Nas últimas três partidas, Emerson foi peça fundamental no time titular, e está escalado para a partida desta quarta-feira contra o Athletico, que será a volta das quartas de final da Copa do Brasil. O apito soa na Ligga Arena às 21h30 (horário de Brasília).
– Não é segredo que minha família é apaixonada pelo Brasil, justamente por causa do meu nome. Todos na minha família torcem fervorosamente para o Brasil, e todos os meus primos e irmãos têm nomes brasileiros – compartilhou Emerson Rodríguez durante sua apresentação, em julho.
E não exagerou quando disse “todos”.
William Rodríguez, pai de Emerson, e seus irmãos sempre foram cativados pela arte do futebol brasileiro e foram tocados pelas seleções que participaram das Copas de 1982 e 1986. “Na nossa vizinhança, a gente se apresentava como brasileiros quando jogávamos bola, imitando o estilo de jogo daí”, recordou ele em uma conversa com o ge.
O amor pelo país do futebol é tão grande que ele e os irmãos fizeram um pacto: todos os homens da família nascidos dali por diante teriam o nome de algum jogador brasileiro, independente da época. Os “Rodriguez” já estão na segunda geração assim, cumprindo à risca o que foi combinado.
Alguns dos nomes que homenageiam ídolos do futebol brasileiro na família são:
- Éder Aleyson Rodríguez, irmão de Emerson
- Carlos Denílson Rodríguez, irmão
- Aldair Rodríguez, irmão
- Javier Romário Rodríguez, primo
- Ricardo Rodríguez, primo (homenagem ao Kaká)
- Neymar Rodríguez, primo
- Thiago Viera, primo (homenagem ao Thiago Silva)
- Éder Matheus Rodríguez, sobrinho
- Roberto Viera, primo (homenagem ao Roberto Dinamite)
- Ronaldo Rodríguez, sobrinho
- Edgar Falcão Rodríguez, primo
- Maicon Viera, sobrinho
“Desde a infância, temos uma admiração enorme pelo futebol brasileiro”, afirmou William.
– Nós somos brasileiros. Quando a nossa seleção enfrenta a Colômbia, nós aqui em casa vibramos pelo Brasil, fazemos festa como se estivéssemos em um estádio. Somos brasileiros, e estamos sentindo a pressão do momento da nossa seleção – acrescentou.
William, o pai do atacante do Vasco, interrompeu a conversa mais de uma vez para lembrar de mais um membro da família que também tem nome de jogador brasileiro: “Tem o Romário, primo do Emerson, quase esqueci”. A única certeza ao final da entrevista é que ele não conseguiu lembrar de todos.
William mencionou uma vez que brigou com a filha quando ela insinuou que não daria continuidade ao pacto familiar, pois não queria nomear seus filhos com nomes de jogadores brasileiros. Ele pode ter perdido essa disputa, mas não ficou chateado.
“Ele está com outra atitude”
Emerson Rodríguez está vivendo o sonho dele e da família vestindo a camisa do Vasco. Até agora, já participou de oito partidas e marcou um gol. Ele está emprestado pelo Inter Miami, dos Estados Unidos, até junho do ano que vem, com uma opção de compra fixada no contrato.
“Ele vai lutar para que o comprem, vai fazer de tudo para aproveitar essa chance”, assegurou o pai.
– Alguns meses atrás, no Millonarios, ele estava cabisbaixo e desanimado. Agora, está feliz e com outra energia. Desde pequeno, construímos um ambiente em que dizíamos que nosso futebol é o Brasil. Acredito que a palavra tem um grande poder – completou.
Natural de uma área desfavorecida de Buenaventura, um distrito a aproximadamente 115 quilômetros de Cali, Emerson é de uma família “futeboleira”, como o pai se refere. Contudo, ele é o primeiro dos Rodríguez a atingir o status de jogador profissional.
O atacante ágil, que é habilidoso nos dribles e se sente confortável em um confronto um contra um, foi formado nas categorias de base do Millonarios e ganhou destaque no time principal a partir de 2020, sob a orientação do técnico Alberto Gamero. O início foi tão promissor que, no ano seguinte, ele foi convocado pela primeira vez para a seleção colombiana, sob o comando de Reinaldo Rueda.
Em 2022, 80% de seus direitos foram adquiridos pelo Inter Miami. O pai não ficou contente com essa decisão, acreditando que houve desavenças com o antigo empresário.
– Todo mundo fica feliz por jogar em um clube internacional, seja pelo lado financeiro ou pela visibilidade. Tínhamos grandes expectativas, mas eu não concordava com a sua ida para Miami, pois disse ao representante que não queria que ele fosse para lá, pois não tem o mesmo nível do Brasil, por exemplo. Contudo, ao focar apenas no dinheiro, ele o levou para lá. Para mim, isso foi muito desagradável – lamentou.
– Nós não estamos nessa apenas pelo dinheiro.
Na sua primeira temporada pelo Inter Miami, Emerson esteve em 25 jogos, mas apenas quatro como titular. Depois, foi emprestado para o Santos Laguna, no México. Como estava fora dos planos da equipe americana no início deste ano, ele voltou ao Millonarios por empréstimo – ele, inclusive, deu a assistência para o gol da equipe colombiana no empate em 1 a 1 com o Flamengo na fase de grupos da Libertadores (veja abaixo).
Com os frutos do futebol, Emerson comprou uma casa em Cali e levou os pais de Buenaventura. Eles estavam em casa quando souberam que o Vasco estava interessado em contratá-lo. Emerson foi representado nessa negociação por outra pessoa, uma empresária, e tudo foi muito rápido. O atacante estava ansioso para vir ao Brasil e defender o Vasco.
– Minha família escolheu nomes de jogadores brasileiros para mim porque adoram o futebol bonito, e agora estão felizes com o Vasco por abrirem as portas para mim – afirmou em sua apresentação.
Fonte: ge