Ramón Díaz será o responsável por comandar o Vasco no restante de 2023. O treinador argentino terá como meta imediata livrar o time do rebaixamento no Brasileirão e, com o tempo, montar uma base para o futuro. O ge buscou entender como foram os últimos trabalhos do comandante e como ele pode agregar nesse momento do clube.
O trabalho mais recente de Ramón Díaz foi no Al-Hilal, da Arábia Saudita, quando foi vice-campeão mundial neste ano. Na semifinal, inclusive, o time saudita venceu por 3 a 2 e eliminou o Flamengo, mas acabou sendo derrotado para o Real Madrid na decisão.
Além da última temporada, Ramón já havia comandado o clube saudita entre 2016 e 2018. Por lá, além de bicampeão nacional e da Copa da Arábia Saudita, o argentino chegou a duas finais da Liga dos Campeões Asiática, mas perdeu ambas para o Urawa Reds, do Japão.
– Ramón Diaz é um dos melhores treinadores estrangeiros da história do Al-Hilal. Ele só precisava da Liga dos Campeões da Ásia para ser o maior. O que o distingue é a proximidade com os jogadores. Às vezes é criticado por ter algum descontrole no vestiário e na parte física, mas é um técnico competente e escreveu uma grande história na Arábia Saudita – explicou Ahmed Ragab, jornalista que cobre o futebol saudita.
Ramón conseguiu lidar com problemas físicos nesta última passagem pelo Al-Hilal. Mesmo com jogadores lesionados e sem poder para contratar – clube foi punido com transferban durante duas janelas de transferências -, conseguiu brigar por títulos e montou um time competitivo e ofensivo, sempre com duas opções pelas pontas.
– A forma de jogar era com um atacante, que era o Ighalo, e atrás dele Marega, na ala direita, e Salem Al-Dawsarina, na ala esquerda. Às vezes Michael atuava como ponta-direita e jogou muito bem durante o período que o treinador esteve lá. O esquema que ele jogava era o 4-2-3-1 – concluiu Ahmed.
Antes do trabalho na Arábia Saudita, o treinador fez história no futebol do seu país. Na Argentina, Ramón é considerado um dos melhores treinadores, além de ser um dos mais vencedores. Pelo River, foi seis vezes campeão argentino, além de ter conquistado a Libertadores e a Supercopa. Também conquistou um título nacional com o San Lorenzo.
– Díaz é um dos treinadores mais emblemáticos do futebol argentino nos últimos 30 anos. Seu nome na época (final da década de 1990) soava forte como possível candidato a dirigir a seleção argentina, embora nunca tenha sido escolhido. Respeitado e admirado pelos torcedores do River pelas suas conquistas e forma de jogar – comentou o jornalista argentino Nicolás Distasio.
Ramón era o treinador do River quando Juninho fez o gol de falta ”monumental” que coroou o título da Libertadores de 1998 do Vasco.
Com vínculo até 2024 com o Vasco, o treinador terá como missão imediata formar a identidade do time e sair da zona de rebaixamento. Ele tem 24 rodadas pela frente.
– As equipes de Ramón Díaz são ofensivas. Gostam do jogo de ataque, equipes ágeis, velocidade no ritmo de jogo e precisão na movimentação da bola. Pode ter diferentes sistemas de jogo preparados, embora seu favorito na Argentina tenha sido o 4-3-1-2 e também usou o 3-4-1-2 com sucesso – explicou Nicolás, que completou:
– É um treinador carismático, de personalidade forte, conceitos simples e uma boa abordagem ao jogador.
A pegada ofensiva é justamente um dos principais desafios do treinador no Vasco. O clube tem o pior ataque da Série A, com apenas 11 gols em 14 partidas, e perdeu seu artilheiro na temporada: Pedro Raul foi negociado com o Toluca, do México. Sobre o modo de atacar, Nicolás ressalta:
– Tem preferência por atacar pelas laterais e ter sempre uma referência dentro da área do adversário. A opção por esse 9 não precisa ser necessariamente um jogador parado dentro da área, mas um que saiba jogar dentro dela e estar entre os zagueiros rivais.
Na Argentina, Ramón também trabalhou em outros dois grandes clubes: San Lorenzo, onde deixou uma grande imagem sendo campeão nacional, e no Independiente, quando saiu sem conquistar títulos.
Outra etapa importante na vida do treinador foi no Paraguai, tanto no comando da seleção nacional (2014 a 2016) como também do Libertad (2020), um dos três maiores times do país. Entretanto, não foi uma unanimidade em nenhuma das duas passagens.
No Libertad, Ramón enfrentou os problemas do início da pandemia de Covid-19 e permaneceu pouco mais de nove meses na equipe de Assunção. Na sequência de 2020, Díaz chegou a ser anunciado como técnico do Botafogo, entretanto, por problemas de saúde, teve o contrato rescindido antes mesmo de assumir.
O treinador assumiu a seleção paraguaia em dezembro de 2014 com o objetivo de garantir vaga na Copa da Rússia. Porém, pediu demissão após ser eliminado ainda na fase de grupos da Copa América de 2016. Na campanha da edição anterior, chegou até a semifinal, eliminando o Brasil nas quartas.
– (A passagem) aqui foi muito ruim. Gerenciou um grande plantel do Libertad, um dos melhores dos últimos anos. Jogava em um 4-4-2 ou 4-4-1-1. Apostava em dois volantes centrais fixos e dois extremos – analisou o jornalista paraguaio Fede Villalba, que concluiu:
– Foi um pouco melhor na Seleção, mas também não deixou muito futebolisticamente. Muitos aqui no Paraguai acreditavam que chegaríamos à Copa do Mundo de 2018 com ele se não tivesse pedido demissão. Seu trabalho era baseado mais na motivação do que em qualquer outra coisa.
Fonte: Globo Esporte
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