O Vasco se reuniu com representantes governamentais e membros das comunidades próximas a São Januário na tarde desta quinta-feira para discutir uma ação conjunta com o objetivo de reverter a interdição do estádio para o público. Uma medida já em andamento, de acordo com o clube, é a preparação das catracas do estádio para a instalação de sistemas de biometria e reconhecimento facial.
A principal estratégia do Vasco é tentar convencer o Ministério Público a finalizar o processo. Estão em curso conversas com o órgão para a elaboração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Uma das solicitações foi a introdução de um sistema de reconhecimento na entrada do estádio.
O presidente do Conselho Deliberativo do clube afirmou que o clube já está preparando as catracas para receber a tecnologia.
– Hoje colocamo-nos como pioneiros. Vocês tiveram acesso ao estádio. As catracas estão sendo preparadas para biometria e reconhecimento facial. Obviamente, não será um processo simples que será resolvido amanhã. Nós e o Ministério Público sabemos disso. O movimento que fizemos para o MP foi: estamos agindo, não prometendo. Portanto, acreditamos e esperamos que, isentos de preconceito, o Ministério Público possa avaliar conosco e chegar a um acordo conosco para que possamos ajustar nosso comportamento e chegar a um acordo para a reabertura de São Januário – considerou.
Gisele Cabrera, diretora jurídica do Vasco, reforçou que já havia um plano para a implementação dessa tecnologia, mesmo antes do processo movido pela Justiça.
– O Vasco já tinha um plano de implementar isso, independentemente dessa Ação Civil Pública. Precisamos evoluir com o tempo. Era um plano e, obviamente, com essa ação, se tornou mais urgente. Temos capacidade. A Emply, nossa nova empresa de acesso, consegue realizar a biometria digital e facial, que é até mais eficiente. Estamos prontos para assinar o TAC com o Ministério Público.
Encontro e manifesto
O encontro contou com a participação de líderes do clube social e SAF, além de políticos locais favoráveis à causa, representantes das favelas e membros de torcidas organizadas.
O encontro ocorreu um dia após uma audiência no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) confirmar a proibição de público em São Januário. O Vasco recorrerá da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
– Decidimos um conjunto de ações. Serão lideradas pelo Clube de Regatas Vasco da Gama e SAF. Em conjunto com os torcedores e líderes comunitários do nosso entorno – disse o vice-presidente geral do clube Carlos Osório.
O clube também divulgou um manifesto oficial no qual atribui a proibição de torcedores nos estádios ao preconceito com a região onde o estádio está localizado, na zona norte da cidade.
– O Vasco é o único clube, entre os 20 que disputam a principal competição nacional, a estar impedido de realizar partidas em sua casa, ao lado de sua torcida, por uma decisão que vai além dos aspectos esportivos e do regulamento da competição – diz um trecho do documento.
Impacto na região
Vânia Rodrigues, presidente da associação de moradores da Barreira do Vasco, relatou as dificuldades enfrentadas pelos moradores das favelas devido à ausência de público e, consequentemente, de clientes para os diversos estabelecimentos comerciais, que sustentam a economia da região.
– Peço que olhem com carinho não apenas para o clube e a Barreira do Vasco. Mas que vejam como o Vasco sofre dessa forma. O Vasco cresceu ao lado da Barreira e esse elo não pode ser quebrado – afirmou Vaninha, presidente da associação de moradores da Barreira do Vasco.
Fonte: ge