– O Vasco carrega em seu DNA a criação de talentos da base, e sabíamos que era necessário injetar uma dose de energia no grupo, contando com a disposição e a vontade dos jovens jogadores. Com a chegada do Pedrinho e do Felipe, ídolos que tanto fizeram pelo Vasco, essa chama se reacendeu, reforçando o potencial que os garotos queriam demonstrar. Optei por colocá-los em campo ciente dos desafios, mas confiante em seu potencial. Estávamos tranquilos, pois os conheço bem e sempre mostraram grande talento. Estou extremamente feliz pelo desempenho, pelos gols marcados e pela competência demonstrada – enfatizou Paiva.
Devido à sua experiência como treinador da equipe Sub-20, Paiva já tinha familiaridade com os jovens jogadores e justificou sua decisão de escalá-los, mesmo reconhecendo os riscos envolvidos. Sua abordagem foi pautada em transmitir coragem e confiança aos atletas emergentes:
– Temos um grupo talentoso, sempre ressaltei isso, sempre trabalhamos arduamente. Os resultados demoraram a aparecer, mas jamais perdemos a fé. Hoje conseguimos colocar em prática nosso estilo de jogo, mantendo a posse de bola, pressionando, executando aquilo em que acreditamos. Foi um dia de conquistas, agora precisamos manter esse ritmo. A pressão faz com que o receio de errar aumente. Nosso foco foi justamente encorajá-los a arriscar, a ter confiança para jogar e a se empenhar para obter êxito. Somente os atletas poderiam alterar nossa situação, então meu papel foi incentivá-los, promover essa atmosfera de confiança para que possam arriscar e trabalhar em busca do sucesso.
Confira outras declarações da coletiva:
Promessas da base vascaína
– A base tem o papel fundamental de preparar jovens para o profissional, auxiliando-os na contribuição efetiva ao time principal. Estrella é um jogador extremamente talentoso, com um histórico de destaque nas categorias de base, desde o Sub-17 até o Sub-20, apesar de ter sofrido com lesões que prejudicaram seu progresso no ano passado. Ele possui maturidade para atuar e um estilo de jogo ofensivo, e encontrava-se confiante para a partida. Já Leandrinho foi promovido à equipe principal, marcou gols no Carioca e enfrentou uma transição desafiadora, perdendo espaço momentaneamente.
– Originalmente escalado para o Sub-20, iria disputar a partida contra o Boavista, mas foi chamado para integrar o elenco do profissional devido à suspensão de Victor Luis. Leandrinho já demonstrou sua resiliência ao retornar ao Sub-20 e depois ao time principal. Ele possui um grande potencial. JP, por sua vez, tem uma trajetória mais longa no clube, mantendo-se em atividade e apresentando evolução constante. Contamos com outros talentos em nosso elenco, como Luis, um zagueiro canhoto com vigor e técnica que logo terá a oportunidade de se destacar. O Vasco possui vários jogadores talentosos prontos para despontar no time principal.
Preparação para a virada
– Tivemos apenas um dia para nos preparar (risos). A ênfase estava em acreditar, em ter a coragem de agir. Sabíamos que enfrentaríamos críticas iniciais, pois a torcida estava descontente com os resultados recentes. Era nossa responsabilidade conquistar o apoio dos torcedores. Decidimos ousar, jogar com riscos. Cometemos erros na saída de bola, poderíamos ter sofrido um gol e ser alvo de críticas. Mas é essa mentalidade que faz a diferença, que impulsiona o Vasco a subir na tabela. Precisamos estar sempre no limite do erro. E se errássemos, teríamos que tentar novamente. Se quisermos vencer, devemos manter a posse de bola, finalizar mais vezes no gol, estar mais agressivos. Essa mentalidade deve ser mantida. O resultado não está em nossas mãos, mas o que mostramos em campo está sob nosso controle, e vamos cobrar isso deles.
Vegetti como capitão
– Acredito que temos diversas lideranças no elenco. Leo foi capitão por um longo período, assim como Maicon, Jardim e Vegetti. Esses jogadores sempre assumem a responsabilidade. Vegetti é um exemplo de dedicação e era exatamente o que necessitávamos para esta partida: um guerreiro determinado. Ele se incomoda com as derrotas e essa insatisfação o impulsionou a desempenhar de forma excepcional. Tivemos várias lideranças positivas em campo. Leo não atuou, mas sua presença foi constante e fundamental. São essas lideranças que nos farão evoluir.
