– A Cruz de Malta é uma representação mais forte para ele do que o próprio Vasco. As histórias dos dois se entrelaçam. Dizem que é impossível ver uma camiseta do Vasco e não lembrar do meu pai – compartilhou Vasco Macedo Gonçalves. Devido à sua grande paixão, Herb fez questão de homenagear o clube, inclusive nomeando um de seus três filhos em referência a ele. O torcedor residia em Lavras da Mangabeira, município do interior do Ceará, com pouco mais de 30 mil habitantes.
Vasco e Herb em São Januário — Foto: Arquivo pessoalA comovente saga de Vasco foi compartilhada por sua namorada, Sara, no Twitter: “Ele e o pai eram inseparáveis amigos e os maiores apoiadores do Vasco desta localidade”, escreveu ela, com o intuito de alegrar um pouco o parceiro às vésperas do Dia dos Namorados. O médico, que hoje tem 25 anos, nasceu em 3 de dezembro de 1998.
– Um ano magnífico para os vascaínos e para meu pai. Ele me colocava para dormir ao som do hino do Vasco.
Vasco nasceu em 1998, ano do título da Libertadores — Foto: Arquivo pessoalHerb foi casado duas vezes. Do primeiro casamento, nasceu Victor, que inicialmente deveria ser chamado de Roberto Dinamite, o maior ídolo de seu pai. A mãe não concordou. Porém, Herb persistiu no plano e convenceu sua segunda esposa, Georgia.
– Eu disse a ela que não era em referência ao time, mas sim ao navegador – relatou Vasco. A artimanha funcionou na época, porém todos tinham consciência de que Herb estava mentindo. Ele inclusive ressaltou isso em uma declaração ao perfil do estádio de São Januário no Twitter: “Esse nome não foi escolhido em homenagem ao navegador, foi em honra a essa grandiosidade, ao Gigante da Colina”, afirmou ele no vídeo (veja acima). O vascaíno teve ainda uma terceira filha.
– Ele queria que ela se chamasse Maria da Cruz de Malta ou Lavras da Mangabeira, que eram as duas paixões dele. Minha mãe não aceitou. Ele decidiu colocar Virna, que era jogadora de vôlei do Vasco. Depois ele ficou muito chateado, pois ela foi para o Flamengo – recorda o filho.
Vasco, Herb, Georgia e Virna em São Januário — Foto: Arquivo pessoalO pai de Vasco partiu cedo devido a um infarto, porém realizou o maior desejo de sua vida: conhecer São Januário. A visita ao estádio ocorreu em 2022 e foi memorável. Herb fez uma tatuagem, chorou e até mesmo experimentou a grama do campo. Tudo isso na presença de sua família.
– Ao completar 50 anos, ele disse que iria se presentear, que não poderia partir sem visitar o estádio. Fomos para o Rio e reservamos um dia para o Vasco. Ele sequer gostava de tatuagens, porém viu uma reportagem no Globo Esporte sobre o Studio da Colina, e ambos fizemos uma tatuagem do Vasco. Até minha mãe se deixou influenciar e tatuou uma Cruz de Malta no ombro – revela o vascaíno, que prossegue:
– Percorremos o tour, e ao adentrarmos, ambos choramos ao passar por todos os setores do estádio. No campo, ele ficou extasiado, pegou um pouco de grama e provou. Só depois de visitarmos São Januário é que fomos ao Cristo Redentor.
Herb tatuou o escudo do Vasco no braço esquerdo — Foto: Arquivo pessoal
Herb com a estátua de Roberto Dinamite, seu maior ídolo — Foto: Arquivo pessoalVasco, Herb, Georgia e Virna estiveram presentes na partida em que o Vasco venceu o Brusque por 2 a 0, com dois gols de Nenê, pela Série B, em 26 de maio de 2022.
– Chegamos às 8h em São Januário, estádio fechado, e ficamos perambulando pois ele desejava conhecer os arredores e sentir tudo. Posteriormente, fomos à Mega Loja. Ele contraiu uma grande dívida (risos), parcelada em 10 vezes. Comprou tudo o que pôde, presenteou cada um com uma camiseta, transformou todos nós em sócios – relembra Vasco.
Vasco posou com a camisa do clube para as fotos do convite de formatura — Foto: Arquivo pessoalAs lembranças dessa viagem auxiliam Vasco a lidar com a ausência de Herb (veja vídeo no início da matéria). Porém, nos dias de jogos do time, a saudade aperta e ele se sente conectado ao pai.
– O Vasco é o principal vínculo entre meu pai e eu. Éramos muito próximos, jogávamos juntos, videogame… Quando eu morava longe, mantínhamos contato regularmente, apenas para checar se estava tudo bem. Porém, nos dias de jogo do Vasco, as conversas eram extensas, falávamos sobre todos os lances, assim foram os últimos 15 anos da minha vida – destaca ele.
– Por isso, após sua partida, assisto aos jogos e sinto esse vazio. De onde quer que ele esteja, tenho a certeza de que, se for possível, ele está acompanhando também. Sei que não teremos mais trocas de mensagens, porém sinto que ele está comigo em cada partida. Percebo sua presença – conclui Vasco.
Fonte: ge
