Na Série A, o Bahia é o único que ficou de fora dessa festa. O Palmeiras entrou nesse elenco nesta temporada, com a chegada do Sportingbet, embora já tivesse uma bet em sua camisa feminina do ano passado.
Somando os valores divulgados pela imprensa nos acordos, o total já ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão, e esse número pode ser ainda maior dependendo dos resultados que cada clube alcançará. Apenas Palmeiras, Flamengo e Corinthians representam mais de R$ 300 milhões desse montante.
Na Série B, entre os 20 clubes, oito não têm contratos com casas de apostas. O Amazonas não renovou com a Reals, que estampava seu uniforme na temporada passada, enquanto o América-MG optou por não continuar com a Estrela Bet, mas já está em negociações com outra casa. O Athletico-PR era parceiro da Esportes da Sorte, mas rompeu o vínculo em outubro de 2024 em meio a controvérsias. Avaí, Athletic, CRB e Cuiabá completam a lista de times da Segundona fora do jogo de apostas.
José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados e ex-assessor do Ministério da Fazenda em 2023, destacou que não existe outro setor com tanto capital disponível para o futebol.
“Não há outro ramo com a capacidade e o interesse de investir tanto em patrocínios no esporte como as empresas de apostas”, afirmou.
Raphael Paçó Barbieri, advogado especializado em direito desportivo e sócio do CCLA Advogados, concorda e acrescenta que a regulamentação a partir de 2025 deverá trazer mais controle sobre os patrocinadores.
“O espaço das bets nos patrocínios esportivos desempenha um papel essencial nas receitas dos clubes. Com a regulamentação, a expectativa é que esse mercado fique mais segmentado, sério e transparente, criando um cenário ainda mais favorável para esses investimentos”, completou.
Os proprietários das casas de apostas também veem no futebol uma chance única de conectar sua visibilidade ao negócio. Muitos acreditam que essa injeção de recursos está impulsionando os altos números que estão sendo movimentados nesta janela.
“O efeito positivo que as empresas de apostas têm causado no futebol nacional e internacional é inegável. No Brasil, por exemplo, o investimento dos clubes aumentou, a qualidade das contratações melhorou, e tudo isso se reflete em campo e na relação com os torcedores. Na Europa, essa prática é ainda mais consolidada, uma vez que muitos países já estão regulamentados há mais tempo. O futebol por lá também se fortalece com as bets”, destaca Vinicius Nogueira, CEO da BETesporte, empresa que patrocina os concorrentes Vila Nova e Goiás.
“Temos um enorme orgulho em contribuir para o crescimento do maior esporte do país e buscamos fortalecer ainda mais o futebol brasileiro. Celebramos o nosso papel de destaque e desejamos que nossa marca cresça junto com os times que apoiamos”, disse Talita Lacerda, CEO da 7k, que patrocina o Vitória e o Mirassol.
“É um movimento natural do futebol ao redor do mundo. Os torcedores estão acostumados a se divertir com as apostas esportivas, e as empresas se aproximam naturalmente do seu público através dessa paixão. No Brasil, é a mesma história; as bets têm elevado o crescimento do futebol brasileiro, e nós, da Reals, temos orgulho da nossa parceria com o Coritiba, renovada até 2025. Queremos realizar muitas ações para estreitar ainda mais a conexão do torcedor com o clube e com nossa marca”, analisa Rafael Borges, Country Manager da Reals, empresa que ocupa o espaço máster no Coritiba, o maior da história do clube.
Na Europa, as casas de apostas também estão presentes, embora com algumas restrições, como a da Premier League, que barrará patrocinadores desse tipo a partir de 2026.
Em agosto deste ano, a bet365 se tornou patrocinadora da Champions League, sendo a primeira empresa do setor a patrocinar essa competição. Também a UEFA Europa League e a UEFA Conference League firmaram parcerias com esse segmento, mas com a Kaizen Gaming, que detém as marcas Betano e Stoiximan, já patrocinadoras dos campeonatos locais na Grécia e Chipre. Vale lembrar que a Betano foi a patrocinadora global da Euro 2024.
Fonte: Coluna Danilo Lavieri – UOL
Escreva seu comentário