Repercussão das vaias da torcida
– Os jogadores estavam, de fato, sob pressão. A torcida tem todo o direito de protestar de forma pacífica. Os atletas sentem a pressão e isso é legítimo. A atmosfera de São Januário é única e faz diferença. Sabíamos que jogaríamos sob vaias, sendo cobrados o tempo todo. Contudo, tivemos a coragem necessária para fazer as coisas acontecerem. O Vasco precisa ser protagonista em casa, e é isso que vai definir nosso futuro. Hoje demos uma resposta e precisamos manter esse padrão de atuação. Sentimos falta do apoio da torcida, mas estamos avançando um passo de cada vez. Hoje conseguimos responder em campo e agora vamos nos preparar para enfrentar o Bahia.
Perspectivas de assumir efetivamente o cargo de treinador
– Não posso afirmar com certeza. Sou imensamente grato ao Vasco pela oportunidade que me concedeu. Os quatro jogos foram intensos e agregaram muito à minha carreira. A transição da base para o profissional é desafiadora, muitas vezes somos rotulados como técnicos de base. Mas para mim, futebol é futebol, independentemente da categoria ou idade dos jogadores. Subi do Sub-20 para o time principal enfrentando dúvidas sobre minha capacidade. Estou disposto a treinar em qualquer categoria, seja no Sub-20, profissional ou Sub-17. A decisão não cabe somente a mim, mas estou sempre pronto para contribuir quando o Vasco precisar.
Titularidade de João Victor
– João é um zagueiro extremamente talentoso, veloz e ágil. Além disso, é um jogador muito competitivo, determinado a vencer. Essas características estavam em alta demanda hoje. João correspondeu às expectativas, entregando o que sabemos que ele é capaz. Quando o placar estava 1 a 0 para o São Paulo, ele fez um desarme decisivo que poderia ter resultado no segundo gol dos adversários. Ele possui muita qualidade e potencial, precisando apenas de confiança e de partidas desse nível para consolidar sua posição. A estratégia envolvia utilizar um jogador veloz, pressionando mais adiante, mantendo a linha defensiva alta para conter jogadas em profundidade. João executou tudo isso com maestria hoje, realizando uma grande atuação.
Conversa no vestiário
– Tivemos várias conversas. O ponto amplo é que conheço esses jogadores. Sempre salientamos o quão talentoso é esse grupo, dotado de qualidade. Sabíamos que poderíamos apresentar um jogo mais propositivo, com menos espaço para contra-ataques adversários. A postura defensiva precisava ser mais agressiva. O São Paulo é uma equipe de alto nível, e esperávamos que tentassem quebrar nossa pressão. Estudamos minuciosamente o adversário, transmitimos essas informações aos jogadores e incentivamos sua atitude. Em alguns momentos, não conseguimos concluir as jogadas com eficácia. Contudo, os jogadores mostraram garra, conseguimos empatar, virar o jogo, contagiando uns aos outros. Agora, precisamos manter essa resposta.
Valorização de técnicos das categorias de base
– Há inúmeros treinadores com potencial nas categorias de base. O futebol brasileiro evoluiu muito nesse aspecto. Por muito tempo fomos questionados pela falta de estudo e organização em comparação a técnicos estrangeiros. Os profissionais do país têm um nível elevado, especialmente devido ao trabalho dos treinadores da base. A transição para o profissional, no entanto, é desafiadora. Embora essa realidade esteja se transformando, ainda há uma percepção distinta em relação aos treinadores jovens, à torcida e à diretoria. Enfrentamos pressão e precisamos conquistar respeito com base em resultados. Há excelentes treinadores no Brasil, e as categorias de base possuem visibilidade semelhante à dos profissionais, com jogos televisionados e grande conhecimento por parte dos torcedores. Devemos batalhar intensamente. Fico contente ao ver colegas como Fabio Mathias, que conquistou seu espaço, assim como Jardine, bicampeão no México, e Felipe Leal, ex-integrante da seleção sub-17. Muitos treinadores de destaque tiveram que sair do país para obter reconhecimento. Estamos em meio a uma luta constante. É gratificante testemunhar a ascensão de amigos e companheiros de profissão e dedicarei esforços para que outros também se destaquem.
Reconhecimento da torcida
– É extremamente gratificante ser valorizado pela torcida, pois isso reflete nosso desempenho em campo. Acredito em um estilo de jogo agressivo, que busca o limite do erro. Fico feliz por termos honrado isso durante a partida de hoje. O destaque aos jovens talentos da base foi uma constante, e o trabalho realizado em todas as categorias de formação do Vasco está prestes a render frutos. Rodrigo Dias tem desempenhado um excelente trabalho nas categorias de base do clube, e esse reconhecimento da torcida é um reflexo do que estamos construindo.
Fonte: ge