Na segunda reportagem da série sobre os dois anos da SAF do Vasco, detalhamos os investimentos feitos pelos dirigentes em cada janela. Desde Paulo Bracks com a 777 até Marcelo Sant’Ana com Pedrinho, passando também por Alexandre Mattos e Pedro Martins.
Última janela
Com Pedrinho no comando do futebol, o Vasco teve uma abordagem diferente nessa janela. Não havia expectativa de grandes investimentos, então o foco era repatriar Philippe Coutinho a qualquer custo. E foi bem-sucedido: a torcida finalmente viu o retorno do jogador que tanto sonhava. Além dele, o Vasco contratou Alex Teixeira e Souza.
Entretanto, o clube ainda precisava de reforços nas pontas, especialmente após a lesão de Adson, e na zaga. Emerson Rodríguez foi contratado por Pedro Martins, mas nenhum zagueiro foi contratado durante essa gestão.
Início do ano: grandes expectativas e a janela mais cara da SAF
Em 2024, o Vasco teve sua janela de transferências mais cara até então. Com a expectativa de um grande investimento da 777 e a presença de Alexandre Mattos, o clube gastou cerca de R$ 120 milhões em nove contratações. Já no segundo semestre, sem a expectativa de grandes investimentos devido ao afastamento da sócia anterior, o clube gastou R$ 20 milhões na janela de meio de ano, com Pedrinho no comando do futebol.
Nacionalidade dos reforços contratados pelo Vasco na era SAF — Foto: ge
Alguns dos investimentos feitos por Mattos estão entre as contratações mais caras da SAF do Vasco, como João Victor (1º), Adson (2º), Sforza (3º) e Clayton Silva (5º) – veja o ranking no final do artigo. O dirigente foi demitido após apenas 100 dias no cargo, devido a quebra de confiança e vazamento de informações.
Um padrão nas contratações feitas por Mattos foi a preferência por jogadores com uma média de idade em torno de 26 anos. O Vasco apostou em jogadores com experiência no futebol brasileiro, como David, Victor Luís e Paulo Henrique, além de jogadores que estavam sem espaço na Europa, como João Victor e Adson. Sforza foi uma aposta visando uma possível revenda, enquanto Galdames e Rojas foram trazidos para completar o elenco.
Hugo Moura, o décimo reforço da janela inicial do ano, foi contratado por Ramón Díaz e Lúcio Barbosa, durante um período em que o Vasco ficou sem um diretor esportivo. Mattos também foi responsável por contratar Paulo Henrique em definitivo e por renovar o empréstimo de Praxedes.
Reforços Vasco 2024 — Foto: Arte GE
Bracks e a aposta em jovens para reformular o elenco na Série B
A segunda janela mais cara da era SAF do Vasco foi a primeira com a 777 no controle desde o início. No primeiro semestre de 2023, houve uma reformulação completa no elenco vascaíno comandada por Paulo Bracks. O clube optou por contratar jovens jogadores com potencial de revenda, tanto do Brasil quanto de outros países da América do Sul, para a reconstrução após dois anos na Segunda Divisão.
Foram investidos R$ 116 milhões em 16 reforços contratados por Bracks na primeira janela. Alguns desses jogadores continuam sendo fundamentais na equipe até hoje, como Léo Jardim, Paulo Henrique e Lucas Piton, enquanto outros ainda fazem parte do elenco atual, como Léo, Puma Rodríguez e Jair. No entanto, as contratações de jogadores como Orellano, Pedro Raul e Capasso não tiveram o resultado esperado.
Antes disso, ainda na Série B, o Vasco adquiriu Palacios e Eguinaldo, também jovens jogadores, utilizando o dinheiro proveniente da venda para a 777 Partners, que concedeu um empréstimo-ponte. Ambos foram incluídos nessa análise porque exigiram a compra de seus direitos econômicos. A SAF efetivamente começou após o encerramento da 2ª janela em 2022.
A janela certeira e mais importante
Com o desempenho ruim em campo e o time afundado na zona de rebaixamento, o Vasco precisou corrigir o rumo na segunda janela de 2023. O clube buscou jogadores experientes que pudessem ser titulares. Maicon, Medel, Payet e Vegetti foram decisivos nesse processo, assim como Paulinho Paula, um dos jogadores com melhor custo-benefício na era SAF do Vasco.
A janela de meio de ano de 2023 foi a mais acertada para o Vasco. Vegetti, Payet e Paulinho conquistaram a torcida, enquanto Maicon e Medel trouxeram a experiência necessária dentro e fora de campo.
As contratações de Praxedes e Sebastián Ferreira diminuíram a média de idade do elenco, mas, comparando as duas janelas sob o comando de Bracks, o Vasco mudou de um time com uma média de idade de 24 anos para uma média próxima dos 30.
Após a permanência na Série A, Bracks foi demitido por não obter sucesso no planejamento esportivo, de acordo com a visão da 777 Partners e do ex-CEO Lúcio Barbosa. Apesar dos grandes investimentos, o Vasco lutou até a última rodada para escapar do rebaixamento.
Quem ficou e quem saiu?
Dos 44 reforços contratados nesse período, 27 ainda fazem parte do elenco atual do Vasco. Cinco foram emprestados para outros clubes: De Lucca (Ceará), Orellano (Cincinatti), Capasso (Nacional), Serginho (Criciúma) e Clayton Silva (Rio Ave). Outros oito jogadores não tiveram seus empréstimos renovados com o Vasco e partiram, enquanto quatro foram vendidos em definitivo. Destaque para Pedro Raul, que foi comprado por R$ 10 milhões e vendido por R$ 24 milhões sete meses depois.
Alguns jogadores sequer chegaram a atuar pelo Vasco, como o lateral-esquerdo Jefferson, que foi contratado no meio do ano passado, e Keiller, que está no atual elenco. Outros, como Rwan Cruz e Carabajal, tiveram pouquíssimos minutos em campo, 32 e 90, respectivamente.
Ao longo desses dois anos, o Vasco realizou boas vendas, com destaque para as transferências de Gabriel Pec, Marlon Gomes e Andrey Santos, todos formados em São Januário. O clube arrecadou cerca de R$ 230 milhões com todas as vendas.
Fonte: ge