A participação de oito grupos para a eleição do Vasco despertou interesse, mas até o dia da votação, em 11 de novembro, muitas coisas irão mudar. É provável que os grupos se reduzam e apenas poucos nomes sejam candidatos no dia da eleição. Existem diversas negociações em andamento sobre alianças, algumas delas em estágio avançado.
A eleição do Vasco será diferente este ano. O próximo presidente não terá controle sobre o futebol, mas terá voz ativa com 30% das ações e enfrentará desafios relevantes como a reforma de São Januário e a decisão de vender ou não 20% da SAF – por lei, o Vasco é obrigado a manter 10%.
No entanto, essa não será a única diferença em relação às eleições anteriores. Com uma campanha mais curta, com menos de um mês de duração, espera-se que a eleição seja menos hostil, com menos ataques pessoais. Políticos da situação e da oposição se uniram e entenderam que isso será benéfico para o Vasco.
“A política do Vasco foi longe demais nos últimos anos e todos os envolvidos saíram prejudicados” reconheceu uma figura importante do clube.
SAF e influência do futebol
Todos no clube concordam que a eleição girará em torno da SAF. Existem grupos que apoiam a boa relação com a 777 e outros que prometem abrir os contratos imediatamente, o que desagrada a empresa americana.
“Será uma espécie de referendo” disse outra fonte ao ge.
Essa será a pauta eleitoral, e o futebol desempenhará um papel importante. Se o time conseguir bons resultados nas próximas partidas, a aceitação em relação à SAF aumentará entre os sócios. No entanto, um mês de outubro ruim, com tropeços dentro de campo, tende a aumentar a rejeição. Alguns dizem, por exemplo, que o clássico contra o Flamengo, no dia 22 de outubro, será mais do que apenas uma partida de futebol e terá influência na eleição.
Grupos inscritos
- Resgatando o Vasco (candidato Léo Rodrigues)
- Sempre Vasco (candidato Pedrinho)
- Vasco da Gente (candidato Marcelo Borges)
- Nosso Vasco (candidato Fábio Nogueira)
- Somamos (candidato Leven Siano)
- Um Só Vasco (candidato Julio Brant)
- União Brasil Portugal (ainda não divulgou candidato)
- Ser Vasco (candidato Eduardo Cassiano)
Negociações e alianças
Com o presidente Jorge Salgado não tentando a reeleição, a situação está mais voltada para o nome de Júlio Brant. Júlio e Salgado não estão se comunicando, houve uma tentativa de se aproximarem, mas o presidente do Vasco não aceitou. No entanto, seus parceiros e os principais grupos que apoiaram a Mais Vasco (chapa de Salgado em 2020) estão apoiando o candidato, que pretende concorrer pela quarta vez seguida.
Brant trabalhou junto e é amigo de Lúcio Barbosa, CEO da SAF. Os dois se encontraram algumas vezes nos últimos meses.
No entanto, a candidatura de Júlio à presidência ainda não está confirmada, segundo aliados. A chapa “Um Só Vasco”, que tem Brant como candidato, tem tido frequentes reuniões com a Sempre Vasco para uma possível composição. O ex-jogador e comentarista Pedrinho é o candidato desse grupo.
Júlio e Pedrinho são amigos e conversaram sobre uma possível aliança. Para evitar desgastes, eles acharam melhor que seus pares e líderes de grupos conduzam as negociações. A Sempre Vasco, que tem Pedrinho como candidato, convidou Júlio Brant para ser vice-presidente, além de oferecer 60 cadeiras no Conselho Deliberativo. A chapa “Um Só Vasco” fez uma contraproposta, com Júlio como candidato à presidência e Pedrinho como vice. Sob qualquer cenário, ambos estariam no Conselho de Administração da SAF em caso de vitória na eleição.
No entanto, ainda não houve um acordo. Apesar das diferenças, a maioria dos políticos ouvidos pela reportagem acredita em uma possível composição.
“Concordamos em quase tudo. As chances de haver uma composição são grandes no momento.”
Ambos os grupos entendem que Pedrinho é uma “unanimidade entre os vascaínos”. Mas também há a preocupação de “queimar um ídolo”, assim como aconteceu com Roberto Dinamite, que foi amplamente criticado no fim de seu segundo mandato como presidente do Vasco.
As negociações estão em andamento. Alguns pontos sobre o contrato com a 777 estão em discussão, como os direitos dos sócios-estatutários. Resta saber se as partes entrarão em um acordo sobre um nome em comum e se alguém abrirá mão de sua candidatura. A boa relação entre Júlio Brant e Pedrinho tende a facilitar a aliança.
Outro nome alinhado com a situação é Fábio Nogueira, da chapa “Nosso Vasco”. Ele foi vice-presidente de Patrimônio na maior parte da gestão de Jorge Salgado, mas seu grupo (Petro Vasco) decidiu lançar sua própria candidatura.
Apoio a Leven cresce na oposição
Enquanto há negociações de um lado, a oposição também está se articulando. A entrada de Leven Siano na disputa eleitoral uniu grupos e há a possibilidade de alguns candidatos desistirem de suas campanhas para apoiá-lo. Leven, candidato em 2020, é considerado uma figura forte para o pleito.
Até o momento, três reuniões ocorreram entre Leven e possíveis aliados. Estavam presentes Euriquinho (Eurico Angelo Miranda), Eduardo Cassiano, Leonardo Rodrigues e Pedro Strozenberg.
Embora tenha registrado a chapa “Ser Vasco”, Eduardo Cassiano está aberto a alianças e muitos acreditam que ele apoiará Leven Siano. No entanto, o candidato afirmou que manterá firme sua candidatura e também teve conversas com Pedrinho. Com o discurso de união, ele afirma que buscará o melhor para o Vasco.
Leonardo Rodrigues e Pedro Strozenberg ainda não chegaram a um acordo, mas também devem apoiar Leven antes da votação. Caso isso não ocorra, um dos dois será candidato.
“Há um compromisso para tentar uma unidade na oposição” disse um político.
Marcelo Borges também é visto como um candidato de oposição. Até o momento, ele se mantém firme e pretende concorrer até o dia da eleição. No entanto, ele está em conversas com alguns nomes da oposição.
O que todos esses nomes têm em comum é a promessa de abrir os contratos com a 777 Partners e trazer mais transparência ao processo da SAF. Leven Siano, por exemplo, apoia a SAF, mas não nos moldes atuais.
Prazos
Após o encerramento do prazo de registros, os grupos têm pouco mais de duas semanas (o prazo final é 1 de novembro, 10 dias antes da eleição) para completar a inscrição, indicar os candidatos e apresentar a assinatura de todos os membros da chapa.
A chapa deve incluir 1 presidente, 1 1º vice-presidente geral, 1 2º vice-presidente geral, 1 presidente da Assembleia Geral, 1 vice-presidente da Assembleia Geral e 160 conselheiros (120 titulares e 40 suplentes).
6.209 associados poderão participar da eleição, que ocorrerá no dia 11 de novembro, entre 10h e 22h, de forma híbrida. Os sócios poderão votar online ou presencialmente na Sede do Calabouço.
Fonte: ge
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