— Atualmente, tenho três restaurantes de comida japonesa. O primeiro foi inaugurado há 10 anos, junto com amigos de infância em Curitiba, e o segundo e o terceiro estão prestes a completar entre oito e nove anos. Não tenho certeza se esse será meu caminho, por isso deixo as portas abertas e estou explorando diferentes áreas, buscando novas experiências e vendo o que realmente me atrai— pontuou.
O ex-jogador planeja abrir um quarto restaurante no final do ano. Paralelamente, está prestes a se formar em administração e vem se especializando em assuntos imobiliários, além de temas relacionados à sustentabilidade e inovação. Apesar de tudo isso, Pedro Ken também considera a possibilidade de retornar ao futebol no futuro.
— É algo que me dói deixar para trás. É triste não estar mais nesse meio, depois de viver tantas experiências. O futebol está sempre aberto. Existem muitas funções que eu poderia ocupar, seja em clubes ou fora deles.
— Estou motivado a aprender. Este é um novo momento na minha vida, onde preciso decidir o que vou fazer, como se estivesse prestes a escolher uma grade curricular novamente. Mas, com a segurança que tive graças ao sucesso na primeira fase da minha carreira, posso tomar decisões mais tranquilas. Resta aguardar o que o futuro me reserva— finalizou.
Pedro Ken no restaurante de comida japonesa que comanda em Curitiba — Foto: Arquivo Pessoal
A trajetória no futebol
Como atleta, Pedro Ken teve passagens marcantes por Coritiba, Cruzeiro, Vitória, Vasco, Ceará e Operário-PR. Ele também atuou no Avaí, Juventude e na Rússia. Ao todo, foram 520 partidas disputadas, sendo que uma lesão no ligamento do joelho e um caso de doping no Ceará são lembrados por ele como os maiores percalços da carreira.
- Coritiba: 168 jogos
- Cruzeiro: 29 jogos
- Avaí: 26 jogos
- Vitória: 79 jogos
- Vasco: 87 jogos
- Terek Grozny: 6 jogos
- Ceará: 74 jogos
- Juventude: 9 jogos
- Operário: 42 jogos
No Ceará, ele foi suspenso por seis meses pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, devido ao uso de anastrozol antes da partida contra o Santa Cruz, em 26 de setembro de 2017, pela Série B.
— Foi o segundo pior momento da minha carreira. O primeiro foi no Coritiba, quando rompi o ligamento cruzado após um período muito feliz, conquistando dois títulos.
A defesa do atleta argumentou que houve contaminação cruzada, e o tribunal do Ministério do Esporte reconheceu essa possibilidade.
— Sempre agi com profissionalismo e me empenhei para estar 100%. Consultava um médico fora do clube, que me receitou alguns suplementos, mas a farmácia mandou um lote contaminado. Descobri após analisar todos os produtos. Acabei cumprindo seis meses de punição, mas isso era o mínimo na época— revelou ao ge.
— O pessoal do Ceará foi muito solidário, me ajudaram durante o processo, com advogado e tudo o que precisei. Foi uma pena leve, mas mais um desafio na carreira. Após quatro meses, já pude treinar, mas a sensação é que você fica isolado do clube— explica.
— Para um jogador de futebol, seis meses é um tempão. É muito tempo considerando uma carreira de 10 ou 15 anos. Para quem tem 30 ou 40 anos em uma profissão comum, seis meses eventualmente não representa tanto. Para nós, no futebol, é tempo demais e injusto— completou.
O “Piá do Couto”
A jornada de Pedro Ken começou no futsal da escola em Curitiba. Ele se destacou em competições da Federação de Futsal e foi chamado para testes no Coritiba, onde vestiu a camisa do clube pela primeira vez aos nove anos, ainda na categoria infantil.
Ken chegou ao time principal em 2006, e seu primeiro gol como profissional foi em um clássico contra o Paraná Clube.
— Era meu segundo ou terceiro jogo como titular e, ao marcar, tinha toda minha família e amigos presentes. O sonho de criança se concretizando, foi uma explosão de alegria e felicidade — recorda Pedro Ken.
— O Coritiba foi fundamental na minha formação como atleta e como pessoa. Convivi com muitas pessoas incríveis, fiz amigos para a vida toda e tive a oportunidade de conviver com ídolos como Krüger, que me acompanhou desde a base e viu meu crescimento no clube. Para mim, ele é o maior ídolo da história do Coritiba — destaca.
Longe de casa
Em 2010, Pedro Ken deixou a capital paranaense para atuar no Cruzeiro. Com a Raposa, ele marcou apenas quatro gols, sendo dois na Libertadores.
— Tive o privilégio de viver toda a minha formação no futsal na minha cidade, cercado pela minha família e amigos, no clube que torcia. Eu conhecia todos e, ao deixar essa zona de conforto, fui para um grande clube, que na época era vice-campeão da Libertadores. Encontrei uma equipe forte, com muitas estrelas do futebol brasileiro — conta.
— A diferença foi enorme. Eu não estava preparado. Foi uma mudança radical, mas que foi positiva e uma experiência incrível que marcou o início de uma nova fase na minha carreira.
Em 2011, Pedro foi emprestado para o Avaí e, em 2012, transferiu-se para o Vitória, clube que ainda guarda carinho. Posteriormente, passou duas temporadas no Vasco, retornando ao Vitória em 2015.
— Me identifiquei muito com o Vitória, principalmente na Bahia. Em 2015, perdi meu pai devido a um câncer. Recebi todo apoio do clube e da torcida. Eu era o capitão do time e conseguimos fazer uma campanha incrível. Esse clube realmente deixou uma marca na minha vida — conta.
No Vasco, um dos jogos mais memoráveis foi contra o Coritiba, onde deu seus primeiros passos.
— Foi um jogo no Couto Pereira, Coritiba e Vasco pela Série A, e era Dia dos Pais. Meu pai e meu avô estavam na arquibancada. Vencemos por 1 a 0, com um gol meu. Fui meio perdido, não sabia como comemorar, acabei dando uma trotada contida, mas sem abrir os braços, em respeito — descreve.
— Lembro que o Alex era o capitão do Coritiba e sempre foi um ídolo para mim e para todos da minha geração. O capitão do Vasco era Juninho Pernambucano, outro grande nome do nosso futebol. Fazer um gol nesse jogo, diante de tanta história, da minha família e no Dia dos Pais, foi um momento inesquecível na minha trajetória — concluiu.
Pedro Ken no Vasco — Foto: Alexandre Cassiano
A decisão de parar
Após mais de 15 anos de carreira profissional, Pedro Ken enfrentou lesões que começaram a ser um fardo enquanto atuava pelo Operário-PR. Ele percebeu que não conseguia manter o mesmo ritmo e, somado ao fato de que sua noiva morava em Salvador, levou-o a decidir que era hora de parar.
— Queria aproveitar a vida fora do futebol e foi isso que fiz durante meu período sabático. Pude viajar, encontrar amigos e familiares, ter finais de semana livres, algo que antes era complicado. Até que fisicamente e psicologicamente poderia ter jogado mais, mas não me arrependo de ter parado. Fiz uma pausa na hora certa, em um bom momento da minha vida— avaliou.
— Não tenho arrependimentos. Queria parar por decisão própria e não porque alguém me afastou. É sempre melhor decidir a hora de parar do que ser descartado— .
Fonte: ge