Álvaro Pacheco está programado para chegar ao Rio de Janeiro neste domingo a fim de finalizar sua negociação com o Vasco. Esta marcará sua estreia em terras estrangeiras aos 52 anos de idade. Antes de sua chegada, muito pouco se conhecia (ou ainda se conhece) sobre o treinador, além de seu excelente desempenho no Vizela, conquistando a promoção da terceira para a primeira divisão em Portugal, e uma temporada bem-sucedida no Vitória de Guimarães.
Aqueles que tiveram contato com ele garantem que Álvaro possui o perfil ideal para o Vasco e apostam em seu sucesso no clube de São Januário. Esse é o caso de Cassiano.
O atacante brasileiro tem propriedade para tecer elogios a Álvaro Pacheco. Aos 34 anos, o ex- jogador de equipes como Internacional, Goiás e Paysandu é uma espécie de braço direito do treinador, com quem trabalhou no Vizela e no Estoril (sua atual equipe). Em Portugal, é dito que eles possuem uma relação paterno-filial.
– Ele é sensacional – elogia o atacante brasileiro em entrevista ao portal esportivo ge.
– Quando nos conhecemos, ele estava no Vizela, subindo da terceira para a segunda divisão, e eu estava no Boavista, na primeira. Ele queria que eu fosse para o Vizela, e eu relutava bastante (risos). Eu nem sabia da existência do clube – relembra.
– No final, decidi aceitar. Foi a melhor decisão da minha vida – concluiu.
A amizade entre Cassiano e Álvaro Pacheco não se escreve, sente-se 🧢
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Cassiano ingressou no Vizela em 2020 e viveu sua segunda melhor temporada em termos de gols sob o comando de Álvaro Pacheco. Foram 16 gols em 36 jogos na campanha que culminou na promoção do clube para a primeira divisão – sendo superado apenas pelos 20 gols que marcou pelo Paysandu em 2018, antes de se transferir para a China.
Em 2022, o atacante foi transferido ao Al-Faisaly, na Arábia Saudita, mas retornou a Portugal pouco mais de três meses depois para jogar no Estoril. No clube, reencontrou Álvaro Pacheco, contratado em junho de 2023.
– Ele me ligou no dia do meu aniversário (16/06), me parabenizou e disse que assinaria com o Estoril: “Eu quero que você fique”. Eu já estava negociando para retornar à Arábia. Porém, conversamos, e permaneci por causa dele.
A relação dos dois é tão boa que Cassiano até “roubou” o boné do treinador, sua marca registrada, em duas ocasiões: uma no Vizela e outra ao marcar seu primeiro gol pelo Estoril (confira no vídeo da matéria).
Chapéus há muitos, mas como este 😂#sporttvportugal #TAÇAnaSPORTTV #estoril #paçosdeferreira #Cassiano pic.twitter.com/vEM7r5vMoH
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– Eu dei uma entrevista no Vizela, interagindo com a torcida. Uma pessoa sugeriu: “No próximo jogo, você vai marcar o gol e tirar o boné do Álvaro”. Respondi: “Não, vou causar polêmica” (risos). Mas guardei para mim. Aí fui lá, marquei o gol e o tirei. Isso repercutiu muito em Portugal – recorda o atacante, ressaltando que Álvaro entrou na brincadeira:
– Ele gosta, é bem-humorado.
“No treino ele é outra pessoa”
Álvaro Pacheco parece ser exatamente como Cassiano descreve: um treinador com postura paterna, que domina o vestiário e mantém uma relação próxima com os jogadores. Porém, não é moleza trabalhar sob seu comando.
– Quando o conheci, parecia um senhor tranquilo, amigável. Mas, durante o treino, ele se transforma, irmão. É grito, cobrança, intensidade, uma correria o tempo todo, uma loucura, mas uma loucura positiva – relata Cassiano.
– Após o treino, cessa o Álvaro técnico, e entra o Álvaro pai. Brinca com todo mundo. O melhor ambiente que experimentei em toda a minha carreira foi com ele – acrescenta o atacante.
Cassiano é amigo de Rossi, atacante do Vasco. Ambos jogaram juntos no Goiás e no Al-Faisaly.
