Neste sábado, os sócios do Vasco vão eleger o próximo presidente do clube para o triênio 2024-2026. Leven Siano e Pedrinho são os dois candidatos que disputam a eleição. O ge teve um bate-papo com ambos.
A conversa com Leven foi ao vivo na tarde de sexta-feira, direto do estúdio do ge. Pedrinho também estava convidado e chegou a confirmar presença. No entanto, na quarta-feira, sua assessoria de imprensa cancelou a participação alegando “imprevisto na agenda”.
Entre outros temas, o postulante da chapa “Somamos” abordou como planeja se relacionar com a 777, a possibilidade de revisão dos contratos e os planos para o clube associativo e São Januário. Além disso, ele revelou que convidou José Hamilton Mandarino, ex-vice de futebol na gestão de Roberto Dinamite, para ocupar a segunda cadeira no Conselho de Administração da SAF, caso vença as eleições. Abaixo estão os principais tópicos, mas você pode conferir a entrevista completa no vídeo acima.
Início do jogo da relação com a 777
– Acredito que avaliar o que está errado e elaborar um planejamento estratégico. É o que o Vasco e, na verdade, o futebol brasileiro, precisam. Precisamos nos unir, e esse encontro deve ser entre acionistas. Lúcio Barbosa é o CEO, porém ele é um empregado, um funcionário da Vasco SAF. Então precisamos nos reunir com a 777 e fazer com que eles compreendam que as coisas não estão funcionando. Eles precisam se envolver mais. No Botafogo, por exemplo, é possível identificar o acionista majoritário, ele é conhecido. Com a 777 isso não ocorre. Ou eles nos capacitam para assumir esse papel, caso prefiram permanecer mais tempo nos Estados Unidos, ou designam alguém para ter mais ação aqui. Está faltando essa pessoa de contato diário.
– O começo da partida com a 777 é fazer com que eles entendam que a transparência é essencial. Isso proporcionará credibilidade junto ao torcedor, que atualmente se distancia por ter perdido confiança. O Vasco já teve mais de 180 mil sócios e agora possui 40 mil.
Revisão de acordos e possibilidade de rompimento
– Esta pode ser uma consequência possível da mediação do conflito. Pode ocorrer, mas não é nossa meta. Nossa intenção é buscar um espaço de mediação e, se necessário, revisar o contrato. O contrato foi elaborado de forma que a contrapartida para a venda do futebol seja acabar com o clube associativo? O clube não pode ser sufocado pela venda do futebol. Atualmente, não sabemos se podemos usar nossa marca para expandir as Casas Vasco, que seriam franquias para os torcedores fora do Rio de Janeiro. Não sabemos se podemos utilizar essa marca Vasco. Não sabemos se podemos receber royalties de camisas de basquete, remo… Acredito que tenha sido um erro estratégico. O contrato não deveria ter sido assinado da forma como foi, com cláusulas de confidencialidade. Sou advogado e sei disso.
– O sócio estatutário é coproprietário da SAF. Até poderia haver uma cláusula de confidencialidade em relação à imprensa e ao público, mas nunca em relação aos sócios estatutários, porque eles são donos. Todo sócio estatutário deveria ter acesso ao contrato na íntegra. E pretendemos corrigir esse erro histórico. Não é um processo de ruptura ou afastamento, mas sim um processo de busca por lisura no processo.
Estratégia de jogo
– A estratégia de jogo deve começar estabelecendo objetivos. Quais são os nossos objetivos para 2024, 2025, para os próximos cinco anos? O que pretendemos financeiramente, socialmente e esportivamente? Isso não tem ocorrido. O Vasco tem sido administrado de forma pouco planejada. As coisas vão acontecendo, e o Vasco vai reagindo. Portanto, pretendemos pensar e refletir, algo que não tem acontecido. Vejo o Vasco como uma caravela no meio do oceano. Pode vir um vento positivo, mas não ajudará o Vasco, pois o clube não sabe onde está e o que quer.
São Januário
– Temos dois projetos para São Januário, um de uma grande empresa sueca e outro da construtora de estádios Populous. A Populous tem mais de três mil projetos de estádios e arenas assinados no mundo, e foi responsável pela Arena das Dunas, pela revitalização do estádio de Wembley, estádio da Luz, estádio Emirates, estádio do Monterrey e estádio do Tottenham. É muito interessante o Vasco ter a Populous como parceira, é uma marca reconhecida mundialmente. Com um estádio assinado por uma empresa renomada, consegue-se um valor maior nos direitos de nomeação. O ideal seria submeter a votação livre dos vascaínos para escolher o projeto de sua preferência.
Particularmente, gosto bastante do projeto da Populous, que possui o formato da caravela São Gabriel, considero icônico, será um ponto turístico na cidade, possui total viabilidade, não é muito mais caro que isso. O financiamento de um estádio não é um grande problema, não é barato, mas se paga com a venda antecipada de camarotes, cadeiras cativas, direitos de nomeação e agora também com a transferência de potencial construtivo. Não é o design que fará o Vasco perder o potencial construtivo. É uma alternativa de financiamento bem inteligente, reconheço que é um bom feito dessa gestão. Mas não considero correto fazer uma escolha política sobre o design do estádio. É uma obra que durará mais de 100 anos, é o design que o vascaíno democraticamente julgar melhor para o futuro do Vasco.
Relacionamento com o investidor
– Vamos administrar com criatividade, inteligência, sempre com a necessidade de proporcionar segurança e estabilidade nas negociações, institucionalmente para o clube. Certamente, conflitos podem surgir e vamos tentar mediá-los de modo a fazer com que todos compreendam que, no final, os interesses podem convergir, e é isso que quero trazer para o Vasco. Essa experiência dessa capacidade de conseguir mediar esses conflitos e buscar interesses convergentes. A 777 investiu, mas não quer obter retorno? Não quer melhorar o ativo? Não quer que o clube gere resultados financeiros positivos? Precisamos gerar um processo de confiança.
– Não será fácil, mas são desafios que um presidente do Vasco associativo deve enfrentar, acabar com o conformismo. Não vejo o Vasco adotar uma postura de cobrança sobre o que foi combinado. Como o Vasco chegou a um transfer ban? Fazer com que eles compreendam que não estamos ali para criar rupturas, mas sim para buscar convergência, desde que eles compreendam que também temos o que colaborar. Para eles, o Vasco é apenas mais um negócio, mas para nós não, o Vasco é o nosso amor, algo que desejamos ver prosperar e saudável.
Fonte: ge