A hipotética transação desperta preocupações no grupo oposicionista do Palmeiras, que se posiciona por meio de comunicado manifestando receios quanto a um possível novo conflito de interesses relacionado à mandatária alviverde.
Leila Pereira, por sua vez, procurada pela reportagem por intermédio de sua assessoria pessoal, reitera que exerce a presidência do Palmeiras e se ocupa exclusivamente de temas relacionados ao clube.
Leila Pereira e José Roberto Lamacchia recebem o avião — Foto: Thiago FerriEla está em Nova York, onde Lamacchia se encontra atualmente, mas conforme a assessoria, sua estadia é motivada por questões pessoais, em virtude da interrupção do Campeonato Brasileiro, que ocasionou o adiamento de duas rodadas da Série A, incluindo o confronto contra o Criciúma, que estava programado para o domingo.
A líder chegou a rebater a possibilidade de investimento em uma SAF vinculada ao Vasco durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 22 de abril.
Leila Pereira assegura não estar pessoalmente envolvida na negociação, a qual é conduzida por Lamacchia com a assistência de seu próprio assessor jurídico. A empresa envolvida na transação poderia ser até mesmo outra empresa do conglomerado Crefisa, como a Crefipar Participações e Empreendimentos.
A companhia, aliás, está em fase de negociação de valores e contratou uma due diligence em fevereiro, a fim de avaliar os riscos ligados à 777. Lamacchia, membro do Conselho Deliberativo do Palmeiras, negou veementemente a negociação em contato com a ESPN.
– Não tenho absolutamente nada a ver com isso! Não estou realizando nenhum negócio (com o Vasco). Tenho um apartamento em Nova Iorque há 10 anos. Não me incomode com isso.
O grupo oposicionista se manifestou por meio do Palmeiras Avante, movimento criado visando às eleições presidenciais do clube, programadas para o final do ano, externando preocupações e apontando um “preocupante capítulo dos conflitos de interesse”.
– Consideramos essa atitude totalmente imprópria e surpreendente – afirmou Roberto Silva, integrante do Conselho de Orientação e Fiscalização do clube (COF).
– Exigimos que nossos dirigentes priorizem os interesses do Palmeiras, e não de outros clubes, em primeiro lugar. Vamos nos posicionar de forma incisiva, até mesmo junto ao Conselho Deliberativo e ao COF, caso essa movimentação seja confirmada. Os sócios e torcedores demandam e merecem ter conhecimento preciso do que está ocorrendo – concluiu.
A oposição tem criticado frequentemente Leila Pereira em função de sua condição de presidente, patrocinadora, responsável pela aeronave da Placar Linhas Aéreas – que realiza viagens para a equipe – e detentora da concessão da Arena Barueri, segunda casa do time quando o Allianz Parque não pode receber partidas.
O Conselho Deliberativo, por sinal, tem uma reunião ordinária agendada para junho, ainda sem data confirmada, para debater questões como a readequação do calendário, devido à suspensão de duas rodadas do Brasileirão. A temática sobre a SAF Vasco ainda não está em pauta, conforme informou o presidente do Conselho, Alcyr Ramos da Silva Junior.
Leia na íntegra o comunicado
Palmeiras Avante: possível aquisição da SAF do Vasco preocupa oposição, que demanda devoção exclusiva dos gestores ao clube
O Palmeiras Avante, movimento criado pela oposição visando às eleições presidenciais do clube, previstas para novembro, observa com grande apreensão o novo e alarmante episódio de conflitos de interesse envolvendo a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e sua empresa, a Crefisa. Conforme relatado pela imprensa nesta sexta-feira, a empresa está em negociações avançadas para a aquisição de 70% da SAF do Vasco, uma equipe brasileira que disputa competições com o Palmeiras.
Este é mais um exemplo que evidencia que o Palmeiras não é a única prioridade da atual gestão. No momento, por meio de suas empresas, a presidente acumula as funções de patrocinadora, credora, prestadora de serviços de transporte aéreo e detentora da concessão para exploração de um estádio de futebol (Barueri). Tais circunstâncias levantam diversas dúvidas sobre governança e conformidade no clube, bem como sobre como a administração atual agirá quando os interesses do clube e das empresas da presidente não estiverem alinhados.
Reportagens da ge e UOL ressaltaram que a Crefisa está negociando a aquisição do Vasco da Gama, com o proprietário da empresa, que também é conselheiro do Palmeiras e marido de Leila Pereira, viajando para os Estados Unidos para tratar dos detalhes. É fundamental destacar que a presidente do Palmeiras também esteve em Nova York no último final de semana, enquanto o clube disputava jogos importantes no Brasil. O Palmeiras Avante entende que as implicações dessa possível transação são profundas, especialmente considerando que a promessa de Leila Pereira de se afastar dos negócios da Crefisa para se dedicar integralmente ao Palmeiras não foi cumprida.
Há um ponto crítico nesse debate relacionado à auditoria encomendada por Leila Pereira para o Palmeiras. Seu resultado nunca foi divulgado, sequer para o COF, e é válido lembrar que houve e continua havendo represálias a conselheiros que requisitaram maior transparência.
Estamos presenciando uma sequência de atitudes preocupantes que demandam vigilância constante e requisitam respostas claras e transparentes de Leila Pereira e da Crefisa. A falta de transparência e os evidentes conflitos de interesse representam ameaças ao Palmeiras, afastam possíveis investimentos de outras empresas e são prejudiciais ao clube, que precisa modernizar os mecanismos de fiscalização da gestão. Os órgãos do clube, tal como o COF e o Conselho, não podem se omitir diante desse cenário – enfatizou Roberto Silva.
Fonte: ge