– Já avisei a ele (Rossi): “Cara, se prepara, o homem vai chegar cobrando logo de cara (risos)”. E ele respondeu: “Estamos precisando, manda ele vir”.
Cassiano também acredita que evoluiu substancialmente durante o tempo em que trabalhou com Álvaro, que teve uma carreira como atacante, atuando em equipes modestas, na maioria das vezes em ligas semiprofissionais de Portugal.
Como treinador, estreou em 2018 – são apenas seis anos de experiência nessa função até o momento. Entretanto, dedicou uma década ao estudo e à participação em comissões técnicas antes de sentir-se preparado para assumir o comando de equipes.
– Ele me auxiliou muito na minha movimentação dentro da área. Por eu ter iniciado como extremo e depois me tornar centroavante, mantinha características de extremo, entendes? Ficava afastado da área, mais distante do gol. Ele dizia: “Não, tem que se posicionar mais central, fazer movimentação, marcação…” – relata o brasileiro, que na temporada anterior à chegada ao Vizela, no Boavista, havia marcado apenas dois gols.
– Antes, eu apenas jogava, sacou? Com ele, não. Aprendi muito sobre tática, pressão, movimentação. E o elenco já estava entrosado, o que facilitou a assimilação do seu estilo de jogo.
Com a identidade do Vasco
Álvaro Pacheco chega ao Rio de Janeiro hoje à tarde, e o clube analisará se ele terá condições de comandar a equipe na próxima terça-feira, contra o Fortaleza, no confronto de volta da terceira fase da Copa do Brasil.
O português vinha realizando um bom trabalho no Vitória de Guimarães, clube que, diferentemente das equipes por onde passou, está entre as grandes do futebol português e conta com uma enorme torcida. Sob seu comando, o Vitória encerrará o Campeonato Português na quinta posição, garantindo vaga na Liga Conferência.
À beira do gramado, a equipe conquistou uma vitória sobre o Arouca na última rodada, sábado, atingindo 63 pontos, sua maior pontuação na história do Campeonato Português – até então, as melhores campanhas da equipe foram em 1995/96 e 2016/17, com 62 pontos.
– Acredito que ele trará grande contribuição ao Vasco – afirma Cassiano, respaldando sua opinião logo em seguida:
– No Vizela, no início da segunda liga, tínhamos um zagueiro muito talentoso, mas cometia erros recorrentes, como expulsões. Em determinado momento, Álvaro o repreendeu severamente no vestiário. A partir daí, o jogador decolou, sendo vendido ao final da temporada. Já no Estoril, no começo da última temporada, experimentamos a mesma situação com o nosso lateral-esquerdo (Tiago Araújo). Iniciou bem, mas ao enfrentar dificuldades, Álvaro foi duro com ele na frente de todos. No princípio, ele ficou abatido, mas logo se recuperou e passou a receber propostas de diversos clubes. Ele tem essa capacidade de lidar com os atletas.
– É seu jeito, entende? – prossegue o atacante brasileiro.
– Ele cobra com rigor, mas em seguida abraça como um filho, mantendo uma relação agradável no cotidiano. Isso é muito benéfico. Ele sabe quando é o momento certo para isso. Não irá cobrar de repente, após um jogo ruim, não. Ele identifica quando o jogador está apto para evoluir e não o faz por fazer, ele intervém. Por isso, acredito que ele terá muito êxito no Vasco, pois terá jogadores de qualidade sob seu comando. Com seu jeito, fará com que eles alcancem seu melhor desempenho, como ele mesmo diz (risos).
No Estoril, o breve trabalho de Álvaro Pacheco apresentou três triunfos, um empate e quatro derrotas em oito partidas. Cassiano explica o motivo.
– No Estoril, temos um grupo bastante jovem, com média de idade entre 22 e 23 anos. Muitos jogadores emprestados de grandes clubes. Assim que Álvaro chegou, começou a impor-se, alguns se assustaram, compreendes? Mas é seu modo de ser. Eu não me surpreendia, pois já o conhecia. Aqueles que não estavam familiarizados acharam estranho e se desorientaram.
– Na verdade, creio que o Estoril não se alinha com a identidade de Álvaro, como ocorre com o Vitória e, em breve, com o Vasco.
Fonte: ge
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