Ana Coelho iniciou suas aulas de natação aos 8 anos em uma academia em São Pedro da Aldeia (RJ), enquanto seus pais treinavam. Em apenas quatro meses, já estava participando de festivais nas piscinas da Região dos Lagos, se apaixonando pela emoção de vencer.
A mudança para águas abertas quase não aconteceu, pois a garotinha ficava assustada ao ver pescadores voltando da praia com baldes de caranguejos. Mas aos 11 anos, ela criou coragem e adaptou-se aos desafios do mar, sob a orientação do treinador Felipe Pereira, ex-atleta de maratonas aquáticas. Em março de 2024, fez sua estreia na nova modalidade e logo se destacou nos pódios, afirmando: “Sou do mar”.
Por ser tão jovem, Ana enfrenta dificuldades para obter a autorização da organização das competições em águas abertas. Crianças da sua idade competem em distâncias de até 500 metros, mas ela não se intimida e compete contra adversárias mais velhas em provas que vão de 750 metros a 2 km. Já nadou duas vezes no mesmo dia, conquistando o 1º lugar geral feminino nos 750m e o 3º lugar na prova de 1,5 km.
Certa vez, enquanto competia nas águas escuras de São Pedro da Aldeia, Ana ficou apreensiva ao não avistar suas concorrentes. Um piloto de jet ski apareceu para acalmá-la, dizendo: “Tranquila! Ninguém está perto porque você está disparada em 1º lugar”. Com o passar dos treinos, ela intensifica a distância das suas provas, buscando manter ou diminuir seus tempos. Quando perguntam se todo esse esforço vale a pena, ela responde com sorriso: “Eu sou feliz no pódio”.
A rotina da Ana é intensa, com dois períodos de treino diário voltados para sua performance. De 7h às 8h30, ela nada até 5 km nas águas frias da praia do Forte, em Cabo Frio. À tarde, mantém os treinos na piscina do clube Gaivota, que fica pertinho de casa, em São Pedro da Aldeia. Devido a sua distância de 140 km do Rio de Janeiro, a nadadora, que compete pelo Vasco, só consegue treinar com a equipe uma vez por semana no parque aquático de São Januário.
Ainda sem patrocinadores individuais, Ana conta com o apoio financeiro da família, que acompanha de perto cada movimento da filha. O desenvolvimento da atleta é monitorado por uma equipe multidisciplinar que conta com treinadores, preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas. Além disso, precisam investir constantemente em equipamentos, suplementos, espaços de treino, inscrições em competições, entre outros, tudo para garantir que a menina continue vibrando nos pódios.
A inspiração de Ana vem de outra Ana, que possui 20 anos a mais e é um ícone: Ana Marcela Cunha, a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro olímpica (Tóquio 2020). A grande campeã começou a nadar na creche aos 2 anos. Com 8, já se destacava nas águas abertas e nas provas de longa distância em piscinas. Aos 14, integrou a seleção brasileira. Sua estreia olímpica foi aos 16 anos, onde impressionou com um 5º lugar nos 10 km da maratona aquática em Pequim 2008.
É impossível não traçar um paralelo entre os inícios precoces das duas atletas e vislumbrar a potencial o surgimento de uma futura medalhista olímpica. O sonho de Ana Coelho é claro: “Chegar nas Olimpíadas e ganhar o ouro”, revelou em uma recente entrevista ao canal Litoral News Play.
Ana, fã, e Ana, ídola, poderão se encontrar nas areias de Copacabana na etapa mais tradicional do circuito Rei e Rainha do Mar, programada para o dia 8 de dezembro. Antes disso, a pequena prodígio terá três compromissos. Ela representará o Vasco no 8º Circuito Celebridades Mirim e Petiz, que ocorrerá na piscina de 50m do Fluminense, de 8 a 10 de novembro. No dia 24, espera brilhar novamente na praia de Camboinhas, em Niterói, no Life220. Por fim, participará do Campeonato Estadual Mirim e Petiz de Verão em São Januário, de 5 a 8 de dezembro.
Em 2025, Ana Coelho enfrentará novos desafios em sua longa trajetória rumo ao sonho olímpico. Nas provas de piscina, ela subirá para a categoria Infantil e já busca patrocinadores para garantir sua participação em todas as etapas do Campeonato Brasileiro Interclubes de Águas Abertas e se destacar para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Fonte: Casaca