de obras de mobilidade — ressaltou o parlamentar.
A audiência pública realizada na quarta-feira também contou com a presença de Pedro Paulo de Oliveira, presidente do Vasco da Gama, e dos vereadores Eliseu Kessler (MDB), Teresa Bergher (PSDB), Zico (PSD), Márcio Ribeiro (PSD) e Marcelo Arar (AGIR). Entre os moradores presentes estavam Maria Lúcia Mascarenhas, diretora da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca e moradora no Itanhangá; Ricardo Nogueira, da Associação de Moradores e Amigos do Pedra de Itaúna; e a produtora cultural Valéria Wright, fundadora do Bloco das Divas.
Áreas impactadas
O projeto de lei determina que o aproveitamento construtivo de São Januário a ser transferido para outras áreas totaliza 197 mil metros quadrados. Na Barra, vias como as ruas Maurício Silva Teles e Professor Maurice Assuf, e as avenidas das Américas, Prefeito Dulcídio Cardoso, Lucio Costa, Eugênio Lyra Netto, Mario Veiga de Almeida, Luis Carlos Prestes, Ayrton Senna, João Cabral de Mello Neto, Engenheiro Cezar Hermano Jordão Freire, Ministro Afrânio Costa e Salvador Allende estão incluídas no projeto como potenciais receptores.
Autódromo
A reunião também abordou o Projeto de Lei Complementar (PLC) 162/2024, que prevê a criação do Autódromo Parque de Guaratiba, nos moldes do antigo autódromo de Jacarepaguá. Nesse caso, soluções voltadas para a mobilidade também foram apresentadas.
— No caso específico de Guaratiba, o projeto da Transoeste prevê uma derivação da calha atual do BRT para atender especificamente ao empreendimento do autódromo — explicou Jorge Luiz Arraes.
Fonte: O Globo