O futebolista que lidera o time do Vasco na Copa São Paulo, Lucas Eduardo, divulgou uma carta neste domingo após o time ser eliminado do torneio. Durante uma entrevista ao SporTV, o atleta lamentou que tenha sido atacado por uma garrafa e revelou ter sido vítima de racismo.
Ele relatou que durante a entrevista, pôde ouvir gritos de “macaco” vindos da torcida.
Mais tarde, o Vasco também se manifestou, repudiando o ocorrido em uma nota publicada nas redes sociais do clube.
“O Vasco da Gama condena veementemente as agressões sofridas por Lucas Eduardo e está tomando as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis. Atos violentos e criminosos como este não serão tolerados e serão combatidos com rigor”.
O Vasco da Gama condena veementemente as agressões sofridas por Lucas Eduardo e está tomando as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis. Atos violentos e criminosos como este não serão tolerados e serão combatidos com rigor.#VascoDaGama pic.twitter.com/ayhxqhqvF6
— Vasco da Gama (@VascodaGama) 14 de janeiro de 2024
O Vasco da Gama condena veementemente as agressões sofridas por Lucas Eduardo e está tomando as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis. Atos violentos e criminosos como este não serão tolerados e serão combatidos com rigor.#VascoDaGama pic.twitter.com/ayhxqhqvF6
Leia a declaração de Lucas Eduardo:
“Por Lucas Eduardo,
Quero começar este texto pedindo desculpas aos torcedores do Vasco. Sei o quanto as derrotas os afetam e o quanto dói. Sou um jovem jogador em busca do meu sonho, atuando em um clube Gigante do nosso futebol e sei o quão honrado sou por estar aqui. Portanto, a maneira como fomos eliminados pelo Vitória, na Copa São Paulo, me dói muito.
No entanto, infelizmente, não estou aqui apenas para expressar minha dor pelo que aconteceu em campo.
Cada vez mais, esquecemos que o futebol é alegria, é família e é a oportunidade de viver intensamente a paixão por um time do coração. Para mim, como atleta, é o sonho e a mais concreta possibilidade de mudar a história e o destino da minha família.
Mas, esses valores estão se perdendo diante do cenário desumano, da falta de respeito.
No mesmo dia 13 de janeiro de 2024, o dia em que completei 20 anos e que deveria ter sido perfeito, senti vergonha, medo e decepção por estar presente neste cenário dos meus sonhos, o estádio de futebol.
Ao final da partida, alguns “torcedores” lançaram uma garrafa em minha direção enquanto eu concedia uma entrevista para explicar o infeliz resultado. Ao mesmo tempo em que falava, ouvia também gritos como: “macaco”.
No dia que deveria ter sido perfeito, o respeito e a alegria perderam para a violência e o ódio. E desta vez aconteceu comigo.
Neste dia, houve gritos racistas e um objeto atirado em mim. Se isso já me assustou, fico a pensar: qual será o próximo episódio trágico para que isso acabe?
Isso é inaceitável. O futebol não pode ser usado como desculpa para que esses criminosos se sintam livres para praticar suas intolerâncias. Até quando? Por fim, faço questão de dizer: o Vasco é Gigante, com uma história linda de pioneirismo na luta pelo respeito. Para ser torcedor deste clube, é preciso compreender esse valor. Acima de tudo, respeito a todos, independentemente de raça, opção e/ou religião.
O dia não foi perfeito. A marca desse dia estará presente em todos os dias da minha vida. A partir de agora, o sentimento que carregarei é: o sonho não acabou, a dor de hoje será a conquista de amanhã.
Obrigado,
Lucas Eduardo
13 de janeiro de 2024
Guarulhos, SP, Brasil”
Fonte: ge